Por Ronaldo Faria
Rolou a tal determinação de
julgamento. Agora o jumento, cansado e manco de tanta espera, poderá ver a
carroça pelo homem se levar. A justiça, antes tardia do que nunca, em manchetes
e preces lúdicas e sofridas far-se-á. Gregos e troianos juntarão exércitos para
cantar na praça a prosaica canção de almas lavadas e renovadas, enxaguadas
quiçá. Crenças enxovalhadas às milhares de mortes conspurcadas e jogadas a sete
palmos servirão de aplausos tardios, mas vindos por fim. Bem vindos. A
história, essa senhora tantas vezes entregue ao nada, tragada por páginas mal
escritas ou proscritas, até riu discreta e soberba ao saber o desenrolar. Ao derredor
de tanta dor, condoída e torpe a estátua estática tira a venda que a cega e se
entrega ao clamor geral. Coisa de tempos antes que já sofrem de artroses por tal
esculacho. Num planalto seco e distante, entre ecos e outros tantos, o calendário
marca o tempo em que se escreverá nos capítulos dos livros de História, em homenagem
a Capitu, “perdeu, Mané”.