Por Ronaldo Faria
-- Porra, hoje é aniversário
do Joacyr! Puta cara legal, mano. O cara é fera! Mandei uma baita de uma
postagem no Facebook pra ele. Fiz um texto top!
-- Sério, que bacana.
-- Desejei vida longa, saúde,
conquistas e tudo o mais. Arrasei.
-- Que massa...
-- Porque com o Joacyr seria
sacanagem apenas dar os parabéns.
-- Com certeza.
-- Mano, lembra daquela vez
nós num bar e ele pediu cérebro de boi empanado?
-- Lembro.
-- Porra, foi muito demais. Comi
aquela coisa e fiquei uns três dias lembrando do boi. Só faltava mugir, com o
cérebro subindo e descendo na garganta.
-- É, cara, aquela noite foi
foda...
-- E aquela vez que fomos
beber no boteco do portuga e roubaram o carro dele. Eu tinha acabado de ganhar um
pacau de maconha e deixado debaixo do banco do carona. Os caras levaram o carro
e ainda curtiram um barato!
-- Pior que foi mesmo.
-- Cara, o Joacyr tem que ser
sempre homenageado. Por isso que eu postei o melhor que pude. Aliás, queria que
ele tivesse marcado algo pra hoje. Eu não ia faltar. Mas ele deve estar
enroscado com um rabo de saia ou enrolado no trampo.
-- É.
-- E a vez que ele inaugurou a
geladeira logo depois da separação. Juntou gente pra caralho no apartamento
dele. Foi uma baita festa. Todo mundo sentado no chão porque não tinha nem sofá
e nem cadeira. Mas tinha a geladeira e birita.
-- Foi.
-- Teve gente que bateu
recorde de cerveja e pinga. Foi da hora...
-- Com toda a certeza.
-- Mano, esse cara é lenda.
Ainda bem que eu conheço ele e sigo ele.
-- Não tenho a mínima dúvida.
-- Já foi muita coisa junto e
vai vir bem mais...
-- Acredito.
-- E você? Postou o que pra
ele?
-- Nada.
-- Como nada, caralho? É o
Joacyr, o cara, a lenda, nosso parça.
-- Eu sei.
-- Você sabe e não postou
nada?
-- Não.
-- Que merda de amigo que é
você. Estou decepcionado.
-- Tudo bem.
-- Mas como tudo bem? Tu é
muito bosta!
-- Talvez...
-- Talvez? Com certeza.
-- Tudo bem. Tô indo.
-- Não aguenta a verdade? Como
está indo? Vai pra onde?
-- Pra missa de seis anos da
morte do Joacyr.
-- Como assim?
-- O Joacyr, o seu, meu, nosso
amigo pica, morreu há seis anos. Valeu...
Desorientado, o homem fica
parado na esquina. “Caralho, então é por isso que ele não publica nada há tanto
tempo? Porra, o Joacyr podia ter avisado...”
(A ouvir a deusa de olhos verdes Maysa, outra para quem alguém deve
estar preocupado com a ausência de notícias recentes)