Por Ronaldo Faria
Quem logo abaixo, no asfalto, visse os dois não saberia o que dizer ou falar. Afinal, o amor não tem fórmula ou forma precisas. É apenas um apêndice sem nexo ou lugar. De repente, chega feito um clima que surge na urbe, essa coisa defeituosa e gostosa, harmoniosa na laje ou a descer no chão. Pra manter a rima vale falar de popozão? Jonathan e Jennifer não estavam nem aí. Para eles bastava a escuridão do salão. Entre um amasso e outro, no gasto do fato que virá fátuo, iam ao universo que nem o melhor verso traduz ou a retórica dá. O desejo e o amor em flor têm apenas um sentido, uniforme e volátil. Na clarividência que mil goles dão, os dois se transbordam de volúpia e sofreguidão. Lá embaixo, na loucura que o asfalto traz e dá, iguais gostariam de viver uma realidade de se tocar em si. Logo acima, no céu repleto de estrelas, a ilusão sobressai feito centelha. Certamente, naquilo que a mente ainda consegue fazer brilhar, o beijo dos dois se esvai. No mundo que parece um istmo de poucos abrolhos, os olhos de quem lê não sabe o sentido da enorme imensidão.