Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Encarquilhado, defenestrado, com
alguém que nem a gente (em mente) a dizer na fila do ônibus, “por favor, pode
subir”. Carros pararem nas ruas e os motoristas com um gesto de afeto a mexerem
as mãos num “pode passar”. Gumercindo estava assim: entre o começo do fim
definitivo e o fim efetivo do começar a dormir a sete palmos. “Nem fodendo,
quero ser cremado. “Do pó viestes, ao pó voltarás!” Do alto, se alto ou algo existir,
Deus briga por sua alma com Satanás. Na rua, um samba de pagode eclode.
Numa tela dessas que fica
ligada nas vitrines de loja popular pulula um vídeo do Ney Matogrosso. “Quero
chegar aos 82 que nem ele. Lógico que não terei a grana que ele tem, mas me
basta o seu pique. Não estar babando na fronha.” O pensamento de Gumercindo se
espraia pela noite que se embrenha numa futura madrugada tragada de mais um
dia. E brota de notas que se denotam ao silêncio quieto que surge feito grotão
escondido num pequeno senão. Como a grota em Angico que matou Lampião.
Sonoro, bêbado, embriagado,
feliz por ter comprado dois reais e vinte centavos de bala de canela, Gumercindo
se refastela nas vielas que separam seu dilema da trama grandiloquente que
sobrevive sem trema. Na trama subsequente (e cadê a trema de novo?), está no
barraco a ferver um ovo. Beberá um gole de pinga barata e logo dormirá naquilo
que deitar de bruços vale um largar. Ney canta que vale romper tratados e trair
os ritos. Na vida de caminhos tortos, que sobrevivam os poucos e derradeiros
sangues latinos.
Por Ronaldo Faria
Na discoteca que se entrecorta
no palco imaginário da imaginação cortada por devaneios e solidão, chacretes
rebolam como se fossem um avião em turbulência. Sentado defronte da tevê a
cores, não 4k, Climério, deletério do mundo real, viaja a cada rebolada sinuosa
de Cléo Toda Pura, Esther
Bem-Me-Quer, Índia Potira, Lucinha Apache ou Sandrinha Radical. Enlouquece com Mirian Cassino, Sandra Pérola Negra, Pimentinha,
Loura Sinistra e Suely Pingo de Ouro. Não se contém ao ver Graça Portellão,
Valéria Mon Amour, Fátima Boa Viagem, Beth Boné e Lia Hollywood. Por favor, não falem de Rita Cadillac... Assim é querer
matar do coração e tesão Climério em pleno porvir.
Nas luzes que
emanam da televisão, trevas inexistem. Se persistem, só será após o corpo
dormir e a irrealidade da mente continuar a vibrar. “Vocês querem bacalhau?”
Certamente Climério gostaria de estar no auditório para pegar um bacalhau
inteiro. Valeria o peso na testa, se ali pegasse, e o cheiro no ônibus. Se o
cobrador viesse a reclamar, que vá buscar os seus direitos imperfeitos. “O
Velho Guerreiro que mandou pra mim, otário!” Feliz, seguiria seu rumo sem prumo
a tentar aprumar a direção que vai em direção contrária ao mar. Num trilho de
trem abortará seu infeliz sonhar. Cairá na realidade promíscua que só as coxas
e peitos das chacretes ainda enaltecem. Dormirá feliz. Do sofá para a cama, num
quarto e sala, o caminho é rápido como um triz. Na vida real, Chacrinha, a
buzinar o pseudo céu, se céu de fato existirá, apenas rirá. Ao fundo, no mais
profundo limiar, alguém grita chamando T(h)erezinha.
Por Ronaldo Faria
Esperar para antes não vai dar
em nada, assim como a lua só beija de esgueiro a madrugada. Reunidos, os
foliões e foliãs folheiam na lente da máquina que espoca um flash a quebrar o
desfile que logo chegará. Na rua, um frevo desce a ladeira para logo depois
pedir para subir. Mas, no brandir de um papel, tudo virou fel...
Por Ronaldo Faria
Que notas sairão do violão? Onde o pinho e o corpo nu da mulher se unirão para tocar os acordes que acordarão o mais insone dos homens? Em que dedos e solfejos transbordarão de prazer ou ilusão a maior das solidões?
Por Ronaldo Faria
Bebamos. Bebamos ao átrio onde
o espaço seja de copos mil, conversas delineadas entre a razão e a loucura, lancinantes
pelejas onde haja vencedores e vencidos, em que cada um transcenda centilitros
e mililitros de performances perdidas no tempo e ventres desnudos em que apenas
se sonha. Bisonha, a noite profanará lampejos de um dedilhar de violão, um som
de cavaquinho, um pandeiro perdido numa esquina qualquer, todos para profanarem
o silêncio que dorme junto ao corpo da mulher. Talvez, logo além, uma voz. Um lábio
delicado a bordar de beijos a promíscua escuridão, tão pueril como desejo mais
insano de caminhar a noite como fosse ela mero pernoite numa praça de casais a
se acariciarem no luar.
Esperemos. Esperemos que o inerte
colapso da mão que afaga o cão na esquina seja a mesma sina da amante que,
desvirginada, espera reparar seu erro com o toque de uma varinha de fada. A luz
de lampião, que teima em fugir dos postes enferrujados pela chuva fina, se
enternece ao viver em reflexo nas gotas de suor que caem do rosto do guarda que
corre atrás do menino que roubou a maçã do feirante. Nas pedras de
paralelepípedos quadriláteros e escuros, um brilhar que se consome no barulho
dos Fordes que, igual aos seus donos, são tais e têm bigodes. No botequim, onde garçons e garrafas
mil se misturam e sobem e descem, corre e vazam, as decisões plenas ou
prósperas esperam apenas a hora vagarosa passar.
Possamos. Possamos, pois, passear em
notas e cifras, acordes a nos acordarem da letargia que chega logo depois do
décimo copo de pinga. Feito Posseidon, dominemos nossos mares bravios que têm
como porto o corpo da amante, vençamos terremotos
que teimam em existir nas ladeiras, eiras e beiras de quando o sol ainda não
nasceu, impeçamos as tempestades que desaguam entre copos a mais e bílis de
menos, e domemos nossos cavalos que teimam em correr por pradarias de asfalto
onde carros refletem o perigo do fim. Protetor das águas derramadas em garrafas
vazias e auxiliar dos marinheiros de última ou primeira viagem, que o deus
grego de cada um apenas descanse um dia no fotograma perdido entre imagens mil.
Por Ronaldo Faria
Perdi o texto anterior. Erro
meu ou da poesia? Certamente meu, entregue a nada a viver. Como diria o poeta
em verve, “a poesia não serve pra nada”. Como no passado, corta a lauda,
reescreve, cola tudo, faz de conta que o papel é algo a se refazer e revisar. E
era. Mas, agora, como reaver aquilo que um dia longínquo se pensou? Não há como.
No anacrônico pincel do tempo não existe voltar atrás. Aqui, a boca insana só chama
outra boca escondida numa traquitana
esperava a se esgueirar para beijar...
Por Ronaldo Faria
Em fotos gravadas e cravadas
no coração, fatídicas realidades do tempo, vemos o quanto estamos velhos. Quer
queiramos ou não, o tempo, como disse o poeta do Baixo Leblon um dia, não para.
Mas, agora, a ouvir Vinicius de Moraes, aquele que me lançou nessa vida de
tentar escrever, redescubro que ainda não é o fim. Talvez interregno, quiçá um
menino.
O quanto ainda pudermos
sonhar, relembrar e nos embriagar, o façamos. Possamos ainda fazê-lo. Afinal,
entre erros de português e alvissareiras mensagens do além, saibamos antever o
fim que se interpõe no pouco ser. Mas, onde anda você? Saber-se-á. E quem irá
querer saber? À saudade terna e fraterna, a irrealidade de adorar algo que ainda
virá?
Se Vinicius vivo estivesse se perguntaria:
“Morrer de gordice ou cirrose:?” Que a segunda opção esteja certa além da
conta. Que no sangue da clínica de reabilitação do Poeta e Grande Otelo haja
sangue no álcool. Afinal, para nós, meros mortais, o que poderemos fazer ou
revisar as mentiras que a poesia tenta nos impor e fazer verdade na mentira
maior?
Por Ronaldo Faria
Não sei se saberei falar dos Mutantes agora. Afinal, não estou numa ágora. Falta-me a praça pública e a mulher púbica para grassar. E nem Rita Lee há mais. Mas, afinal, o que hoje haverá? Talvez um mar distante, uma saudade equidistante, um náufrago se afogando errante? Quem poderá delimitar a fátua linha entre a verdade, a sanidade e a sina? Torquato Neto naquele momento final teria razão ou não? Quem, em sã consciência, poderá responder ou viralizar (leia-se que o Word do Windows 11, talvez já velho, não aceita a palavra viralizar)? Como os tempos mudaram e se transmutaram. Mas, bata macumba... Bata incomensurável e afável a quem lhe quiser. Sejamos nós apenas um nó a mais entre a vida e a finitude. Na amplitude da efeméride proscrita e aflita, possamos procrastinar o que ainda nos resta, sem pressa. À inválida e vazia panela da eternidade não façamos filé mignon onde carne de terceira tiver...
Por Ronaldo Faria
Devia ter tido, sido, vivido. Ou ao menos assim dizia o poeta que sai
dos cinco autofalantes. Ou não dizia? Terá sido delírio? Perfídia, som de
mídia. Na promessa de estar junto nem que seja num asilo, a ensandecida magia. No
auxílio de si mesmo, o homem profetiza que a vida é apenas uma falácia. No
jardim brota uma acácia.
João manda um beijo para
Emília via virtual. No mundo atual, pouco mais há que se fazer. Talvez uma
caminhada tresloucada, um romance cheio de histórias realizadas, frases nunca ditas,
desditas ao vento ou o tempo, frágeis por apenas serem frases. Mal ditas,
malditas, transversas e finais. Nos algoritmos dos novos tempos, temporais de
ventos mil que nunca saem para somente, em semente morta, realidade ser.
João sabe que cada movimento
seu é algo a esmo, nas efemérides de quem é triste. Que seus desejos e ensejos
nada são ou serão. Talvez um dístico que não escreveu, mutilado. Um fado
tardio, um tango execrado no salão. A incerteza múltipla da solidão. As
inverdades intrínsecas na vazia estrada da imensidão.
João, cercado de fotos e fantasias vadias, se transforma num ser amiúde, desses que a gente vê a cada passo que dá nas ruas quentes e secas. Nas vielas da favela, a singela figura da mulher se faz e desfaz. Diante da birosca, na esquina que barricadas ainda deixam ter, um bêbado ou outro finge ter a lucidez que já se foi. Quase tropeça no meio fio que ainda fia a vida que depende só de uma queda para esvair. Espera o Uber que o levará de volta na insólita estrada para o chegar que é só partir. Trêbado, submerso na sua imensidão, posterga ver os poucos pórticos que ainda existem e resistem entre a realidade e a solidão. No mais, só servidão.
Por Ronaldo Faria
Os olhos aos poucos falham.
Haverá farofa a ver logo ali do depois? Na troca de óculos constante, a
frustrante certeza de que falta pouco no oco viver. A incrustrada verdade que
voa a saber que não haverá volta. Na blasfêmia da rotina de cada segundo, a
falta do tal centro geodésico.
Liberto de vestes etéreas,
sem, porém, vetusto ser, Camilo caminha em si mesmo. Dá voltas nas tantas
curvas, esquinas, ruas, avenidas, estradas cheias de pó da saudade. Sua roupa tem
rasgos do tempo, costuras feitas a mão, dessas que a gente fura os dedos com
agulhas de costurar feridas e buracos que nunca fecharão. Quase tosco, antropófago
de si mesmo, suicida de uma história, vê que o cérebro, aos poucos, está a
apagar. Hoje, sai a vagar claudicante e arfante por não ter aonde chegar. Entre
pesadelos enegrecidos e desejos proscritos, vive o pouco que decidiu
sobreviver.
-- Até quando, me perguntaria
o Armando...
O tal Armando era o último
amigo de Camilo. Conhecido de anos muitos atrás, desse tempo que hoje apenas a
saudade traz. Não fique, além disso, porém, raro leitor. Armando há muito já se
foi do mundo dos vivos. Talvez agora esteja em algum lugar de um céu qualquer a
ver seu amigo professar profecias iniquas e inexistentes na realidade que ainda
há.
-- Brinde procê, mano velho!
Com disco na vitrola, Camilo caminha a esmo na
madrugada seca e insólita.
-- E se o homem acabar com a
Terra? Se ela nos autodevorar por tudo aquilo que fazemos com ela? Se um louco
resolver um botão apertar? Se o coração nesse próximo segundo resolver parar?
Perguntas. Mil perguntas a assuntar.
Era isso que Camilo tinha para pensar. Amou em vida o que, aquilo e quem pôde.
Mais não o fez foi porque não conseguiu.
-- Mas com o que tinha, botei
pra quebrar...
Liga a tevê, muda de canais de
forma enlouquecida e sôfrega. Não para sequer um minuto em qualquer um deles
ficar. Surgem rostos, vozes, obuses de uma guerra externa, anúncios de
margarina feliz, atores e atrizes a volatizarem em gamas de pequenas luzes.
Para ele, nada mais serve de alento. Camilo apenas espera uma veia estourar no
cérebro, um pulmão deixar de se encher de vento, o coração decidir descansar,
os olhos fecharem para nunca mais precisarem de óculos de lentes e armações. Do
lado de fora, aforismo de tudo, uma chuva cheia de relâmpagos se arma para
cair. Quieto, levanta, vai até a cozinha e abre outra garrafa que embriagará sua
dor. Na secura do tempo a fumaça de vapor volatiliza a vida...
Por Ronaldo Faria
O medo, no entrevero da dor, se torna passado sem trono. Na voz da Gal, tudo está legal. Revejo o Rio de Janeiro. A todo o vapor me transformo em vaporização equânime naquilo que vivi, decerto. Dos tempos de nascido na capital do País até aqui, submergi e sobrevivi. Precisa mais? Quem sabe sim, quem saberá não. De antemão, sugiro um rever tão cansado que nem saberia responder. Quiçá, me transformaria num demente cheio de anéis. Na lua que se faz anular a cada mês, mesuras mil. Tenho mil passados a chamar de meu amor. Amortizado, mortificado, calcinado, prossigo. Como pegasse a próxima lata sem sequer ver que não acabei a anterior. Mas o tempo é isso: promíscuo, findo, fátuo, fatídico, presto a ser seu próprio fim. Na voz de Gal, não estou indo embora, ainda. Baby, sejamos um mundo próprio e próximo daquilo que o universo, em verso, procrastinou. Alegria e calma arrebatam cinquenta músicas a tocar. Na verdade, meu verdadeiro amor há 30 ou 40 dias está desparecida. Dessa coisa que a gente arranca até dos contatos do passado para não buscar numa embriaguez volátil. O que se foi, como diria o poeta, não pode, agora, fazer mal nenhum a mim, nem a ninguém ou a nada. Cavalos de santos perdidos no céu, nos aportamos num meio dia ou meia noite. Sempre na tua glória, estejamos sanos ou insanos... Santo Waly, nos faça um Salomão a seguir os ditames que nunca foram escritos por rei qualquer. Sejamos nós a voz e a verve de uma inócua e simples lenda.
Por Ronaldo Faria
A noite, como diria o novo poeta
Salomão (não o Waly), insiste em não passar. Talvez, quem sabe, uma felina leoa
poderá nos tocar, beijar e amar. Certamente encontraremos uma tal em alguma esquina
de algum lugar. Num bar? Será? Nas calçadas que a mulher-menina anda
despreocupada a viver? Quem irá saber? Talvez numa trama que se entranha em
meia hora ou na eternidade que destoa da realidade que nos jogará aos vermes ou
ao forno quente que traz ausente às cinzas finais, frugais, o esmaecer da vida
finda. Agora, pouco importa. A porta fechada e o som restrito nos faz ao menos
crer. A poucas horas iremos orar saber-se-á para o que. A vida, efêmera, surge
como a fêmea que habita em cada alvorecer. Senão, seremos perguntas atávicas a
pincelar dúvidas antropofágicas e letárgicas que destoam de ser em si.
Por isso a noite é o fim da tarde. Aquela que traz o que já se desfaz na possível chegada de mais uma madrugada. A alvorada, ao coração que ainda bate será a nossa grande pergunta. Chegará? Far-se-á? Irá saber lidar com as ressacas, com o céu a transmutar-se e o sermos somente por sermos? Nalgum lugar uma semente certamente brotará. Senão, que sejamos feito feijão e pão. Comidos no dia que sucumbe apenas para no calendário podermos existir e viver. Na existência extrema de sempre aprendermos naquilo que hoje há e naquilo que virá, sejamos prosa e poesia, cantada, escrita ou declamada. Senão, possamos aprender que a vida se renova e se faz nova, queiramos ou não. Ainda bem que a morte perpétua do passado e do presente perpetua o renovar de um criar que deita no peito nosso antes de dormir.
Por Ronaldo Faria
Maria Bonita acorda desesperada. Talvez soubesse que uma bala irá lhe
dar bom dia. Não haverá mais choro, trilhas com plantas carcomidas e secas do
sertão, nem mesmo um cantão na grota de Angico. Nada sobrará. Nem calangos,
cangaceiros ou macacos. Talvez, no futuro, um augúrio. Quem viver, verá.
Nas vertentes das veredas que se
embrenham na lua que se esconde no céu, trabucos soltam o som da morte e descobrem
no sangue derramado a trama que nenhuma viola saberá tocar. Depois da matança, cabeças
expostas ao vento, os homens e mulheres, alhures, viram apenas festança e
esperança de cordelistas pelo mundo. Sejam eles primogênitos ou geneticamente
curtidos no sertão do passado, de lampiões de querosene e luares imensos ao som
de um gado que vai parir e morrer, seguem no precipício que há entre o nascer e
findar. Serão fotos, decapitados de seus corpos antes andantes e amantes,
viverão em histórias mil. Serão cantados, declamados, difamados, afortunados
por sobreviverem aos tempos que cada vez menos tempo nos dá. Como parte de um
país senil e febril, semearão amores e ódios, ordinárias vertentes de sementes
que, com certeza e presteza, brotarão. E caberá a cada um desdenhar ou regar o
que disso puder sobreviver... Daqui, do mundo moderno, vejo, sem credo, que
como diria o poeta, a mula pula. Ou seja, nada sei e sei que nada nunca
saberei.
Por Ronaldo Faria
As frases. De onde surgirão as
frases, como fossem sentenças embaralhadas pelos óculos errado? Ou, senão, como
fossem ósculos perdidos na insana e doidivanas saga do amor.
De onde virão feito vendaval
em sofreguidão? Sairão do desejo e do ensejo de que seremos donos de nós mesmos
ou apenas são brinquedo feito chalana a correr no rio vazio?
E as sílabas? Sibilarão em
cobras com vontade de picar a primeira sombra que vier com o luar ou irão fugir
com o rabo entre as inexistentes pernas para o fundo de terra que der?
Nunca saberemos. Certamente
não nós a quem foi dado o destrato de tratar rimas como fossem ruínas de um
texto que se trata de saudades e maldades que a vida nos dá.
Por isso somos apenas um
limiar que há de lumiar entre a luz e o negror da própria dor. Nos goles que
dão a mansidão da imensidão e se tornam prolixos em inerte servidão.
E surgem parafraseados
entremeados de letras mesmo que quase nulas para iletrados. E assim vamos a
correr nas estradas de São João da Freguesia, sem saber se haverá sangria.
Por Ronaldo Faria - Você só pode estar de sacanagem querendo que eu vá ao enterro da Jacinta. Sinto muito, mas eu é que não vou! - Mas, C...