Por Ronaldo Faria
Na passagem do passado, ultramarino
e largado, ladeado de tempos, temperos e prosa, vem do fundo a frase em grifo: “É
foda!” É foda seguir sem querer, ter que ir sem ter porque, caminhar até que o
corpo não possa tremer ou temer.
Na verborragia que se intromete
entre a sede e a orgia, picos de glicemia, os entreveros daqueles que versejam como
marinheiros sem porto ou canção. Moribundos senhores a quem se pede apenas a
pena a troçar e escrevinhar, aquém.
Na costa aonde a onda não
bate, a poesia que se traveste de azul e de verde para deixar a terra mais
viva. Para sorrir de soslaio para qualquer vida, dizer que não se fez aguerrida
apenas por ser. A somente crer e, quem sabe, até descrer.
Ser talvez um pedaço de atabaque
e tamborim, afoxé e até coisa chinfrim. Ou nada ser. Algo que parece prece e parafernália,
dessas que a gente quer somente um amor que se chame Amália. Quem sabe, no fim,
Amélia também valha.
E destemperar como louco ao ver
o tempero fazer da gororoba mais do que uma alucinógena sobra. Pedaço de
arquétipo milimétrico e aquiescente de toda uma vida. Sentimento alucinógeno de
bolhas, colarinhos e sabores mil.
Porque, enfim, no sempre fim que sempre há de se caminhar nas cruzes e obuses que varrem o chão, descer dias transversos. Como o aprendiz de poeta que passeia no passado e anseia a ceia de sexo, amor e tesão que dorme na criação.