Sem eixo, como um seixo no rio
que corre entre dois leitos, o homem rompe o hímen com sua língua que vocifera
à vida que ainda existe algo riste que resiste à febre e a cistite. Na noite
que brinca de frio e fobia, a fálica orgia solitária se desdobra nas dobras que
dobram qualquer esquina como fosse esta a sua derradeira sina. Diante de si,
uma vagina, uma próxima angina, uma inebriante mulher, ou apenas Gina. Na cama
que se desforra para ir à forra do tempo que se entristeceu, há um limite entre
o limítrofe que anda no fio da navalha entre a sanidade e idade imprópria à
memória desmemoriada e lacrada para novos amores. Odores perfumam a performance
que à nuance do tempo transbordam o tempo que ainda falta se viver. Tudo como
uma janela fechada, a ver...
Na insípida perfídia que perfaz
cada caminhada de cão sem ninhada, um ninho de pássaro sem ovos a criar passa despercebido
a cada olhar. No lugar, um ar rarefeito, feito paixão não correspondida, se
interpõe às mesas que trocam brindes e brincadeiras de tocar. Nelas, as mãos se
embaraçam de dedos, desvelos, vestes invadidas, toques promíscuos e
malversações. No lugar não há lugar para o bem e o mal. Há bons e maus a
trocarem sevícias, carícias, lascivas promessas imersas em trocares de olhar.
Ao longe, decerto, existirá um pedaço de mar, uma onda a areia a tragar, uma
boca a língua a untar. E todos estarão, uníssonos, a gritarem que a vida só
vale se for para se a amar. Nalgum lugar possivelmente um ser ausente saberá
onde, perdido, ainda chegará...