Por Ronaldo Faria
A noite no sertão nordestino traz rimas e lástimas, criaturas mansas ou não, feridas calcinadas e perfídias tresloucadas, todas prontas para uma camisa de força, dessas que forçam a saudade a fugir do peito e ultimar a distância entre a seca e as ondas que beijam a areia do mar. Certamente haverá um altar em algum lugar. E se não houver, a ferida existirá.
Perto, a mulher abre os braços
em abraços frígidos e frágeis. Certamente já sabe que o homem, perdido em si
mesmo, ensimesmado, se perde entre trilhas e pés trilhados por um andar que nunca
sequer sabia que em algum lugar chegaria. Noutro canto, um vaqueiro vigia sua
vaquejada, arfada de tanto caminhar rumo à morte que nem sabe que logo chegará.
Embriagado e largado o homem
se bole para não dormir na mesa, cheia de garrafas e copos, restos de amores
nunca vindos, advindos daquilo que o poeta acha que seja verdade. Mas esta
haverá? O que existirá de fato no fátuo resto de infaustos que chega entre
cheiros e esgueiro? Saber-se-á que o toque denota outro tocar? Quem, em sã
consciência, concederá ao amor a fogueira que arderá para sempre numa metáfora
que só a própria pena incendiará?
(Ainda a ouvir São João Carioca)
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