Por Ronaldo Faria
-- Você já foi atrás da
cerveja errada, comprou e vira essa que se se esquece na geladeira e só dá ressaca?
-- Infelizmente, sim...
-- E o que fazemos? Jogamos
fora?
-- Nem fodendo. Um dia
far-se-á néctar da embriaguez.
José e Ronaldo, dois seres diferentes,
divergentes e carentes de decilitros, mililitros ou algo que não cheire a perfume,
ao menos numa coisa concordavam: lúpulo e cevada têm que casar feito Deus e
Satanás. Têm que ser arroz e feijão, ovo e omelete, onda e mar. Se tiverem algo
que os separe, saibam que nem nas cercanias do inferno da mente irão se encontrar.
Serão coisa modorrenta e nada mais. Afinal, beber não é só se embriagar...
-- Cerveja é que nem barbeiro?
Cola num até ele morrer?
-- Com toda a certeza.
-- Cabelo e cerveja são coisas
unidas?
-- Mais ou menos. Talvez como
o escrever e o verso. Os dois são dor, crescem e dão sorte e azar, ou são
somente novo amanhecer.
Viventes prementes e ausentes
do que pode ser aqui ou sei lá, do lado daqui e de acolá, certamente os dois não
cantarão a essência do sonhar no blues que virá.
-- E aí, vale viver e seguir
coisas perpetradas no bem-será?
-- Se não valer e seguir, aí
fodeu geral...
No mundo externo e terno que
se abarca lá fora, copos se levantam e se postam nas mesas, beijos e fodas se
abrem em pernas e bocas, loucos e loucas se fundem e se entregam nas falsas
tréguas que a insensatez dá. Aqui ou no Afeganistão alguém estará a frigir os
ovos e óvulos com tesão.
-- Há explicação para se viver
aqui ou em Berlim?
-- Sei lá. Nalgum lugar haverá
uma colombina na busca de um arlequim. E vice-versa. Quer dizer, é tudo uma
mesma merda. Só muda o palavreado e o fim.
(Com Itamar Assumpção)

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