Por Ronaldo Faria
Venham sombras da noite e os açoites que nos percorrem em pesadelos sem
zelos num tentar dormir em paz. Cheguem, porém, na aquiescência da vida,
generosos e zelosos. Deixem-nos, ao menos, memorizar em mármore de carrara a
fugaz fervura de algo ser. Afinal, quantos anos, dias ou minutos mais? De
quanto tempo a eternidade se perfaz?
No canto do bar que se derrama na esquina onde qualquer quina serve de anteparo para um bêbado trôpego poder viver, o pranto não tem lugar. Talvez saudades travestidas de mulheres vestidas de lingerie e toques de almíscar a esvoaçar nas nuvens que esperam gotas de chuva chegar para parirem seu viver.
-- Tocar violão de ser bão.
Tentei aprender para viver o mundo de uma morena clássica. Não consegui. Hoje resta
babar por quem sabe fazê-lo...
Na imensidão que um quadrado
dá, sob a luz de milhares de pontos de uma tela esteta, o pseudo poeta vai a
vomitar saudades, calamidades e chamados vãos, em vão. Quem sabe um dia uma nova
anestesia não permita tudo esquecer, reencontrar o rabinho peludo a balançar, saber
que nada mesmo há de saber.
-- Cantar, como é bom cantar.
Desopila o fígado, tira as rugas do rosto, oxigena a frágil mente, deixa a
gente a crer que vale a pena ser.
Na ilusão premente que cada um
mente pra si, os dormentes de um trem que nunca chegará na falta de casais a
chorarem o despedir, na loucura daquele que busca o vagão de onde chegará seu
repente, quiçá réquiem e refém. E assim, assintomático, em sofisma, vamos a
ouvir quem nos diz que ela é carioca...
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