terça-feira, 30 de setembro de 2025

Amedrontado

Por Ronaldo Faria

 

Toada tardia no fastio da saudade infausta que torna cada dia mais perto da essência finda de ser. As trilhas percorridas em corridas e passos largos para achar que se pode ser. O restante, diríamos de pulmões plenos, vá se foder!
Tempos de bares sonoros, cheios e solitários, antagonismos entre a felicidade e o fim. Lampejos de sortilégios que fogem a cada sono solitário e acordam no mundo insone para tragar em pesadelos o simples e etéreo dormir.
Brincadeiras efêmeras de macho e fêmeas, retornos etéreos entre beijos e versos, corpos transversos a roçarem o limite entre o começo e o fim. Coisa para iluminar de candelabros inexistentes os descalabros que a esperança dá.
Caminhar em ruas escuras, soturnas e tardias que a cada dia escurecem para depois se iluminar. Na cama, deitado e prostrado, o poeta venera o corpo desnudo e mudo que dorme a incerteza de que pode tudo do zero recomeçar.
Em mesas quietas e voláteis, táteis mãos não acariciam a pele ou os pelos que esperam esparramar ao derredor a dor de desejar. Na meia lua de um prato pálido, o comer fisiológico do que realmente se queria naquela noite comer.
No quarto, átimo de uma vida, a sentença crível e solitária de quem espera a amada que deixou fugir. Na rede que há muito deixou de balançar, o corpo abrupto, longe da terra natal, naturaliza o desejo de um dia ter seu bem-querer.
 
(Com o som de Beto Guedes)

Magos

 Por Ronaldo Faria Dois magos (homem e mulher, se é que em mago há sexo definido ao infinito) descansam na noite que brilha e dir-se-ia luna...