segunda-feira, 13 de novembro de 2023

Ao som chacrineado

Por Ronaldo Faria

 

Na discoteca que se entrecorta no palco imaginário da imaginação cortada por devaneios e solidão, chacretes rebolam como se fossem um avião em turbulência. Sentado defronte da tevê a cores, não 4k, Climério, deletério do mundo real, viaja a cada rebolada sinuosa de Cléo Toda Pura, Esther Bem-Me-Quer, Índia Potira, Lucinha Apache ou Sandrinha Radical. Enlouquece com Mirian Cassino, Sandra Pérola Negra, Pimentinha, Loura Sinistra e Suely Pingo de Ouro. Não se contém ao ver Graça Portellão, Valéria Mon Amour, Fátima Boa Viagem, Beth Boné e Lia Hollywood. Por favor, não falem de Rita Cadillac... Assim é querer matar do coração e tesão Climério em pleno porvir.

Nas luzes que emanam da televisão, trevas inexistem. Se persistem, só será após o corpo dormir e a irrealidade da mente continuar a vibrar. “Vocês querem bacalhau?” Certamente Climério gostaria de estar no auditório para pegar um bacalhau inteiro. Valeria o peso na testa, se ali pegasse, e o cheiro no ônibus. Se o cobrador viesse a reclamar, que vá buscar os seus direitos imperfeitos. “O Velho Guerreiro que mandou pra mim, otário!” Feliz, seguiria seu rumo sem prumo a tentar aprumar a direção que vai em direção contrária ao mar. Num trilho de trem abortará seu infeliz sonhar. Cairá na realidade promíscua que só as coxas e peitos das chacretes ainda enaltecem. Dormirá feliz. Do sofá para a cama, num quarto e sala, o caminho é rápido como um triz. Na vida real, Chacrinha, a buzinar o pseudo céu, se céu de fato existirá, apenas rirá. Ao fundo, no mais profundo limiar, alguém grita chamando T(h)erezinha.

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