sexta-feira, 21 de junho de 2024

Prosa de violão no sertão

Por Ronaldo Faria


O violão proseia o dedilhar dos trastes que misturam saudade e hastes que nunca se sabe onde poderemos hastear. Nas mãos do poeta e profeta musical, a certeza de que há mais na vida do que a morte, o caos e a cal.
Na inexistente e ausente barbárie que o trinado do pássaro que sabe logo morrerá sem a árvore que é o seu lar, a reza que a perfídia faz prosear. No sonho do maior sonhador que transmite em si a própria dor, o torpor.
Quem sabe a sabedoria do povo tenha se perdido no cândido prosear daquele que sabe que nunca terá um lugar pra se largar. O lagar é o ultimato dramático que o apático dá ao porvir de mais um dia que termina em sua própria sina.
Mas, mesmo assim, o violão clareia a noite, faz pernoite nos corpos dos amantes arfantes a viverem suas poentes árias nas camas de madeira ou algo que se faz. Do alto, altaneira, a lua traz a ilusória e dormente, infinita, paz.

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