Por Ronaldo Faria
Nesse tempo que nos resta no
meio da fresta, fazer a festa. Eternizar felicidades no meio da tristeza. Vaguear
e vagar nas estradas do sertão, cheias de pó e luares proscritos nas vozes que
saem com o acordeão que fala pelo fole o mesmo que o peão traz no alforje para
o dono de tudo, senão. No mundo, nessa brincadeira de eira e beira, feira e frieira,
o homem desgarrado sai a achar que a próxima légua lhe trará clarão. Qual bobo,
desses que a gente pede pra não chegar no alpendre do sertão e afastar feito cortejo
de leprosos a tocar o sino ao longe, mal sabe que nada sabe. Com suas bandeiras
e desejos os leprosos ao menos pedem, num só ensejo, pouco de comida sem
mostrar sua dor. Com distância certa, recebem o louvor e seguem, sem partes do
corpo e feridas à mostra, sua sina. Do alto, o tal Senhor os abençoa em torpor.
Nesse destempero que nem o melhor tempero traduz, a luz chega frígida e fraca entre nuvens que mentem que vão se fazer em chover. A seca continuará altaneira. Os pequenos santos que recebem cocô de morcegos na cabeça na igrejinha perdida no meio do nada apenas sabem que nalgum dia irão valer cada centavo atávico que a lida se profetiza. Como chinelos trocados na noite vendida são soluço que Pafúncio das tiras antigas nunca conceberia. Mas, rima desmedida, folha renascida do tronco que a realidade carcomida dá, tudo segue na pantomima que o palco sem atores e o teatro sem plateia dão. Patética, a frenética alvorada se faz ligeira. Bordadeiras costuram seus mantos e buscam onde perderam as agulhas no meio do palheiro ou do pardieiro. Sonhadora, a infausta e linda senhora, jovem ademais, sabe que a vida foge para além dos arames cravados entre pausa e morte. A ver a lua crescente e sentir o cheiro do cipreste, se regozija de ainda poder sonhar.
Nesse destempero que nem o melhor tempero traduz, a luz chega frígida e fraca entre nuvens que mentem que vão se fazer em chover. A seca continuará altaneira. Os pequenos santos que recebem cocô de morcegos na cabeça na igrejinha perdida no meio do nada apenas sabem que nalgum dia irão valer cada centavo atávico que a lida se profetiza. Como chinelos trocados na noite vendida são soluço que Pafúncio das tiras antigas nunca conceberia. Mas, rima desmedida, folha renascida do tronco que a realidade carcomida dá, tudo segue na pantomima que o palco sem atores e o teatro sem plateia dão. Patética, a frenética alvorada se faz ligeira. Bordadeiras costuram seus mantos e buscam onde perderam as agulhas no meio do palheiro ou do pardieiro. Sonhadora, a infausta e linda senhora, jovem ademais, sabe que a vida foge para além dos arames cravados entre pausa e morte. A ver a lua crescente e sentir o cheiro do cipreste, se regozija de ainda poder sonhar.
(Ao Renato Teixeira)