Por Ronaldo Faria
Pela enésima vez nos entregamos
aos dramas e as tramas (amanhã virá a conta no cérebro descerebrado).
Dramaturgos que perdemos como atores principais, vestais de tramoias e
filigranas de beijos que somos, sigamos como ciganos em carroças movidas hoje a
centenas de cavalos. Olhemos as olheiras dos mais velhos, aqueles que de tanto olharem
o mundo já não sabem mais o que é realidade ou utopia. Na urgência da ferida
nunca fechada, a chave prematura da dura chegança do colibri. E se alguma esperança
nos vier ou restar, o viés da insólita certeza de nada ser ou saber far-se-á. Na
cela que nos prende nesse mundo sem caravelas para partir, ao menos um raio de
sol refletirá do quadrilátero bastardo que viaja entre o real e a fantasia que,
diz o poeta, se separam no final. Agora, qual ágora multifacetária, nos façamos
seres frágeis e frígidos, bastardos de algum amor que não se fez plenipotenciário.
Nos retalhos do trabalho de receber algum poeta que partiu e ficou, como parto
libertário do fulgor, nos preparemos para o day de um after que se repete há
décadas. No tempo que não há de tardar.
(Com Renato Teixeira e Xangai a ajudarem a dedilhar)