Por Ronaldo Faria
As vozes dos algozes estão
silenciosas. Zelosa, a vida dá lugar a si mesma. Clarividente e premente, mente
que é eterna. Sabe que logo estará solitária e silenciosa, ciosa de queimar num
forno em milhares de graus e chamas ou apodrecer no entardecer de dias a seguir
um despertar e findar. Ao derredor, a dor que o prazer denota sofisma só.
Lavínia, lavra de seu próprio plantar, leva a rotina de transitar entre a tarde de calor e a noite que se veste de luar. Mulher e matrona, criança e pudica virgem que se entrega ao amado ao som de um fado, vai no passo tragado de passos no passadio que há entre a certeza e o desvario. A cerca-la, cheiro de perfídia e amora, amarras do imenso findar.
Enquanto caminha, prenha de devaneios e maiôs que se enchem de sal nos oceanos que margeiam o tempo restante, Lavínia lava a alma de perfumes e parcimônias. No seu frágil e frígido calor, fronte defronte dos lábios do amor, recebe o corpo torto que se atira na silenciosa trama de ser. A viver mambembe e fugaz, torna-se etérea e capaz.
Para ela, uma coruja ou outra faz o barulho que foi ensinada a fazer. Na mureta que separa a terra do mar, uma flor cresce a rasgar pedaços de concreto e afetos. Ali, muitos fetos viraram desafetos. Na penumbra que se alvoroça chegar definitiva e afetiva, falácias de amar, frases desconexas, curvas côncavas e convexas a convencer de que vale a pena viver.
Assim, volátil e tátil, trágica e cômica na tragicomédia digna de qualquer Cinédia tardia, Lavínia faz parir sua lavra. Não é agosto para fazer reviver o desgosto posto. A contragosto se dá o oposto. No fundo do poço, o rosto desnudo de entrevero louco. No poste que tem a lâmpada queimada, a escuridão que a dor precisa para chamar de Eufrásia o eufemismo da lavra.
-- Moça, não é cantada. Me perdoe a palavra, mas você tem a luz de uma fada.
No riso de Lavínia, a dica e a deixa para se deixar levar até aonde a vista alcançar. Na contradança, a desandança. Na lambança que o tempo faz e desfaz detrás de quatro paredes e dois corpos, um ventilador lembra da dor que a solidão traz. Nas suas hélices, o pouco de vento sentencia que em algumas várias semanas e suas tramas o rebento chegará.
Defronte de tudo, sobretudo, o mar se faz arrebentar... Ao fim de tudo, a certeza de que a bruma que a madrugada traz é feita de esconderijos e abrigos onde mesmo à loucura faz sentido. No calçadão, parte de pedras e concreto desafetos da imensidão, um morador de rua deita no colchão inexistente para viver a calma que se conta nos dedos por fim.
Lavínia, lavra de seu próprio plantar, leva a rotina de transitar entre a tarde de calor e a noite que se veste de luar. Mulher e matrona, criança e pudica virgem que se entrega ao amado ao som de um fado, vai no passo tragado de passos no passadio que há entre a certeza e o desvario. A cerca-la, cheiro de perfídia e amora, amarras do imenso findar.
Enquanto caminha, prenha de devaneios e maiôs que se enchem de sal nos oceanos que margeiam o tempo restante, Lavínia lava a alma de perfumes e parcimônias. No seu frágil e frígido calor, fronte defronte dos lábios do amor, recebe o corpo torto que se atira na silenciosa trama de ser. A viver mambembe e fugaz, torna-se etérea e capaz.
Para ela, uma coruja ou outra faz o barulho que foi ensinada a fazer. Na mureta que separa a terra do mar, uma flor cresce a rasgar pedaços de concreto e afetos. Ali, muitos fetos viraram desafetos. Na penumbra que se alvoroça chegar definitiva e afetiva, falácias de amar, frases desconexas, curvas côncavas e convexas a convencer de que vale a pena viver.
Assim, volátil e tátil, trágica e cômica na tragicomédia digna de qualquer Cinédia tardia, Lavínia faz parir sua lavra. Não é agosto para fazer reviver o desgosto posto. A contragosto se dá o oposto. No fundo do poço, o rosto desnudo de entrevero louco. No poste que tem a lâmpada queimada, a escuridão que a dor precisa para chamar de Eufrásia o eufemismo da lavra.
-- Moça, não é cantada. Me perdoe a palavra, mas você tem a luz de uma fada.
No riso de Lavínia, a dica e a deixa para se deixar levar até aonde a vista alcançar. Na contradança, a desandança. Na lambança que o tempo faz e desfaz detrás de quatro paredes e dois corpos, um ventilador lembra da dor que a solidão traz. Nas suas hélices, o pouco de vento sentencia que em algumas várias semanas e suas tramas o rebento chegará.
Defronte de tudo, sobretudo, o mar se faz arrebentar... Ao fim de tudo, a certeza de que a bruma que a madrugada traz é feita de esconderijos e abrigos onde mesmo à loucura faz sentido. No calçadão, parte de pedras e concreto desafetos da imensidão, um morador de rua deita no colchão inexistente para viver a calma que se conta nos dedos por fim.