sábado, 26 de março de 2022

À Roberta Sá

Pandeiro a tocar seu ritmo arrítmico diante da madrugada malfadada que me apraz. Um pedaço de arremedo. Um incansável e inefável sofrer. A dor que bate no pinho o dedilhar que o punho segue os dedos e se refaz. Uma voz a soar a sina. O sonho de um lábio molhado onde o arcanjo voraz sorve sua sede de pecado. Quem sabe a imensidão dos impropérios etéreos que se desdenham nas notas de um mascarado poeta na quarta-feira de cinzas a se desdobrar entre ser ou não ser. Um embriagado viver de memórias inenarráveis e o futuro que não existe por não ter. Há muito a se ver. Brincadeiras de asneiras e as ladeiras de uma Olinda finda no subir e descer. O inglório desdenhar de pesadelos em desmazelo, o zelo de cuidar do que resta de você. Cancioneiro de notas deletérias e etéreas. Um desgrenhado mistério que se joga em sobras devagar. A vagar me faço sem ser.

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