Por Ronaldo Faria
Toada tardia no fastio da
saudade infausta que torna cada dia mais perto da essência finda de ser. As
trilhas percorridas em corridas e passos largos para achar que se pode ser. O
restante, diríamos de pulmões plenos, vá se foder!
Tempos de bares sonoros,
cheios e solitários, antagonismos entre a felicidade e o fim. Lampejos de
sortilégios que fogem a cada sono solitário e acordam no mundo insone para
tragar em pesadelos o simples e etéreo dormir.
Brincadeiras efêmeras de macho
e fêmeas, retornos etéreos entre beijos e versos, corpos transversos a roçarem
o limite entre o começo e o fim. Coisa para iluminar de candelabros inexistentes
os descalabros que a esperança dá.
Caminhar em ruas escuras,
soturnas e tardias que a cada dia escurecem para depois se iluminar. Na cama,
deitado e prostrado, o poeta venera o corpo desnudo e mudo que dorme a
incerteza de que pode tudo do zero recomeçar.
Em mesas quietas e voláteis,
táteis mãos não acariciam a pele ou os pelos que esperam esparramar ao derredor
a dor de desejar. Na meia lua de um prato pálido, o comer fisiológico do que
realmente se queria naquela noite comer.
No quarto, átimo de uma vida,
a sentença crível e solitária de quem espera a amada que deixou fugir. Na rede
que há muito deixou de balançar, o corpo abrupto, longe da terra natal, naturaliza
o desejo de um dia ter seu bem-querer.
(Com o som de Beto Guedes)
