Por Ronaldo Faria
Caetano, tântrico ser, que bom que pôde nascer nos arrabaldes de Santo Amaro que alguém purificou. Não o fosse, na fossa que a mais inócua e iniqua fossa dá, não poderíamos andar e desandar naquilo que nem o mar denota em lá. Na nata do leite sempre haverá coqueiro e paixão. Quem sabe, também, a sofreguidão que só a imensidão de oceanos nunca navegados nos faz tragados em tragos e subterfúgios naufragados e submissão. Graças aos deuses, sejam esses quem forem, a Bahia brindou de narcisos e mutantes os instantes que a instantaneidade traz. Assim, desde a baiana que tocamos as mãos no cinema numa sessão qualquer, depois de mortos nos vermos vivos e crivos, que o mundo possa prosear as lágrimas derramadas feito vaca profana encarquilhada. Senão, no não de arrependimento que só surge no dia depois, seja feita a vontade que se traduz. Na febre imberbe que delimita os dentes que faltam na boca informal, o poeta que nunca foi normal se traduza na busca anormal. Menino talvez, à busca de alguma tez. Lúcido e herói naquilo que fez. A relembrar camaleoas que beijaram sua boca, gemeram juntas no gozo único e dormiram ao lado a ladear e alardear que o dia seguinte não tarda a chegar. E como este será? Talvez o próximo êxtase fugaz, o silêncio mordaz, a sagaz blasfêmia entre o macho e a fêmea. Efêmera, a mórbida falácia irá sublimar aquilo que nem a maior presença do mar traduzirá em palavras. Nas lavras da vida, a sórdida e mórbida paixão não nos deixe a sublimar a cadente emoção...