Por Ronaldo Faria
Lavar os restos prestos de
caminhos retos e banhados de assombrações e sujeira na pia entre louças e
poucas certezas e tantas incertezas? Mário, o telúrico, na lucidez inexistente
e premente de destrinchar o poema da vida e a vida da solidão, estava numa
trincheira da bazófia, seja lá o que isso tiver de ser. Saravá agora e pra onde
tiver de ter. Os santos tântricos que se guardem no aguardo.
Nas paulistanas e inconstantes
noites e madrugadas (já que traulitantes parece não existir no dicionário) os
corpos e copos encorpados nos corredores de sangue e volúpias se dilaceram e se
esmeram de cinzas e fumaças mil. No calor do inverno que a quirógrafa escreveu,
eu, ateu, até tento crer em Deus.
Catatônico, harmônico, afônico
e atônito, a puxar o último grau, o perdulário de emoções se faz maestro nos vórtices
que a vida dá. E caminha entre rios poluídos, ouvidos doidos e doídos, avenidas
cambaleantes de agora até ontem. Às feridas geridas em cada dor transversa e expressa
na falta de pressa que a madrugada traz, há um pouco e tanto, entretanto, de
silêncio e solidão. Assim, escancaremos dois à cara limpa que a vida finge resguardar. No
lugar em que a tragédia e a comédia se misturam cresce um pé de antúrios. Nas
Astúrias um conde qualquer tenta beijar a nova mulher. No albergue social o
morador das ruas tenta sobreviver a comer o que lhe dão com a plástica colher.
O que irá colher no seu quintal ínfimo já é outra leitura vespertina. Resposta
não há.
-- Ainda é esse o sabor de
veneno? Que coisa mais cretina. Preferia estar diante de uma cafetina ou de um
copo de cafeína.
Nas caixas acústicas e lúdicas
surge uma frase: “Olha o breque, Biafra...”
(Num boa noite com Arrigo Barnabé)
