sexta-feira, 20 de setembro de 2024

Estar mil em bem pior, ou será Belchior?

 Por Ronaldo Faria


Açucena floresce apesar da mazela. Crença na infausta cena prolifera entre a vida real e a fera escondida pela vida maior. Nunca mais volta! Na revolta do destino, o desatino. O imbróglio de uma rua paralela onde o cavalo, livre, não vê mais a sela e o chicote. Talvez um bar noturno entregue às saudades insípidas que borbulham nas bolhas que sobem no copo de cerveja do bar. Um cowboy a retornar, a mulher a retomar o amor, trilha na perfídia do seguir.
No cheiro esmerado e guardado, rasgado e posto em queima num incenso qualquer, rola quem sabe Woodstock ou Janis Joplin. Senão, a simples e simplória paixão de uma filosofia. Se o fim de tudo é a morte, essa inconsequente e quente efeméride sem bolas de inflar e bolos de chocolate recheados de glacê, que chegue logo, em encanto. Num canto de apartamento qualquer, o corpo caído e flácido, temático, se tornará andador do novo andor.
No copo que faz demorar o demérito da bebida quente, o frigir de óvulos quando bate nos dentes da arcada debaixo. A reverenciar o passado, o escândalo da insurgente gente que nos recantos sem encantos se tornam tragédias, comédias e cantos. Talvez esmeris que troca poesia por sílabas e forja inodoras lembranças nas tranças da amada, ou nada. Menos de duas horas e já se fez história. E a despedida, catatônica, atônita cambaleante reverbera.
No campo tem uma flor que se chama gérbera. E sei lá se brota rápido ou se desconexa do sol da primavera. Pra mim, tanto faz ou tanto fez. No Canal de Suez, a morte briga para ter paz como tem a cana que morre no bagaço do engenho prenhe. Daqui, a limpar o teclado do fado que as gotas da embriaguez dão, vejo como a vida é foda. Entre a horda que busca a horta para curar a larica advinda, a cerveja voa para fora do copo. Insana e eólica tragédia.
No último beijo imperfeito, a mulher diz que é difícil voltar à realidade. Na cidade urbana e doidivanas, a trama de querer sobreviver amiúde. Embriagado, travado, cravado, gravado e postergado de si mesmo, o homem viaja nas loucuras que a brandura do anoitecer faz e fez. E volta às amargas saudades e lembranças. Em suas andanças febris e poéticas, lembra as amantes e infinitas pessoas. No fim, entoa a tragicomédia que a Cinédia não quis filmar.
 
Possamos nos permitir ir e vir de nossas loucuras e, talvez, quem sabe, ressurgir no dia seguinte, mesmo com a ressaca precípua e dores loucas numa cabeça tresloucada, voz rouca, na noite pouca. O caminhar fará sua parte, no aporte de seguir uma linha que vamos sempre transgredir.


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