Por Ronaldo Faria
Um Cavalo de Tróia se meteu na
tramoia. No colo da mulher, a joia. Pra rimar, a selva tem a jiboia e no mar o menino
segura sua boia.
“Alô, rapaziada, cadê aquela apaixonada
tarada? Pelo visto, vamos ter mais uma noite a virar prato vazio sem mandioca!
Seca na horta.”
No som alguém diz que temos de
voltar à pilantragem. Mesmo se estiver à margem, com saudade ou na periferia
pueril da cidade.
Nas frases desconexas, um samba
zen, um imbróglio que se tem, o carro a correr mais de 200 para driblar o inoperante
e errante radar.
No mar, decerto e com certeza,
se a tese da travessia sob a chuva não rimar, ondas e sereias se misturam aos troços
que flutuam no soprar.
No asfalto quente que queima
as patas e os pés de andarilhos, ninguém teme passar pelos trilhos para sua
amada do subúrbio beijar.
Na mesa do passado, cubra
libre e gim com tônica estão atônitos com o casal afônico que troca línguas,
olhares e toques sentimentais.
Quem rogou a praga ou mandinga
o fez tão bem que nem a boa da lata consegue fazer dela um interregno em vidas
proscritas e desertas.
A musa louca estrangeira de
casamentos mil deve estar agora abotoada numa camisa de força ou desbotada nas
madrugadas molhadas?
Afinal, raio em X acerta na
mosca ou a mosca pousa resoluta, como uma filha da puta, justamente no lugar
que determinará a sentença final?
Em uma semana chega 2024. Quem
não conseguir segurar a onda que pelo menos se preste a cair de quatro e resistir.
Algo, saibam, irá florir.
As contas que chegam e
despencam feito tempero do feijão tropeiro no bolso acham que são eternas. E, voluptuosas,
carnudas, são mesmo.
“E aí, rapeize, agora vai? Há
décadas que diz que vai e, de repente, feito repente, não vai a lugar nenhum. O
poeta errou de maternidade.”
Carioca sem oca a ferver os
ovos no asfalto, uma ova! Do ovário da baiana surge a trama que parece nunca
virar rap, funk e nem sequer reggae.
No batuque do atabaque, o
baque da arritmia, a inóspita e sombria trilha de uma cascatinha que chega do
morro e vira torno para a vida tornear.
Na sala de aula, a opulência
da morena vinda de outros mares, alhures lugares e olhares. Na lousa, Karl Marx
vira cupido de prenúncios do Núncio.
Derrubar o morro ou não? A estrada
vai chegar? De que adianta com o “progresso” querer prosear? “Senhores
motoristas, vamos nos engarrafar.”
O vento que venta no ventilador
daqui não é o mesmo que joga o bafo quente do ventilador daí. Logo, nos ventilemos
para não ventilarmos mecanicamente.
Fernanda Abreu é como uma biografia
que a abreugrafia daria se tivéssemos seguido os maços e descompassos que nos brandiam
vitoriosos nas orgias.
“E aí, galera, em 2024 vamos
cruzar a esfera?” O vendedor de pacotes turísticos tenta descarregar a mais
rasteira quimera. Acho que irá se foder...
“Diz pra nós, sangue bom: você
preferia que voltasse o grapette, o crush, o mineirinho ou apenas o velho,
gelado, achocolatado e bom chicabon?”
Tempo bom em que o pipoqueiro que
estourava milho defronte da escola podia vender o Zorro, geleia colorida e amendoim
sem cocaína e afins.
Agora fodeu: gastei o dinheiro
do barbeiro em doce. Pra quem jogo a culpa? Na inflação que chegou no golpe de 64
ou no dono comunista da quitanda?
(Frases dedicadas à vascaína Fernandinha Abreu)
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