Por Ronaldo Faria
Nesta Quarta-feira de Cinzas venho falar não de um disco, CD ou DVD. Vou me ater ao soundtrack (trilha sonora para nós tupiniquins) de uma série envolvente e que realmente é referência de qualidade em cinema – Euphoria. Gosto de cinema, sempre gostei. Pensei, no passado, fazer Faculdade de Cinema na UFF (Universidade Federal Fluminense), mas optei por Jornalismo. E fui cair na PUC/RJ. Entretanto, no meu trabalho de conclusão de curso (TCC) acabei tendo o Silvio Tendler, cineasta que é referência no documentário nacional, como meu orientador. Tive dois períodos com ele no curso, anteriormente, e ele me aceitou como orientando. Acabei tirando 10 no fim de tudo, com um trabalho sobre como a imprensa tratou, em charges e cartuns na mídia impressa (jornais e revistas da época), o Golpe de 1964 – seus anos logo anteriores e os posteriores. Enfim, não fiz cinema, como queria, mas tive o grande Silvio como professor e referência em informação fidedigna de como se contar a nossa história recente. O que tomei como exemplo e tentei seguir no Jornalismo.
Mas, voltemos à trilha sonora de Euphoria. É possível
encontrá-la em todas as principais plataformas de música, além de vários sites
e endereços deste mundo virtual (Spotify, Deezer, Amazon Music, no https://www.letras.mus.br/playlists/1001354/
e tantos outros), com número de músicas maior ou menor. Há pop, country, jazz, k-pop e hip hop. Ou seja, música para
todos os gostos. E todas igualmente envolventes como a série, que teve o
capítulo final da segunda temporada no último domingo (27/2) na HBO Max e na
HBO. Integram essa playlist, BTS, Tove Lo, Madonna, Ai Bendr, Stratus,
Kash Doll, Lana Del Rey, J. Balvin, Donny Hathaway, The Flamingos, 2Pac, Townes
Van Zandt, Willy William, Lizzo, Arcade Fire, Bobby Darin, Billie Eilish,
Beyoncé, Labrinth, Rosalía, Nahalia Jackson e Bulletboys, entre tantos outros.
As composições de jazz arrebentam. Mas, de todas as
músicas da série (ouçam e assistam), Summertime,
com Nahalia Jackson, é o ápice, pelo menos para mim. E olha que já ouvi essa
música em diversas gravações (e a mais fantástica delas com a imortal Janis Joplin). Para ouvir
é https://www.youtube.com/watch?v=0M4zUEGkdBw.
Há também uma composição de minha juventude –
I’m Not In Love, agora com
Kelsey Lu, que se supera. E até de antes – More,
com Bobby Darin. Há outras desse período. Mas, deixemos as músicas, que casam em cada cena como se
fossem feitas umas para as outras (talvez graças à coordenação musical do
rapper, cantor, compositor, produtor musical, ator e empresário canadense Drake),
e falemos um pouco de Euphoria, a série.
Ela gira em torno de Rue Bennett (Zendaya), uma jovem de 17 anos, dependente de drogas e em conflito consigo mesma e o mundo à sua volta. Ela se envolve com Jules (Hunter Schafer), uma adolescente transgênero. Mas o roteiro perpassa em outros personagens com igual intensidade. A trama gira em torno de um grupo de estudantes do ensino médio enquanto eles navegam no amor e nas amizades em um mundo que tem drogas, sexo, rotina da vida e todos os problemas e inseguranças que os jovens têm nesse período (como depressão, descobrir seu gênero, se aceitar, ansiedade e a busca por um caminho na sociedade e no seu universo particular). Enfim, um reflexo atual e pleno dos nossos tempos. Com indicação etária de 18 anos, Euphoria é um verdadeiro soco no estômago (no bom sentido) para quem acha que entende o que a maioria dos nossos jovens passam hoje, quando a aceitação geral ou a rejeição, tão instantâneas e cruéis no nosso mundo virtual, transformam vidas e pessoas. Na verdade, um espaço complexo e instantâneo entre ser e estar no mundo real.
Os atores são incríveis. Zendaya (atriz, cantora e
compositora que já faturou um Prêmio Emmy na categoria de melhor atriz em série
dramática em 2020 pela sua atuação em Euphoria) é além da conta. Ela também é
produtora executiva. Mas todos do elenco arrebentam. A direção arrebenta (o
criador, diretor e roteirista é Sam Levinson). A fotografia idem.
Quem trabalhou na edição merece aplausos mil. Enfim, esperemos que a terceira
temporada venha algum dia. Com certeza teremos uma nova trama imperdível,
atuações memoráveis e uma trilha sonora de tirar o chapéu. Esperemos, pois. É isso: vejam,
busquem as playlists das duas
temporadas e descubram o melhor e o pior de cada personagem. O melhor e o pior de cada um de nós. Afinal, eles são
jovens e atuais, mas pouco diferem daquilo que fomos, tentamos ser ou ainda
somos.
Ps.: uma outra dica, que não está na série, https://www.youtube.com/watch?v=R9AHAqu_bis. São três horas do melhor jazz e lounge bar. Para virar parte da noite ou da madrugada ao lado de alguém, de um copo ou um bom livro.