terça-feira, 15 de novembro de 2022

Para carnavalizar

 Por Ronaldo Faria

Pierrô, esquece a tua colombina. Ela não combina mais a fantasia com a tua. Os olhos cansaram da purpurina do salão e os confetes deixaram de cair do alto do salto a gingar no vazio coração. A avenida está tardia e a bateria deixou seus instrumentos quietos num canto qualquer. A porta-bandeira há muito não vê seu estandarte tremular. O mestre-sala mora num quarto e cozinha longe do mar. O arlequim vende quinquilharias de Pequim. A passista passa longe dos prantos da arquibancada que agora aplaude um destaque sujo de nanquim. Baianas rodopiam a ouvirem o pio da ave que deita ao sol da mangueira, quente no calor. Compositores se decompõem ao samba de autores mil. No ritmo do ritmista solitário da dispersão, ainda foge da garganta dos aflitos a derradeira canção. Como recomeço de quatro dias à dor imortal do amor que, no samba-enredo, se fez campeão e fatal.

Por isso, Pierrô, esquece tua colombina. Para com teus passos em descompasso. Deixa de lado a fantasia escondida em tantos dias e sai nu pelas ruas a gritar que é preciso cantar para a dor ter fim. Que é preciso reaver o sorriso perdido nos dentes brancos daquela que passa entre as alas da escola a dançar e cantar como fosse o Carnaval de um despacho a qualquer santo imortal. É preciso olhar nos olhos que brilham, rebrilham e borbulham a saltarem da íris feito cor do mar. Assim, Pierrô, deixa o choro às cinzas de uma quarta-feira que, sobremaneira, far-se-á. Jogue todas tristezas e mazelas no esgoto e deixe que o suor a descer de ti seja eterno esquecer. Afinal, a árvore quase já morta ainda quer crescer. Dança e requebra, quebra e lança ao longe a tua ilusão. Deixe que se refaça a canção. Distante, no ditame do enfim, uma rosa, como diria o poeta, há de falar do perfume que rouba de ti.
 
(Ao mestre Cartola e o Carnaval)

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Rosa canta Jobim: perfeito

Por Edmilson Siqueira 

O disco "Rosa Passos Canta Antonio Carlos Jobim", gravado em setembro de 1998 e, desde seu lançamento, um clássico da bossa nova e da própria MPB, não foi assim pensado desde o início pelo seu idealizado e produtor Almir Chediak. A ideia inicial - ele mesmo conta no encarte - era fazer um disco comemorativo dos 40 anos da bossa nova. Depois de pensar que não seria novidade um disco com grandes nomes cantando bossa nova, nem uma compilação de gravações já existentes, ele chegou a Rosa Passos e acertou em cheio. Começou a selecionar músicas - os clássicos da bossa nova e, logo de cara, as oito primeiras eram de Tom Jobim. Com as seis seguintes que caberiam no CD, ele descobriu que muita gente ia focar de fora e, pra ser justo, teria de gravar vários CDs. Foi aí que ele acertou em cheio de novo: Rosa Passos cantando só músicas de Jobim que se tornaram clássicas, todas reunidas num só disco. Bingo! Isso nunca tinha sido feito antes.  


Assim, nossos ouvidos e mentes foram agraciados com 14 músicas de Jobim (cinco dele sozinho, quatro com Vinícius, quatro com Newton Mendonça e uma com Billy Blanco), cantadas por Rosa Passos num disco que tem ainda, espalhados pelas faixas, músicos do quilate de Cristóvão Bastos, Lula Galvão, Wilson das Neves, Jorge Helder, Erivelton Silva, Marco Brito, João Lyra, Carlos Malta, Idriss Boudrioua, Zé Nogueira e Wallace Mendonça. E ainda conta com uma aparição especial de João Donato que chegou no estúdio e, quinze minutos depois, já tinha ensaiado e gravado sua participação com Jorge Helder (contrabaixo) e Erivelton Silva (bateria) em "Garota de Ipanema" num casamento sonoro perfeito. Um recorde, como destaca o próprio Almir no encarte do disco.  

E Rosa Passos, como se sabe, é uma das melhores cantoras do Brasil. Com sua alma de compositora e voz única, afinadíssima e agradável, ela tem também o dom da divisão meio jazzística que só os grandes possuem. Tudo junto e misturado transforma essa baianinha num tesouro musical. 

E esse tesouro desfila soberano pelas quatorze faixas, escudada sempre por arranjos precisos de Cristóvão Bastos ou Lula Galvão. A começar por "Samba de Uma Nota Só" (Jobim e Newton) que abre o disco, seguida de "Corcovado" (Jobim), "Garota de Ipanema" (Jobim e Vinicius), "Vivo Sonhando" (Jobim), "Insensatez" (Jobim e Vinicius), "Desafinado" (Jobim e Newton), "Chega de Saudade" (Jobim e Vinicius), "Meditação" (Jobim e Newton), "Só Em Teus Braços") (Jobim), "Inútil Paisagem" (Jobim e Newton), "Outra Vez" (Jobim), "Esse Seu Olhar" (Jobim), "Esperança Perdida (Jobim e Vinicius) e "Brigas Nunca Mais" (Jobim e Vinicius). 

Não é um disco apenas para o apreciador de bossa nova e sim para quem gosta de música, no seu mais puro estado.  


O disco pode ser ouvido na íntegra no YouTube em https://www.youtube.com/playlist?list=PLjMk_448Pd1MJvhgHl0l8lwiLf6GnC30V e, claro, está à venda nos bons sites do ramo. 

sábado, 12 de novembro de 2022

Um encontro único e memorável

Por Edmilson Siqueira  

O disco se chama "Jazz at Massey Hall", foi gravado em 15 de maio de 1953 e é interpretado pelo "The Quintet". O clube de jazz era em Toronto, no Canadá e o tal do quinteto era composto por ninguém menos que Dizzy Gillespie, Charlie Parker (chamado de Charlie Chan, no disco), Bud Powell, Charles Mingus e Max Roach. Eram simplesmente os cinco músicos considerados "modernos" à época. Todos, claro, se transformaram em pouco tempo em gigantes do jazz e, a pelo menos a três deles, costuma-se juntar o adjetivo "gênio": Gillespie, Mingus e Parker.  


O CD que tenho, lançado no Brasil é reprodução fiel do LP, inclusive o texto, em tipos impossíveis de ler sem uma lente de aumento à mão, assinado por Bill Coss. Ele informa que naquelas noites em Toronto, houve performances fantásticas e que, por sorte, havia um gravador para registrar tudo. E foi sorte mesmo. Informa a Wikipedia que aquela foi a única vez em que esses cindo músicos tocaram juntos. E foi também a última gravação onde Charlie Parker e Dizzie Gillespie se encontraram. Como se vê, é tudo histórico e, "por sorte" havia um gravador por lá.  


O show todo foi gravado ao vivo e a qualidade da gravação chega a surpreender, pois estamos em 1953. São apenas seis músicas, mas a menor delas tem 6 minutos e 34 segundos.  


A abertura do disco se dá com "Perdido", de Juan Tizol, e esse é apenas um dos clássicos de jazz que o quinteto perpetrou. Por várias vezes, diante de solos inspirados, a plateia se manifesta, tanto com aplausos como com gritos, dando a impressão de que muitos estavam dançando. Pena que não havia uma câmera também... 


"Salt Peanuts", de Dizzy Gillespie e Kenny Clarke, se estende por 7 minutos e 20 segundos, com direito a apresentação de um dos músicos que revela que a música foi feita em 1942. É outro clássico que necessita de muita agilidade nos teclados de um sax para ser tocada.  


A terceira faixa é também clássica: "All the Things You Are" de Jerome Kern, que desliza suave pelo trompete de Gillespie, se contrapondo ao ritmo frenético da música anterior.  


"Wee", de Denzil Best, é a quarta faixa, que começa com um "duelo" sensacional entre Dizzy e Parker, mostrando porque os dois foram considerados gênios do jazz. Aliás, aqui a performance do grupo todo é do mais alto nível, arrancando inúmeros aplausos da plateia. 


A quinta música a ser apresentada é "Hot House", de Tadd Dameron, onde se pode ouvir melhor o trabalho da bateria e do piano, com bastante swing. Mas é Gillespie e Parker que fazem novamente as honras da casa para delírio da plateia.  


Outro clássico, "A Night in Tunisia", de Gillespie e Frank Paparelli, encerra a o disco, numa interpretação que não fica devendo nada a todas as outras que vieram depois.  

É um disco para quem gosta de jazz e não tem tanta exigência com a qualidade da gravação, apesar de todos os recursos que nasceram entre a apresentação em Toronto e o surgimento do CD como mídia musical. 


O disco - CD e LP - ainda estão à venda nos bons sites do ramo e o CD pode ser ouvido inteiro em https://www.youtube.com/watch?v=qESZJKpYZ5A&list=OLAK5uy_nRcwV4icxcpB9iqD2oKhIOd7Zpx5o2Y-8 . 

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Rolando Boldrin, meu contador de músicas e causos

 Por Ronaldo Faria


Vou interromper um pouco os meus textos “poéticos” para falar de uma perda que aconteceu na última quarta-feira. Aliás, que dia morfético: levou-nos Gal Costa, que o parceiro Edmilson Siqueira homenageou ontem, e Rolando Boldrin, de quem falarei hoje. Como carioca de nascença, nunca pensei que pudesse gostar tanto de um caipira. Nada contra os caipiras, afinal minha infância foi em parte no interior da Bahia e de Sergipe, nos tempos que nem energia elétrica havia nas fazendas, tudo a base de lampião e luar, e acabei me casando com uma filha de Ouro Fino. Logo, muitas vezes me senti mais caipira do sertão do que ser da então capital federal litorânea. Na verdade, descobri a moda de viola ao chegar a Campinas, há quase 41 anos. Até então os meus 24 anos de vida carioca eram preenchidos de bossa-nova e samba. E de baião, xote e xaxado, das minhas raízes nordestinas.

Mas com as raízes fincadas no interior de São Paulo, aos poucos a moda de viola foi chegando, do jeito dela, quieta, devagar, dedilhada em cordas e sonhos de estrada, vozes e versos, poeira, cidades cheias de gente boa, das casas abertas à vida, de cantigas com suas histórias e contos mil. Afinal, da moda de viola para as brincadeiras de criança no sertão havia pouca diferença. Havia um Brasil interligado na mais tenra e pura realidade, de gente que vive da terra e à terra devolve o amor e frutos que ela nos dá.

Daí, para descobrir Rolando Boldrin foi fácil. Assim como foi tranquilo amar Renato Teixeira, Gedeão da Viola, Roberto Correa, Renato Andrade, Cacique e Pajé, Levi Ramiro, Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Paulo Freire, Ivan Vilela, Almir Sater, Paulinho Pedra Azul, Índio Cachoeira e muitos mais e as tantas orquestras de violas. Enfim, um mundão de gente que fica difícil enumerar do tanto. Agora, a ouvir o disco de parceria do Rolando Boldrin com o Renato Teixeira, gravado pela Kuarup, dá vontade de ouvir os outros tantos discos que tenho do Boldrin - de moda de viola, de samba, de causos. Aliás, como ele era bom de causos. Ficar entretido nele tanto no Sr. Brasil da TV Cultura ou no Som Brasil da Globo não era difícil. Eram programas de qualidade musical, poética, cultural e de ouvir histórias que faziam rir, aprender e mostravam como o caipira ou capiau são plenos de poesia e vida.

Mas é isso. Anteontem foi uma quarta-feira digna de ser esquecida. Onde a cultura brasileira e a música ficaram mais tristes, órfãs e perdidas nesse mundão de meu Deus. É tão difícil campear os bons, aqueles que deixam algo para honrar nosso rincão chamado Brasil, que perdê-los assim, de supetão e redundantemente de repente, é difícil de engolir sem esperar que a estrada não termine logo ali. Que a Vaca Estrela e o Boi Fubá os recebam com todos os cordéis de cantadores que São Gonçalo possa reunir no céu desse mundão que pode e tem de existir depois de nós. Afinal, perder gente como Gal e Rolando Boldrin e não poder crer que em algum lugar eles continuem a brilhar e nos trazer poesia e mansidão, luz e paz, alegrias e esperança de que o Brasil tem e ainda pode ter jeito, fica difícil de seguir. Se não for assim, acreditem que a vida realmente é marvada. Mas daí perderíamos a graça de viver. Por mim, sei que Rolando Boldrin e Gal em algum lugar estarão procurando a nossa flor de lis. Daqui, vou na fé que só a ilusão da felicidade nos faz acordar para outro novo dia. Acordarei, creio, ainda um tempo mais...

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Gal, nossa musa fatal

Por Edmilson Siqueira 

Escrevo ainda, na quarta-feira, sob a emoção de receber no ar, durante o programa que participo diariamente na Rádio Bandeirantes de Campinas, a notícia da morte de Gal Costa. Comentei ligeiramente, afirmando a grande perda e dizendo que fora uma das maiores de todos os tempos da MPB. Encerrei rápido que a garganta começou a embargar a voz e, se continuasse, iria fatalmente chorar ao falar de Gal num programa político.   


E, depois de programa, no almoço, fiquei ouvindo pelo rádio depoimentos de amigos e artistas, todos emocionados também, falando das grandes qualidades dessa cantora ímpar no cenário brasileiro. Ela, Elis e Elza, formam um triunvirato imbatível em termos não só de qualidade, mas de revolução mesmo no meio musical. Poucos artistas souberam, como ela, vestir um movimento sob sua voz e sair dele com a mesma dignidade com que entrou, dando sequência a uma carreira que já era vitoriosa e tornando-a mais vitoriosa ainda.  


Conheci a voz de Gal ainda Maria da Graça, num disco que ela gravou com Caetano Veloso, chamado "Domingo". Nele, só músicas do baiano que ainda não era o revolucionário da Tropicália, mas já mostrava a ousadia nas letras e nas soluções melódicas. E a voz de Gal embrulhava tudo isso numa embalagem mágica que não só acrescentava muito mais beleza na composição, mas também dela se assenhorava de modo que ninguém mais poderia fazer melhor.  

Mas o disco que estou ouvindo para me lembrar, quase às lágrimas, de Gal, é outro. É uma obra-prima, pessimamente gravado num teatro do Rio (o Tereza Rachel) e que virou cult, pela inacreditáveis interpretações, pela singeleza de todo o trabalho, pela garra no palco, pela coragem de enfrentar a ditadura de modo que nem a própria ditadura, com sua imbecil censura, conseguia proibir, pela excelência dos músicos (a guitarra de Lanny se tornou histórica nesse disco) e pelo conjunto todo do disco, revelando novos cantores e dando à MPB um novo rumo, que não diferenciava samba de blues, chorinho de rock e só se baseava na qualidade da música, na coragem de cantar tudo e no sonho de ser artista e registrar o presente, mas atento ao passado e esperançoso do futuro. 


O disco é "Fatal" ou "Gal a Todo Vapor", cujo show foi dirigido por Roberto Menescal e teve como arranjador o Lanny, já citado aqui, da guitarra mágica. Talvez nem seja o melhor disco de Gal, mas é o mais importante, pois juntava a revolução da Tropicália com músicas de Caetano, Wally Salomão, Jards Macalé, Morais Moreira e Galvão com a tradição de um Geraldo Pereira, de um Ismael Silva, de um Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, além do folclore baiano com inesperadas inserções.  

Todos os depoimentos que ouvi sobre ela, hoje, batem numa mesma tecla: a de sua perenidade eivada de ousadia. Claro, a incrível afinação de sua voz, os agudos impressionantes que alcançavam, suas versões janejoplianas de alguns clássicos, sua fase mais pop que alçou ao estrelato nomes que se confirmaram posteriormente, tudo isso hoje se torna uma herança bendita dessa incrível cantora, mulher, artista e amante de toda nossa geração que sonhávamos sonhos proibidos toda vez que a ouvíamos no rádio, na vitrola ou, muito mais fatal, a víamos na televisão. 

quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Ouvindo o Zé Ramalho

 Por Ronaldo Faria

Saudade. Maldade. Perversidade. Lá no fundo, a cidade. Distante, conflitante, mistério na vida e na dor atenuante. Entre eu e o meu eu mesmo, a fábula que, em inglês, diz siga-me. Follow me...

E eu vou seguindo. Na trilha que escurece e brilha. Percorre ruelas cheias de pó e pedras, pedaços de histórias, histriônicas e esotéricas. Histéricas. Reais. Que delimitam a lucidez e a loucura. Marcam e perfuram, aprofundam o limite entre a descoberta e a cura. Nos deixam entre a vida e a eternidade que não verá a manhã, nem a noite e sequer a tarde. Nada nos fará dormir sem pesadelos bisonhos, pedaços de sonhos, a chegar a nenhum lugar.

Por aqui, entre uma tela que brilha e uma ilusória cerca que sangra, fico travestido de saudade, um ser sem poder. Sem corpo, copo, cópula, estrada para Cornucópia. Alguém entre o dedo mínimo e a língua na outra boca. Carcomido por si mesmo, caminhando longe do açude, do rio, do litoral. Submerso entre a embriaguez e a madrugada que aflora em sofreguidão irracional.

No copo, vodca e coca. Inconsequente e vulgar. Sob a lua minguante, entre esquinas, prostitutas e mulheres, sinas, seres lunares à senda de trilhar. Corpos desnudos, palavras vãs, vaginas. Coração perdido e anginas. Ladeiras de paralelepípedos, descidas de areias e sereias a beirar um canto escondido e o cântico do mar. Mistério escondido a arfar.

Aqui na frente, lá de lado, acolá, mais um descarregar de líquido alucinógeno, misturar de preceitos e trejeitos, desejo de servir e sorver loucuras e pernas de mulheres transformadas em mesuras, medusas e semideusas. Logo, "Deus", me dá ao menos em devaneios aquela que eu quero antes da fuga que chega depois do derradeiro vendaval. Livra-me de morrer antes que eu descubra se há em mim amor ou mal. Que seja eu a ligação perdida entre os filhos, o avô e o pai.

Agora, entre a liberdade que se faz e se desfaz na inusitada chegada que se encerra (à antiga) na esquina onde aporta a escuna que me leva ao universo entre o início e o fim, digo-me corpo inútil, fútil, a verter limites do que eu quero e aquilo que me é dado, por fim. Na perfídia desmedida e infinda, despeço-me aqui. Afinal, sem saber, acho que já passou o meu Carnaval.

“Sejam quais forem os sentimentos e os interesses humanos, o intelecto é, também ele, uma força. Esta não consegue prevalecer imediatamente, mas por fim seus efeitos revelam-se ainda mais peremptórios. A verdade que mais fere acaba sempre por ser notada e por se impor, assim que os interesses que lesa e as emoções que suscita tenham esgotado a sua virulência”.
Sigmund Freud, in As Palavras de Freud

Cavaleiro solitário

 Por Ronaldo Faria O bar está fechado. Parece há tempo. Mas Hermínio não se dá por vencido. Enquanto houver uma sede por beber, beber-se-á. ...