Por Edmilson Siqueira
Pensa num disco que soa moderno, mas que foi lançado há 67 anos. É disso que se trata esse "Somethin' Else", lançado em 1958, com Cannonball Adderley (sax alto), Miles Davis (trompete), Hank Jones (piano), Sam Jones (baixo) e Art Blakey (bateria). Também, pudera! Com esse time qualquer coisa que se fizesse podia parecer eterna.
E, para completar, embora traga o nome de Cannonball Adderley na capa, o álbum costuma ser lembrado também como um dos momentos mais luminosos de Miles Davis fora de suas próprias formações. Essa convivência artística gera um dos registros mais equilibrados, líricos e marcantes da era do hard bop.
Logo de cara, a introdução do piano, da bateria e do contrabaixo parece que vai nos levar para um mambo qualquer, mas quando ela termina e começam a entrar as primeiras notas de "Autumn Leaves" (J. Kosma e J. Mercer), o ouvinte sente estar diante de algo grandioso, o que vai ser fartamente comprovado nos quase 11 minutos de performance sobre o tema. O solo de Hank Jones, sempre elegante, reafirma a coesão do grupo. Já Art Blakey, com suas escovas precisas, age como quem não precisa impor nada mais do que o necessário. Sam Jones, no baixo, completa essa base com firmeza e discrição.
O contexto do disco é especial. Cannonball havia chegado ao sexteto de Miles pouco tempo antes, participando das gravações que antecederiam "Kind of Blue". Aqui, porém, o saxofonista assume o protagonismo e com seu sopro firme, caloroso, com um fraseado que combina blues, gospel e precisão moderna. Sua sonoridade contrasta com o trompete econômico de Miles. A interação entre ambos sustenta o coração expressivo do disco.
A segunda faixa é “Love for Sale”, um clássico de Cole Porter. Art Blakey marca um pulso mais vivo e dinâmico. Cannonball brilha especialmente, mostrando sua capacidade de transformar temas familiares em improvisações cheias de frescor rítmico. Miles, por sua vez, opta por um trompete seco e, claro, genial. O resultado é um contraste vivo, que prende a atenção de quem ouve.
E, para completar, embora traga o nome de Cannonball Adderley na capa, o álbum costuma ser lembrado também como um dos momentos mais luminosos de Miles Davis fora de suas próprias formações. Essa convivência artística gera um dos registros mais equilibrados, líricos e marcantes da era do hard bop.
Logo de cara, a introdução do piano, da bateria e do contrabaixo parece que vai nos levar para um mambo qualquer, mas quando ela termina e começam a entrar as primeiras notas de "Autumn Leaves" (J. Kosma e J. Mercer), o ouvinte sente estar diante de algo grandioso, o que vai ser fartamente comprovado nos quase 11 minutos de performance sobre o tema. O solo de Hank Jones, sempre elegante, reafirma a coesão do grupo. Já Art Blakey, com suas escovas precisas, age como quem não precisa impor nada mais do que o necessário. Sam Jones, no baixo, completa essa base com firmeza e discrição.
O contexto do disco é especial. Cannonball havia chegado ao sexteto de Miles pouco tempo antes, participando das gravações que antecederiam "Kind of Blue". Aqui, porém, o saxofonista assume o protagonismo e com seu sopro firme, caloroso, com um fraseado que combina blues, gospel e precisão moderna. Sua sonoridade contrasta com o trompete econômico de Miles. A interação entre ambos sustenta o coração expressivo do disco.
A segunda faixa é “Love for Sale”, um clássico de Cole Porter. Art Blakey marca um pulso mais vivo e dinâmico. Cannonball brilha especialmente, mostrando sua capacidade de transformar temas familiares em improvisações cheias de frescor rítmico. Miles, por sua vez, opta por um trompete seco e, claro, genial. O resultado é um contraste vivo, que prende a atenção de quem ouve.
A seguir surge a faixa-título, “Somethin’ Else”, de autoria do próprio Miles Davis. É uma peça construída sobre um padrão sutil que se abre ao diálogo entre o trompete e o sax. Miles toca com economia, mas Cannonball expande melodias com potência e fraseado cantável. A diferença entre os revela como elas podem ser complementares e não antagônicas.
A quarta faixa é "One for Daddy-O" de Nat Adderley, trompetista e irmão mais novo de Cannonball. Sob um tema aparentemente simples, o grupo mostra toda sua versatilidade em transformar em ouro puro jazzístico o que lhe cai em mãos. O sax de Cannonball se sobressai em notas fortes, sempre com o acompanhamento primoroso do baixo e da bateria.
Outro clássico, "Dancing in the Dark" (A. Schwartz e H.Deitz) vem a seguir. É o momento mais intimista do disco, com longo e expressivo solo de sax beirando um blues atravessa a faixa toda.
Por fim, "Bangoon" do pianista Hank Jones, completa os cerca de 45 minutos do disco com um encerramento alegre, aberto com Davis caprichando nas notas rápidas, sendo seguido pelo sax de Cannonball. Tudo muito bem acompanhado pelo piano, bateria e contrabaixo, num ótimo exemplo do que a "turminha" podia fazer junto.
"Somethin’ Else" é, acima de tudo, um encontro raro: são músicos no auge da maturidade criativa, reunidos em torno de um repertório enxuto e tratado com uma combinação de espontaneidade e rigor estético.
Mais de seis décadas após sua gravação, "Somethin’ Else" permanece um daqueles discos que convidam tanto a escuta atenta quanto o puro deleite musical. É jazz de alta voltagem, capaz de combinar técnica e beleza formal com aparente naturalidade. Um clássico que soa sempre novo.
O CD e o LP estão à venda nos bons sites do ramo, mas os preços são meio salgados. Ele pode ser ouvido no YouTube na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=u37RF5xKNq8&list=PLTIb4fKCEAevQGcDKFIXdimOXsMK4uVNv .
A quarta faixa é "One for Daddy-O" de Nat Adderley, trompetista e irmão mais novo de Cannonball. Sob um tema aparentemente simples, o grupo mostra toda sua versatilidade em transformar em ouro puro jazzístico o que lhe cai em mãos. O sax de Cannonball se sobressai em notas fortes, sempre com o acompanhamento primoroso do baixo e da bateria.
Outro clássico, "Dancing in the Dark" (A. Schwartz e H.Deitz) vem a seguir. É o momento mais intimista do disco, com longo e expressivo solo de sax beirando um blues atravessa a faixa toda.
Por fim, "Bangoon" do pianista Hank Jones, completa os cerca de 45 minutos do disco com um encerramento alegre, aberto com Davis caprichando nas notas rápidas, sendo seguido pelo sax de Cannonball. Tudo muito bem acompanhado pelo piano, bateria e contrabaixo, num ótimo exemplo do que a "turminha" podia fazer junto.
"Somethin’ Else" é, acima de tudo, um encontro raro: são músicos no auge da maturidade criativa, reunidos em torno de um repertório enxuto e tratado com uma combinação de espontaneidade e rigor estético.
Mais de seis décadas após sua gravação, "Somethin’ Else" permanece um daqueles discos que convidam tanto a escuta atenta quanto o puro deleite musical. É jazz de alta voltagem, capaz de combinar técnica e beleza formal com aparente naturalidade. Um clássico que soa sempre novo.
O CD e o LP estão à venda nos bons sites do ramo, mas os preços são meio salgados. Ele pode ser ouvido no YouTube na íntegra em https://www.youtube.com/watch?v=u37RF5xKNq8&list=PLTIb4fKCEAevQGcDKFIXdimOXsMK4uVNv .
*A pesquisa para este artigo foi auxiliada pela IA do ChatGPT.


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