segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Uma hora de prazer com Count Basie e sua orquestra

Por Edmilson Siqueira 

A próxima hora de prazer musical, dentro da coleção "A Jazz Hour With" será com Count Basie e seu "Basie Boogie".  


Exceto durante um curto período nos anos de 1950, quando a economia do pós-guerra necessitou de alguns sacrifícios e Count Basie viajou com um septeto, o resto de sua vida foi à frente de uma orquestra com, no mínimo, 15 integrantes. E essa orquestra foi considerada uma das melhores do mundo, ao lado das de Duke Ellington e Woody Herman. Tão boa e com tantas e ótimas gravações, que a coleção dedicou a ela dois volumes. Hoje, vamos abordar o primeiro.  


E basta ouvir essa hora de jazz com Count Basie e sua turma para comprovar a qualidade não só do pianista chefe, um dos melhores do jazz em todos os tempos, mas dos músicos todos que compõem a orquestra. Thad Jones, Joe Newman, Snooky Young e Wendell Cully nos trompetes; Henry Coker, Benny Powell e Al Grey nos trombones; Marsahal Royal na clarineta e no sax alto; Frank Wess na flauta e no sax alto e tenor; Frank Foster e Billy Mitchell no sax tenor; Charlie Fowlkes na flauta, no clarinete e o sax barítono; Freddie Green na guitarra; Eddie Jones no baixo e Sonny Payne na bateria dão verdadeiro show em cada faixa do disco. São performances extraordinárias que arrancam aplausos (tudo foi gavado ao vivo) após os inspirados solos e improvisos. 

Como se vê, a formação priorizava os metais, mas, percebe-se nas gravações, não desprezava a sessão rítmica e muito menos os destaques que o contrabaixo exige.  E Count Basie foi líder do grupo por quase 50 anos, criando inovações como o uso de dois saxofonistas "split", enfatizando a seção de ritmo, tocando com uma grande banda, usando arranjadores para ampliar seu som e entre outras. Nesse meio século, muitos músicos proeminentes trabalharam sob sua direção, incluindo os saxofonistas Lester Young e Herschel Evans, o guitarrista Freddie Green, os trompetistas Buck Clayton e Harry Edison, e os cantores Jimmy Rushing, Helen Humes, Thelma Carpenter e Joe Williams. 


A seleção de músicas desse "Basie Boogie" é das mais agitadas. Pode-se, tranquilamente, afastar o sofá e improvisar uma sessão de dança por todos os 63 minutos e 25 segundos do disco. O disco foi gravado na Europa e o ano não é muito preciso. Pode ter sido em duas excursões ao continente, em 1958 e 1959, segundo informação que consta no encarte.  

Alguns clássicos como "In a Mellow", de Duke Ellington, "Old Man River" (Ebbins), "Spring Is Here" e "Why Not" constam da seleção e, em todos eles, bem como nas outras faixas, percebe-se o cuidado dos arranjos e a excelência dos improvisos. 

Trata-se, enfim, de um disco que comprova a qualidade das orquestras de jazz que se formaram nos Estados Unidos a partir dos anos 1930 e dali ganharam o mundo, sendo até hoje referências quando se trata de uma organização musical construída para distribuir   prazer a todos. 


O disco pode ser ouvido na íntegra no YouTube em https://www.youtube.com/watch?v=OOApyW-0iuI&list=OLAK5uy_m6VAgzflVGMGHh6G0RooeWyPz9vta1uBY e também pode ser comprado nos bons sites do ramo. 

sábado, 17 de setembro de 2022

A Jazz Hour With... George Benson

 Por Edmilson Siqueira 

Quando o CD começou a imperar como substituto definitivo dos LPs, a oferta de coleções foi grande. As gravadoras aproveitaram a nova mídia para desentocar muitas gravações que não encontravam mais mercado no formato antigo, pois nele só cabiam pouco mais de 30 minutos de música. O CD, com seus 70 minutos de gravação era ideal para coletâneas de artistas mais ou menos famosos, que fizeram sucesso nas décadas anteriores. Claro que nenhuma gravadora esperava que esses lançamentos tivessem grandes vendas, mas o custo de produção era baixo e mesmo que o sucesso fosse pequeno, poderia valer a pena. 


Deve ter sido isso - e otras cositas mas - que fez a Movie Play lançar, lá pelos anos 80 do século passado, a coleção "A Jazz Hour With". Não me lembro qual dos 24 exemplares da coleção que tenho foi o que comprei primeiro. Houve um tempo em que eu andava com a lista que dos CDs comprados no bolso, pois uma vez comprei um que já tinha...  


Também não sei, apesar de pesquisar no Google, quantos CDs foram lançados com o selo. Encontrei alguém vendendo, no Mercado Livre, uma coleção com 39 CDs da série, mas um dos CDs que tenho, mostra nada menos que 55 títulos sob o manto "A Jazz Hour With". 

Bom, tudo isso é pra dizer que a coleção é ótima. Se alguém se deparar com um CD dela e gosta de jazz, não hesite: pode comprar que, além de um bom panorama da obra, há sempre um excelente texto (muitos deles assinados por Famke Damsté), em inglês, situando o artista e sua arte no tempo e no espaço. 


Com isso, início aqui meus humildes comentários sobre essa coleção. Não pretendo fazê-lo sempre, mas intercalando com outros discos, de outros gêneros ou não, mas sempre voltando à coleção, na sequência em que estão guardados no meu arquivo. E começo hoje com George Benson. 


Guitarrista por excelência, mas também cantor, George é um dos poucos da coleção que ainda estão vivos. Está com 79 anos, completados em março passado. É considerado um dos grandes "guitar heroes" dos EUA. Aos 19 anos, estudou guitarra com Jack McDuff. Aos 22, formou seu próprio grupo e, alguns meses depois, já estava gravando com seu próprio nome e, aos 25 tocou no Spirituals to Swing Aniversary Concert. A partir daí, seu nome ficou conhecido no mundo do jazz, iniciando uma carreira de sucesso. 


No CD da coleção, há muita coisa boa, do mais puro jazz, pra ser ouvida. Como por exemplo "All Blue", Li'l Darling" e "Oil", músicas que fizeram a fama do George Benson Quartet. Mas outros clássicos como "Witchcraft", "Love for Sale" e "There Will Never Be Another You", todas com o toque mágico da guitarra de Benson e performances muito boas de seu grupo, formado por Mick Truck ao piano, George Duvivier no baixo e Al Harewood na bateria.  

No Youtube você pode ouvir o disco na íntegra em https://www.youtube.com/results?search_query=%22A+Jazz+Hour+With+George+Benson%22 . E ele ainda está à venda nos bons sites do ramo. 

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Ao Vininha

 Por Ronaldo Faria

Mestre, meu espelho ambidestro Vinicius, criador com a direita e a esquerda, de ambos lados do cérebro, a viajar à esquerda e direita de qualquer lugar. Senhor de goles, sílabas, rimas e o que quiser e for. No aforismo de nós, ainda mais quando analfabetos o somos, a criar uma brincadeira de dizer que sabemos escrever. Seja qual for o santo que baixe nesse momento, que o venha me incendiar. Na nossa vida, fica mais o menos e outro tanto num lamento de ser somente, dissonante e tênue, a poder criar.

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Willie Nelson e Ray Charles juntos

Por Edmilson Siqueira 

Um DVD que junta Willie Nelson e Ray Charles poderia, a princípio, até parecer estranho. Afinal, Willie é uma espécie de rei do country norte-americano, enquanto Ray se notabilizou por ser um astro do blues e do jazz.  


Mas há um ponto em comum: um dos discos de Ray, quando ele andava meio em baixa, tem várias músicas que vieram do estilo "caipira" norte-americano que o genial cantor negro soube burilar, de modo a transformá-las em sucesso pop. "I can't stop loving you" é uma delas.  


Assim, não havia nenhum problema para que Ray fosse o convidado especial de um show de Willie para um DVD.  


Gravado no Austrin Opry House, em 1983, com Willie e sua banda, a presença de Ray Charles acontece em seis das 13 músicas ali apresentadas, além de um solo de blues no teclado que marca sua entrada no palco.  

"On the road again", do próprio Willie, abre os trabalhos, com a música já sendo cantada sobre os letreiros inaugurais do filme. O corte para o palco encontra um Willie em plena forma e muito à vontade com sua banda.  


A segunda música, ainda sem a presença de Ray Charles, é outros desses sucessos que muita gente duvida que veio do country, pois fez sucesso como música pop com outros cantores: "Always on my mind".  


Em seguida, acontece a apresentação e a entrada de Ray Charles, que se senta num teclado com som de órgão e tira dali um improviso jazzístico-bluseiro da melhor qualidade. Feita a apresentação, começam os duetos entre os dois. O primeiro é "Angel eyes", seguido de "Seven spanhish angels", duas músicas lentas que realçam as qualidades interpretativas de ambos: Willie com sua voz meio esganiçada e Ray com sua rouquidão profunda, que tanto caíram no gosto do público do mundo inteiro. 

"I can't stop loving you" e "Georgia on my mind" são cantadas em seguida, para delírio da plateia, pois são dois megassucessos em gravações de Ray Charles. Willie, cantando junto, não faz feio, pelo contrário. 


"Mountain dew" é a música seguinte, que finaliza a participação de Ray Charles: um country lascado que parece divertir muito Ray Charles que acompanha no teclado a rápida sequência de notas que a música encerra.  Sem a presença de Ray, Willie e sua ótima banda, apresentam ainda "My window faxes the south", "There will never be another you", To all the girls I've loved before", Without a song", Who'll buy my memories e "Whiskey River". 

Um DVD que recomendo a quem gosta de uma música raiz dos EUA "enfeitada" com a presença sempre talentosa de Ray Charles. 


No YouTube há várias músicas do DVD e ele ainda pode ser encontrado nos bons sites do ramo. 

Cavaleiro solitário

 Por Ronaldo Faria O bar está fechado. Parece há tempo. Mas Hermínio não se dá por vencido. Enquanto houver uma sede por beber, beber-se-á. ...