segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

Farofa Carioca

 Por Ronaldo Faria


Farofa de onde? Carioca? Que Rio? Que janeiro é esse? Quem nasceu na Zona Norte pode ser considerado da Zona Sul depois de mais anos passados lá? E se o maior amor e primeiro desse tempo foi no subúrbio, seremos suburbanos? Seremos, somos ou fomos? E a fome de vida fica no La Mole ou no Papagaio’s ou num bar perdido na Dias Ferreira, no Méier? Onde reivindicar o endereço final? Há, afinal, um fim? Um lugar a se largar? Um lagar? Uma quitanda fatalista de esquina que vira boteco (bebamos ao medo)? Onde há praia de graça? Onde há a mulherada assumindo o controle da situação? Há como não marcar bobeira geral? Sei lá. Quem saberá? Onde encaixar dois corpos sem ficar de bobeira na pista? Aqui ou acolá? Sei lá... Mas quem saberá? O que parece feio é que é bonito... Daqui vamos a aprender e “viver”. A lucidez é viver? A loucura é apreender? Sabe-se lá ou acolá. Afinal, no final, nosso (meu) sonho é apenas ser lambido pela filha e descobrir que tudo era mero brincar de ser. Mas o que é ser? A cada noite vivo um sonho/real louco e novo, feito ovo a ser esculpido no cu da galinha/rainha da vida. O importante, no fim, é saber de onde é a farofa? Carioca? Eu sou carioca, de nascença, quando a Guanabara era capital federal. Sou e sempre serei. Ou não.

sábado, 11 de fevereiro de 2023

Bee Gees no passado...

 Por Ronaldo Faria

Saudade cabe no tempo? O vento em descalabro cabe no tempo? O tempo se mede no tempo de segundos, minutos e horas? Talvez, na memória de cada um, sim. Ou não... Quem saberá? Uns restantes de neurônios parcimoniosos em sua lembrança ainda funcionam? Um resto de crença na sua festança derradeira antes do esquecimento de toda uma vida sobrevive e vive? Saber-se-á. Mas, enquanto algo durar, que sons and songs borbulhem em centilitros e passado na escuridão de luas e loas? Mas existem passado, presente e futuro num só? Existem de verdade ou serão mera mentira de um metaverso qualquer? Seremos nós simples bonecos e fantoches de algo maior a trocar de concha e pele a bel prazer de nosso dono ou apenas seres a não saber de onde viemos, o que somos e até onde iremos? A ouvir Bee Gees nessa madrugada em que mais uma primavera se esvai, não sei agora responder. E com certeza daqui para a frente não saberei. Estou apagando devagar, ainda bem. Deixo a quem chegar ou estiver na sua plenitude que possa responder. Senão, feito poeta revoltado, que o mundo vá se foder!

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2023

Chico e Ney

Por Ronaldo Faria


A ouvir Chico Buarque e Ney Matogrosso. Precisa escrever e dizer mais? Pelamor... Não me obriguem a fazê-lo. Não teria palavras para tanto. Não há no dicionário nada que o faça.
  A beleza e a perfeição não têm como relatar.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Hamilton de Holanda

 Por Ronaldo Faria

Dedilhar e tirar do som de cordas e madeira uma emoção sem eira e nem beira, coisa que brinda os ouvidos como mera brincadeira. Talvez uma ilusão, sobremaneira, um sonho de ilusória centelha. Uma versão inverossímil da chegada da inexistente felicidade que escorre à cheia de um rio negro que a vida traz na sua esteira.

-- Achei que morreria hoje e iria rever minha filha. O braço dormente, o choro latente, a tristeza pungente, tudo como uma vertente inconsequente que a trema não treme mais. Não foi. À espera no que sei ainda virá...

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Geraldo Azevedo

 Por Ronaldo Faria

Só pra dizer que Geraldo Azevedo é muito foda! Mais ainda. Muito além de fodão! Obrigado por ter te conhecido há décadas. Minha "poesia" seria bem menor sem a sua verdadeira poesia.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

Guinga e Paulo Sérgio Santos

 Por Ronaldo Faria


Notas denotadas de sabor auditivo e pueril revelação de tudo um pouco no pouco tanto que o quase nada traveste de muito. Quem sabe uma ilusão infinita que roda na madrugada louca de lua cheia a segurar a fita carmim que sobremaneira permeia a doce brisa que corre longínqua. Aqui, na pequena parte que o aparte apraz e dá, me solto num imbróglio de não saber se vale a pena viver ou morrer. Termino cada segundo como o taciturno palhaço a rir de si mesmo, ensimesmado e a esmo.

Botas cheias de barro de uma chuva tardia e seca, ensacada na pilhéria etérea que a saudade permeia e doa. Que dói e corrói. No espernear da música erudita/popular. Feito pipoca que o feitor joga para os pombos e púberes seres que anseiam o semear de milhos e moças de pernas faceiras e abertas. Nas feiras fulgentes e dominicais um cais afasta a fresta da derradeira festa que esconde a cama onde corpos delimitarão o lugar em que se deve deixar a tristeza e o dormir do depois a ressonar.

Um violão, uma clarineta, um solfejo soberbo de se esmerar por qualquer lugar. Na lucidez da loucura sepulcral, o silêncio que irrompe na noite fria que se esfria para receber o resto de luz solar. Quem sabe a soberba do amor infiel, a loucura da traição em fel, a ilusória sapiência que a ignorância do amanhã desfaz. No dedo perdido e bêbado que suja as lentes dos óculos, um pedaço de ósculos nunca dados, traquejos de suores lavados, gracejos de bocas sujas das línguas que tanto, no entanto, se cruzaram.

No limiar de arranjos e anjos tresloucados e calados, palavras infinitas no finito falar definitivo do altivo bêbado que se faz poeta e presto. Quem sabe um viajante que arfa na geografia de um corpo que desce no gole que o copo permite e dá. Um infante infame que faz da fome a rosa que desabrocha entre as coxas desnudas e soltas da amante infante que volta a cada noite e que desfaz a realidade em pedaços de sono mal dormido, carcomido de minutos moribundos e brandos do corpo ao lado.

Afinal, tudo passa rápido e, como um incauto, grandiloquente e demente, temente de cair do trapézio num picadeiro inexistente, vou a brincar de ninguém. Um arauto e infausto ser a descer no inferno eterno onde o demônio, solene, nos espera de terno. Assim, quem sabe, criança e nada ser, me faça vivente numa esfera que a saudade de um tempo permeie de fugazes saudades e cicatrizes que vêm e vão como um trem fora dos trilhos, descarrilhado e solto para viver até aonde sua fumaça o levar.

Assim, no torpor que se repete a cada voz e verso, temporão de um tempo que tinha quitanda, luz de lampião e palavra vã, vou transpondo estradas de terra, mares e marés, ondas cheias de espuma densa, rios negros e invasores, senhores de sua fúria a voltear saudades infindas e crenças distintas de algo que a ampulheta da areia de anos e horas verteu. Por fim, no infindo crer que algo poderá haver, vou fluindo na imensidão que a loucura e a ternura ainda me dão. Um dia qualquer me entrego à eterna solidão.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

Kleiton e Kledir

Por Ronaldo Faria

“A fonte da saudade nem o tempo vai secar”.


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sábado, 28 de janeiro de 2023

As questões inquestionáveis

 Por Ronaldo Faria


Dedos, onde dedilhar?
Sede, onde beber?
Lágrimas, onde chorar?
Canseira, onde descansar?
Alhures, onde arrulhar?
Que mãos amansar?
Que olhos lacrimejar?
Onde ainda poder andar?
Viola, onde arranhar?
Bebedeira, onde desmaiar?
Que passos a passear?
Que trilhas a repassar?
Qual mentira recontar?
Haverá a ver na ventania?
Carinhos se aninharão?
Mãos se entrelaçarão?
Há amor logo ali no Leste?
Vento daqui bate na veste?
As pernas da morena se despem?
Que frigir de ovos padece?
Mas e os dedos: há dedilhar?
No mar existe um acabar?
Atracará nele o vil Calabar?
Um pacífico o mal pacificará?
Estarei eu aqui ou acolá?
Sonharei um sonho por fim?
Viajarei felicidades enfim?
Inquestionável saber de nunca mais.
 
A ouvir e ver Suzana Salles, Ivan Vilela e Lenine Santos.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Suzana, Ivan e Lenine - Enternecedor

 Por Ronaldo Faria


A efeméride da felicidade é finita. Já dizia o poeta que tristeza não tem fim. Razão maldita e infinita, infindável e insoldável. Uma coisa de saudade mísera e incontrolável, que demanda lágrimas e um vazio inominável, inenarrável. Dessas coisas que se tem sem saber porque. Que se esvai em cada batida de coração que teima em respirar o mesmo espaço onde antes o sorriso vertia. E haja desejo de tudo ter fim. De um reencontro que, sabe-se desde já, nunca acontecerá. Mas como eu quisera errado estar...

A ouvir e ver Suzana Salles, Ivan Vilela e Lenine Santos.

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Ao grande, inominável, João Nogueira

Por Ronaldo Faria


Ele pegou o primeiro ônibus que veio. Com hora marcada para ir e voltar. No ato, o asfalto pipocava milho transgênico e torrava ovo quebrado de sobressalto. A fumaça subia feito mato queimado. Tinha cheiro bom e fuligem ruim. Mas cadê a coragem de andar mais do que aquilo que se anda para viver? O sol, milimétrico e hermético em sua inconsequente forma de cozinhar neurônios, despeja suor pelo corpo e deixa sua trilha de passos largos e difíceis no subir e descer de ladeiras e benzedeiras.

Mas ele tinha horário e desmazelos a cumprir. Precisava passar por esquinas múltiplas e dedilhar descasos e acasos em cada pedaço de paralelepípedo refeito e rarefeito de ímpetos feito púlpito de um amor qualquer que se faz verdade no peito. Precisava correr seus segundos e fazer da virulência da vida finita a festa última de uma única eternidade letal. Era, enfim, um senhor de botequins que teimava em ficar lúcido feito Lúcifer agradecendo às ninfas ninfomaníacas o último beijo depravado que o deixou em descalabro.

Ele pegou o primeiro ônibus e teceu de vertigens e pesadelos o desmazelo de ludibriar a ociosidade da cabeça sendo desperdiçada entre horas e orgasmos solitários e asmáticos. Entra gente e saem pessoas. Sobem mulheres de pernas seminuas e descem arremedos de seres humanos e antropofágicos no limite entre um polo e o vértice de canto quantificado e qualquer. De quem deveria ser misto de finitude e fé. Do lado de fora, casarios e rios secos, árvores chamando água, nuvens esparsas e luminosidade múltipla e perpendicular. Não adianta tentar se esconder do sol. Ele busca cada ser para se perfazer de passagem injustificadamente fútil e fetal (porque nessas horas qualquer um gostaria de estar cercado de líquido amniótico na escuridão do ventre).

E cadê o vento? Cadê a cadência do samba? Cadê o bamba? Cadê a bunda? Cadê o quê?

Mas ele tinha um ponto a descer. Se arremeteu pela porta da frente defronte de uma fonte afrodisíaca qualquer. Gargalhou da própria vida, vivenciou retas e rotas rítmicas defenestradas de passos taciturnos nas brincadeiras lúcidas e voláteis, táteis e têxteis, transparentes. No fim, descobriu que nada é tudo e tudo é nada. E quantos mares a vencer de braçada só e tantos dias ainda. Ter até o próximo dia de conviver com a mudança de mais um ano...

Desceu e foi ver a fatídica verdade de mentir centímetros e sentimentos de gracejos e bocejos. E acabou. Acabou-se. Lavou-se de água salgada do próprio corpo e se banalizou na espera de um milagre qualquer. Muito ainda a falar, outro tanto mais a beber e alguns palmos a baixar. Como diria o pagode final: tudo sob a luz do candeeiro. Tudo sob os holofotes e focos de uma lente côncava e convexa. Mas, chega de conversa... O homem agora dá-se à própria sorte perversa.
 
Ele depôs (depois) sob o efeito de quatro latas e partiu para a quinta. Água no joelho e vodca de saideira. E viva o friozinho cheiroso da madrugada. Que a vida sempre seja assim: sem obrigações e sermões, medos da morte e diásporas do seu próprio mundo. Deu saudade do João Nogueira. Ele teria curtido este botequim. Sua benção, flamenguista e poeta querido.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Estar mil em bem pior, ou será Belchior?

  Por Ronaldo Faria


Açucena floresce apesar da mazela. Crença na infausta cena prolifera entre a vida real e a fera escondida pela vida maior. Nunca mais volta! Na revolta do destino, o desatino. O imbróglio de uma rua paralela onde o cavalo, livre, não vê mais a sela e o chicote. Talvez um bar noturno entregue às saudades insípidas que borbulham nas bolhas que sobem no copo de cerveja do bar. Um cowboy a retornar, a mulher a retomar o amor, trilha na perfídia do seguir.
No cheiro esmerado e guardado, rasgado e posto em queima num incenso qualquer, rola quem sabe Woodstock ou Janis Joplin. Senão, a simples e simplória paixão de uma filosofia. Se o fim de tudo é a morte, essa inconsequente e quente efeméride sem bolas de inflar e bolos de chocolate recheados de glacê, que chegue logo, em encanto. Num canto de apartamento qualquer, o corpo caído e flácido, temático, se tornará andador do novo andor.
No copo que faz demorar o demérito da bebida quente, o frigir de óvulos quando bate nos dentes da arcada debaixo. A reverenciar o passado, o escândalo da insurgente gente que nos recantos sem encantos se tornam tragédias, comédias e cantos. Talvez esmeris que troca poesia por sílabas e forja inodoras lembranças nas tranças da amada, ou nada. Menos de duas horas e já se fez história. E a despedida, catatônica, atônita cambaleante reverbera.
No campo tem uma flor que se chama gérbera. E sei lá se brota rápido ou se desconexa do sol da primavera. Pra mim, tanto faz ou tanto fez. No Canal de Suez, a morte briga para ter paz como tem a cana que morre no bagaço do engenho prenhe. Daqui, a limpar o teclado do fado que as gotas da embriaguez dão, vejo como a vida é foda. Entre a horda que busca a horta para curar a larica advinda, a cerveja voa para fora do copo. Insana e eólica tragédia.
No último beijo imperfeito, a mulher diz que é difícil voltar à realidade. Na cidade urbana e doidivanas, a trama de querer sobreviver amiúde. Embriagado, travado, cravado, gravado e postergado de si mesmo, o homem viaja nas loucuras que a brandura do anoitecer faz e fez. E volta às amargas saudades e lembranças. Em suas andanças febris e poéticas, lembra as amantes e infinitas pessoas. No fim, entoa a tragicomédia que a Cinédia não quis filmar.
 
Possamos nos permitir ir e vir de nossas loucuras e, talvez, quem sabe, ressurgir no dia seguinte, mesmo com a ressaca precípua e dores loucas numa cabeça tresloucada, voz rouca, na noite pouca. O caminhar fará sua parte, no aporte de seguir uma linha que vamos sempre transgredir

Emílio Santiago: de repente, um grande sucesso

Por Edmilson Siqueira 

Emílio Santiago foi, sem dúvida, um dos melhores cantores que o Brasil já conheceu. Sua voz segura, afinadíssima e a presença marcante fizeram desse carioca nascido em 1946, um grande vendedor de discos e um criador de vários sucessos e, além de levar novamente às paradas ótimas regravações de músicas mais antigas. 


Mas nem sempre foi assim. Contratado pela Phillips-Polygram em 1975, depois de gravar um LP pela CID, ficou por lá durante dez anos, lançando um LP por ano e vendendo, no máximo, 10 mil cópias, um número bem baixo para o tamanho do Brasil.  


Seu produtor à época era Roberto Menescal que, segundo depoimento dado ao programa Starling Cast, jamais conseguiu que Emílio gravasse um disco do jeito que ele pensava ser melhor. "Meu público não aceita esse tipo de música", dizia Emílio a Menescal. 


Por volta de 1985, Menescal saiu da Polygram e, logo em seguida, o contrato de Emílio não foi renovado. "Eu que o segurava por lá", disse Menescal ao programa.  

Roberto Menescal era um produtor de sucesso e só saiu da Polygram para se associar a um amigo e criar uma produtora própria. E o primeiro cantor que procuraram para um novo projeto foi justamente Emílio Santiago. Por quê? Menescal disse que foi um guru que lhe soprou que, não havendo nada de novo já perto do fim do século, ele teria de apostar em algo já existente para fazer sucesso.  


Emílio hesitou a princípio abraçar o projeto de Menescal e seu sócio, dizendo que não era seu estilo e que seu público não iria gostar. O sócio, segundo Menescal, foi mais incisivo: "Que público, Emílio? Aquela meia dúzia de pessoas eu vi ontem na plateia?" Diante da realidade, Emílio pediu para pensar. Menescal aproveitou: "Você tem até amanhã para decidir. É pegar ou largar!" 


Acho que os deuses da música interferiram na cabeça de Emílio naquela noite e, no dia seguinte, ele topou. 

O disco foi gravado num estúdio particular e foi oferecido a três gravadoras. Só que nenhuma quis aceitar, até que a Som Livre disse, segundo Menescal: "Se ninguém aceitar, eu aceito, mas eu não quero o artista, só o disco. O artista fica pra você." Menescal estranhou, mas fez um contrato com Emílio para aquele disco e assim a Som Livre promoveu e distribuiu o trabalho.  

Resultado: o disco do projeto que recebeu o nome de Aquarela Brasileira foi um sucesso e vendeu 850 mil cópias. E o projeto que era pra ser de um disco só, virou mais seis, vendendo perto de 6 milhões de cópias. 


"A ideia era simples: regravar músicas que foram sucesso, sem solo praticamente, é um show em que o cara canta o tempo todo", revelou Menescal no programa.  E disse ainda que Emílio, que "dormia num sofá-cama", um ano depois estava morando numa cobertura duplex em Copacabana e ficou milionário, tantos foram os discos vendidos e os shows que fez pelo Brasil afora. Depois dos sete Aquarela Brasileira, Emílio ainda gravou mais treze LPs, até 2011.

 

No dia 7 de março de 2013, Emílio deu entrada no Hospital Samaritano, em Botafogo, onde ficou internado na UTI após sofrer um acidente vascular cerebral. Ele morreu às 6h30 da manhã do dia 20 de março de 2013, aos 66 anos, por complicações no quadro clínico de AVC isquêmico, na falta de circulação sanguínea no cérebro. 


Muitos dos discos de Emílio Santiago estão disponíveis tanto para compra, nos bons sites do ramo, como para ouvir no YouTube e outras plataformas de música. 



segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

Quase lá

 Por Ronaldo Faria


(Ao som do Barão Vermelho)

Perto, perto, perto, muito perto e tão longe, tantã no afã, híbrido e louco. Pesadelos reais e recorrentes a cada dia, insofismáveis verdades que irrompem de dentro, sabe-se lá de onde. Aos poucos, a chegada da ferida que não sara, a vontade insana de rever a filha, a tristeza que lateja e sobrevive sem derrear. Talvez falte pouco, bem pouco, num desejo inclemente e profano de sair do jogo. Como fim de campeonato, não importa sequer para aonde a bola rola. Mesmo se há bola. Resta agora a vontade da degola, do gole inquieto, do despertar do feto da morte. A saudade é maior do que tudo. O vazio é impreenchível. E foda-se o que for dito depois que eu me for. Doente, depressivo, inconsequente, doente mental. De boa, caguei geral. Quero apenas juntar as cinzas de um e do outro animal. Depois e daí, seja o que for, na alegria que vier ou na obscura e verdadeira dor...

Cavaleiro solitário

 Por Ronaldo Faria O bar está fechado. Parece há tempo. Mas Hermínio não se dá por vencido. Enquanto houver uma sede por beber, beber-se-á. ...