Por Ronaldo Faria
quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Pataquada
terça-feira, 25 de novembro de 2025
Com Donato, Shank e Valença (ou vale o que está escrito)
Por Ronaldo Faria
No piano, altiplano da troca de emoções e canções, malabarismos de paródias que não acabam se acercam de sonhos e bisonhos desejos ensejados no cadafalso que leva o amor ao coração. Há luar e estrelas, nuvens raras e secas de pingos futuros, bêbados diuturnos até. Tem também catadores de lixo, pombas que teimam em vasculhar a sujeira da areia, poetas e proxenetas. Cansados amantes à espera do primeiro raio solar, notívagos que decidiram madrugar, operários e faxineiras que despencam do ônibus no seu eterno trilhar. Há ainda o cachorro de rua, que vira a última lata para sobreviver, a uivar e acreditar num lar.
No bar o garçom fecha a última conta: “Deu R$ 220,00 sem os dez por cento.” Na dicotomia do destino, desatino cretino dos loucos e vespertinos, um transeunte que transita sem rumo diz adeus à vida ao se jogar diante do circular. “Porra, fodeu geral. Agora vem a polícia, a perícia e o escambau. Até chegar o próximo ônibus eu já atrasei geral” – vociferava Marcondes que vai chegar tarde no turno da fábrica de metal fundido. “Estou fodido” – sentencia. Perto das ondas que enchem de espuma a bruma geral, João e Rebeca ouvem o barulho do atropelamento, o lamento dos passageiros e até a sentença do motorista: “Esse merda se jogou na frente...” Mas qual, cada um com seu cada qual. No sol que surge do horizonte, as línguas dos dois dão o cúmplice recado ao mundo: Lei de Muricy... cada um que trate de si.
domingo, 23 de novembro de 2025
O nascimento da MPB
Por Edmilson Siqueira
"Prepare Seu Coração". Não, não se trata de um artigo sobre a famosa música de Geraldo Vandré e Theo de Barros, mas sim do título de um livro que estou lendo. Seu autor pode não ser conhecido das novas gerações e, mesmo os de gerações as mais velhas, como eu, talvez se lembrem dele como um produtor de televisão, de musicais e festivais de televisão.
Lançado em 2018 pela Editora Kuarup, o livro tem o subtítulo "Histórias da MPB" e ela realmente faz parte da maioria das histórias que ele conta. Mas, sua pequena autobiografia com a qual inicia os trabalhos, mostra sua participação em tudo que se estava fazendo de novidade nos anos 1960 tanto no teatro, quanto na música.
Solano Ribeiro conheceu os baianos Gil, Caetano, Gal Costa e Bethânia quando todos eles ainda estavam na Bahia; fez teatro com Augusto Boal e Gianfrancesco Guarnieri; frequentou o famoso Beco das Garrafas, onde a bossa nova dava seus primeiros passos; trabalhou com Lennie Dale, um gênio da dança e foi namorado, por breve tempo, de Elis Regina, quando ela ainda era a cantora de "Menino das Laranjas", seu primeiro sucesso depois que aderiu à nova MPB.
Ele mesmo escreve, num resumo de sua vida artística no final do livro: "Depois de um início barulhento no pequeno Teatro de Arena e de alguns "especiais" com a Bossa Paulista e um mix entre cariocas e paulistas, no Teatro Cultura Artística, em 1965, lancei o Festival Nacional da Música Popular Brasileira, da TV Excelsior, que revelou Elis Regina, deu origem à sigla MPB e foi embrião do mais importante movimento musical do país. Os Festivais da Record de 1966, 1967 e 1968, com uma Bienal do Samba no meio-dia, serviram de palco para novas tendências, experimentações e ousadias que emocionaram o país que parava para ouvir e ver a MPB passar. A música popular superou o futebol. A final do Festival de 1967 acusou o índice de 97% de audiência."
Mas, todas as histórias que o autor conta, com exceção de algumas no início do livro, se passam sob a ditadura militar, que começou em abril de 1964. E muitos artistas eram perseguidos pelo regime, cuja censura se acentuou fortemente a partir de 1968, com o AI-5.
Assim, os festivais ocorriam sob forte tensão. Como exemplo, há um capítulo no livro que trata do III Festival Internacional da Canção, da Globo, que ocorreu justamente no ano de 1968, um pouco antes do AI5 acabar de vez a possibilidade de liberdade artísticas - e outras liberdades também - no Brasil.
Depois de contar como as canções chegaram à finalíssima brasileira que iria concorrer depois com as do exterior, ele escreve:
- De jeito nenhum. Segurança Nacional. É uma ordem e pronto.
- Perdoai-os, pois a vida não se resume a festivais."
Para quem não sabe, depois do festival, com a chegada do AI-5, Caetano e Gil foram presos sem acusação formal e tiveram de sair do país, indo pra Inglaterra. Vandré saiu do país, ajudado, segundo consta, diz o autor do livro, pelo seu grande amigo, o então governador de São Paulo, Abreu Sodré. Chico Buarque, proibido de se apresentar no Brasil, foi para a Itália. Edu Lobo e Carlinhos Lira, para os Estados Unidos.
O livro traz fatos históricos da música na visão da um dos personagens de praticamente tudo que aconteceu naqueles conturbados e criativos anos.
"Prepare Seu Coração" está à venda nos bons sites do ramo e livrarias.
sexta-feira, 21 de novembro de 2025
Pela estrada
Por Ronaldo Faria
quarta-feira, 19 de novembro de 2025
Ao tijucano interplanetário Jards Macalé
Por Ronaldo Faria
O violão se cala de tristeza
nas mãos do poema. E embaralha vozes e trovas nas covas entreabertas da
madrugada. Nas trevas, entravadas e entregues das ruas da Tijuca, o samba se
enturma nas coxas daquela que se atira ao dito ritmo. No rumo do poste rodeado
de insetos à busca de calor, o homem bambeia de lá pra cá e até dali por acolá.
A noite cauterizada ninguém vai calar. Nas pedras que se acolhem num nome
pomposo de paralelepípedo, retas e perpendiculares, onde pares pulam em festa, casais
caminham de mãos dadas. No céu há quem diga que vê fadas.
Mas o violão, calado e cansado
de tocar magia e sonoridade, está surdo e mudo. Catatônico feito o velho
nonagenário que bebe seu xarope tônico. Dicotômico, o poeta fica à espera da
quarta-feira para encher de dedos as páginas brancas, quase tântricas. Em cada
dedo existirá um pouco de letra perdida, sumida na cabeça que roda sem parar.
No automóvel que rompe o silêncio sepulcral que cala bocas e gestos, um ou
outro ser em descalabro e gelado porvir. No telhado, gatos espocam em gemidos
cálidos seus pulos de muro em muros. Na árvore as folhas despetalam em mil
talos.
O violão, porém, no contudo que só o entretanto se faz em toda a via, descansa num canto da sala. Falta-lhe as mãos que o encheram de brincadeiras e tons nas mais diversas tonalidades. As cores que teciam suas cordas de música e emoções viraram unções na dramaturgia que é a vida ao fechar as cortinas. No fim da estrada talvez um lampejo de morte ou angina. Com sorte, talvez lhe chegue uma consorte cheia de carinhos e aninhos. E acolha na colher da volta as estranhas entranhas do destino daquilo que tiver de ter sido. Na sombra do fim, nos resta em réstias só o olhar a ver-se fito.
terça-feira, 18 de novembro de 2025
Mais histórias da MPB
Por Edmilson Siqueira
Nesses tempos de podcasts adoidados por aí, quem tem tempo como eu de ficar pescando histórias de artistas da música no micro, acaba conhecendo muita coisa que, depois, embasam, muitas vezes, bons papos sobre a arte de compor e cantar e abastecem alguns artigos deste blog.
Dias desses, Djavan contou que a música "Oceano" já tinha sido iniciada há um bom tempo, mas que ele tem mania de começar alguma coisa e depois deixar de lado, esquecer que fez, mas que deixa tudo gravado. Um dia, ele estava em Los Angeles gravando, quando sua filha ligou e disse para ele escutar o algo que ela havia descoberto numa das fitas gravadas por ele. E tocou o início de "Oceano", com o próprio cantando, claro, só que em espanhol. Espanhol? Pois é, ele não disse por que estava em espanhol, mas achou lindo aquele começo - na verdade era só a primeira fase que estava gravada - e quando voltou se atirou nela. O resultado, todos sabem: um dos maiores sucessos do moço. Só que ele contou mais um detalhe. Após a gravação, o produtor Mazzola achou que caberia ali um violão espanhol. E chamou, para espanto de Djavan, ninguém menos que Paco de Lucia. Quando o espanhol ouviu a música, disse pra Djavan: "Essa música tem muita harmonia e eu só conheço três". Djavan sorriu e disse: "Então vai lá e faz o que você conhece". E, claro, ficou lindo o solo do violão.
Outro podcast delicioso para quem gosta de música é "Um Café Lá Em Casa", do grande Nelson Faria. Ali, a união da música com a entrevista que ele faz com os convidados, é um prato cheio de prazer para os curiosos como eu e para os ouvidos de quem aprecia boa música. O próprio Faria, um grande violonista e guitarrista, acompanha, meio que no improviso (ele é um grande jazzista) seus convidados, em versões únicas de grandes músicas.
Dia desses, assistindo ao programa no YouTube, onde a convidada era ninguém menos que Rosa Passos, fiquei sabendo que ela estava "programada" para ser pianista. Estava aprendendo, indo muito bem, até que um dia lhe caiu nas mãos um compacto duplo (para os mais novos, era um disquinho com duas músicas de cada lado) com parte da trilha sonora do filme "Orfeu do Carnaval", cantadas por ninguém menos que João Gilberto e seu violão. Rosa conta que foi sua irmã maios velha quem comprou o disco. "Quando ela botou na vitrola e eu comecei a ouvir, meu mundo parou. Eu fiquei assim hipnotizada pela forma com que João Gilberto cantava e tocava violão. E disse pra mim mesma: é isso! É isso que eu preciso!". Foi aprender violão e deixou o piano de lado. Detalhe: Rosa Passos tinha 11 anos.
No mesmo "Um Café Lá Em Casa", gravado há quatro anos, encontramos, num bate-papo super descontraído o já saudoso Lô Borges. E ele conta muita coisa em mais de uma hora de programa, desde a origem do Clube da Esquina (o local, a música, o disco), até dos dias mais recentes.
Pra ficar só no começo: Lô tinha dezessete anos quando fez a música "Para Lennon e MacCartney" (com letra de Fernando Brant e Márcio Borges), um grande sucesso na voz de Milton, que já tinha se consagrado com "Travessia". Pois Lô conta que, logo em seguida ao estouro da música, Milton foi até a casa dele. Lô pensou que ele ia pedir mais uma música, mas Milton foi direto: "Eu vim aqui pra pedir pra sua mãe autorizar você a ir morar comigo lá no Rio. Vamos fazer mais músicas e um LP inteiro chamado Clube da Esquina". A autorização era necessária porque Lô ainda não tinha 18 anos...
O podcast "Um Café Lá Em Casa" pode ser encontrado no Youtube: https://www.youtube.com/umcafelaemcasa . Há dezenas e dezenas de vídeos, todos ótimos.
Outro dia, o próprio Mazzola, que adora contar histórias, disse que achou que o disco "Realce", de Gilberto Gil, poderia ser sensacional. Ele estava, Los Angeles, onde Gil fazia um show com sua banda. Mazzola chamou Gil e disse que queria botar uma cozinha de músicos americanos na gravação. Gil, a princípio, não gostou muito, pois estava com seus músicos etc. Mazzola não se deu por vencido e convidou Gil a escutar o que poderia ser feito. E mais: queria lançar o disco a nível internacional. Gil acabou topando. Aí Mazzola convocou músicos só de primeiro escalão, gente que havia tocado com Lionel Richie e outros astros pops de lá. Passou as músicas pra eles, fizeram os arranjos e gravaram as bases. Claro que não foi tudo num dia só. Foi numa semana. Quando Gil ouviu ficou vidrado. Amou. E não teve dúvida alguma em botar sua voz na música título e em outras do LP. A história completa, com todos os detalhes - e são muitos - está em https://www.youtube.com/watch?v=tBtjnrt2EaM.
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Tempo errado no errôneo tempo
sábado, 15 de novembro de 2025
Bate em papos e papadas
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
A cabeça começa a falhar
Por Ronaldo Faria
terça-feira, 11 de novembro de 2025
Fomos jovens
Para onde levamos nossas
vidas? Ficamos no ensejo de sempre relembrar ou fizemos um caminho por outros
caminhos que nos rodearam em esquinas nas sinas e esperanças anchas de um
porvir? Achamos, perdemos, traduzimos errado emoções, porções e copos que se
davam nas mesas dos encontros e desencontros da vida? Talvez, ou não ou quem
sabe sim. Seguimos esquinas escuras e prematuras, fomos caímos e levantamos em vão
nos tantos vãos criados que pisamos. Sobrevivemos às escusas que o destino nos
dava, aos maiores poetas da alegria, aos famigerados contrários, aos corpos dos
amores que cheiravam a amor eterno e terno. Vivemos em noites e madrugadas arfadas
e infladas, inflamadas de paixão e tesão, decibéis e alcaloides. Fomos chamar o
insone Juca vários dias mesmo sem conhecê-lo ao vivo e a cores e, no desmazelo dos
encontros e desencontros que o tempo e o destempero nos dão, levantamos em dores
de cabeça no dia de depois para nos prepararmos para nova orgia. Descobrimos
que as cartas escritas a mão e cheias de saudade reprimida ou o telegrama de
frases curtas, mas rápido como a paixão, deixaram de existir. O instantâneo da
internet deixou um vácuo nas emoções das esperas, no abrir o envelope com borda
verde e amarela a crer que este trazia notícias além de qualquer alegoria
tardia.
Fomos jovens numa juventude
tardia. Nascidos muitos ou quase todos na metade do século passado, entre
parteiras, mães de primeiro amor ou na primazia da liberdade que pouco havia,
cumprimos um estágio entre a verdade plena e as mentiras que surgiram. Sínteses
de tormentos em que a tal liberdade era tolhida por fuzis e carabinas, torturas
e tortuosas mentiras, crescemos a esmo. Nos tornamos Nostradamus da esperança
de que tudo um dia acabaria, vimos nossas profecias chegarem de avião do outro
lado dos oceanos que dividem o planeta. Sorrimos, perseguimos nossos sonhos,
acordamos dos pesadelos, consagramos a hóstia com o sangue daqueles que lutaram
para o sol raiar em qualquer lugar. Juntamos, acasalamos, casamos, separamos,
refizemos tratos e troças, tivemos filhos, netos, fetos inconcebíveis, histórias
mil e até histriônicas. Mudamos de cidade, de espaços plenos, lugares. Alhures,
sequer lembrávamos que existia um lugar onde nos encontrar, seja no interior ou
no mar. Da bucólica Comendador Tórlogo Dauntre, perdida no bairro de nome
Cambuí, às pedras do Estácio ou da Lapa cariocas. E assim, ensimesmados ou
trôpegos de poesia e harmonias fora do quadrado, fomos buscar nossos caminhos
alinhavados. Por fim, como gatos, brincamos no novelo de lã que o destino, em
desatino ou sete vidas, sentenciou.
Que a vida ainda nos dê, hoje e sempre, como diz o poeta do samba Nelson Cavaquinho, carinho concreto, reto e certo e mão amiga...
domingo, 9 de novembro de 2025
Monica Salmaso, uma das melhores do Brasil
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Saudando a saudade
-- Acho. Mas, também, tanto faz. Onde toca samba toca jazz.
-- Ou seja, nada ficará?
-- Algo irá ficar. O tempo, porém, será ermo. Bem ao termo do sonhar.
quarta-feira, 5 de novembro de 2025
Dedo mindinho miudinho
Por Ronaldo Faria
Ricardo costumava coçar a
cabeça com o dedo mindinho da mão direita sempre que algo lhe parecia errado. Enfastiado
com o enfadonho dia que tivera na repartição pública, que mais pudica não seria
senão, esperava as horas passarem para bater o velho e amarelado cartão no
ponto que ponteia o limite entre a loucura e a sanidade. Aguardara meses por
suas férias, quase efêmeras nas feéricas loucuras que pensara para viver livre.
“Vou-me ver livre de pensamentos e lamentos, ônibus lotados, fadados a foder o
operário do erário.”
Na querência de um amor
verdadeiro, desses que poetas escrevem como sendo fáceis de se encontrar, Ricardo
vagava solitário entre organogramas, tarefas inverossímeis e prazos eternamente
dilatados. “Vá no seu ritmo, Ricardo. Aqui é repartição pública. Sem pressa.
Quem se apresa perde o melhor do funcionalismo estável: poder faturar no fim do
mês o salário sem medo de se foder.” A voz do seu chefe, perto de se aposentar
com todos direitos preservados, batucava na sua cabeça. “Foda-se o populacho.
Afinal, tudo aqui é um escracho. Eu quero é curtir meus dias de férias
merecidos por nunca faltar, chegar no horário adiantado e sair depois do
relógio deixar.”
Ricardo, um asno para seus
companheiros de repartição, nem acreditou quando bateu o ponto que determinava
30 dias de afastamento. “Meu Deus, agora somos só o Senhor e eu!” Fechou a
gaveta com chave, deixou à mostra os processos que não concluíra a tempo (“Quando
eu voltar decerto ainda estarão aqui”) e desceu no elevador com suas portas pantográficas
enferrujadas. “Boa noite, Seu Luiz, até daqui a um mês.” O porteiro agradece o
cumprimento e deseja bom descanso a Ricardo. Ele, feliz a curtir seu momento,
segue rua abaixo a cantarolar um samba do Cartola.
As desejadas férias de
Ricardo, deixo a cada um decidir:
1) Acorda
cedo, pega um Uber e vai até o aeroporto. Lá, pede um pingado e um pão de
queijo. Reclama do preço absurdo e vai até a área de embarque. Despacha a
bagagem e senta no assento, com direito a janela. Horas depois desce no
destino. Vai até a pousada e curte seus merecidos dias em eterna orgia.
2) Acorda
cedo, pega um Uber e vai até o aeroporto. Lá, pede um pingado e um pão de
queijo. Reclama do preço absurdo e vai até a área de embarque. Despacha a
bagagem e senta no assento, com direito a janela. O avião, porém, pago em 12 vezes
sem juros, estava um bagaço e cai 20 minutos após decolar. Todos, passageiros e
tripulação, morrem instantaneamente. Irreconhecíveis, tiveram enterro coletivo.
3) Acorda cedo, pega um Uber e vai até o aeroporto.
Lá, pede um pingado e um pão de queijo. Reclama do preço absurdo e vai até a
área de embarque. Despacha a bagagem e senta no assento, com direito a janela.
O avião, porém, no bagaço, apresenta problema mecânico e faz um pouso forçado a
milhares de quilômetros do destino. Lá, porém, Ricardo conhece Vitória, passageira
também e sonhando com as férias. Com ela faz história, interage e fica, manda o
emprego público à merda e vira empreendedor social. Hoje tem três filhos e
descobriu que a vida é para se viver.
4) Acorda
cedo, pega um Uber e vai até o aeroporto. Lá, pede um pingado e um pão de
queijo. Reclama do preço absurdo e vai até a área de embarque. Despacha a
bagagem e senta no assento, com direito a janela. O avião, no bagaço, levanta
voo e é obrigado a voltar ao destino. O piloto pede perdão aos passageiros e a
companhia aérea promete ressarcir a todos com nova passagem, dentro de 30 dias,
e um chaveirinho. Desolado, Ricardo passa as férias em casa, sem (como diria o
poeta) mandinga de amor. Na volta ao trabalho é suspenso por ter dado um soco
no rosto do porteiro que lhe desejou bom retorno.
5) Acorda
cedo, pega um Uber e vai até o aeroporto. Lá, pede um pingado e um pão de
queijo. Reclama do preço absurdo e vai até a área de embarque. Despacha a
bagagem e senta no assento, com direito a janela. Só então acorda, suado, do
sonho no meio do expediente no dia quente (o ar-condicionado da repartição
estava quebrado e não havia dinheiro para consertar). Por falta de funcionários
concursados, suas férias foram suspensas, a bem do serviço público. Na mesa a
pilha de processos se acumula. “Que se foda!” – brada colérico antes de mais um
café tradicional.
(Ao som do delírio)
terça-feira, 4 de novembro de 2025
Frank Sinatra Show: um registro histórico*
Os melhores momentos dessa série foram reunidos num DVD que leva o nome de Frank Sinatra Show, deixando de lado o nome original do programa, que era TV Variety Show Specials. O DVD que tenho é uma coletânea desse programa, reunindo, além de Frank, Dean Martin, Bing Crosby e Mitzi Gaynor.
Trata-se, sem dúvida, de uma uma valiosa cápsula do tempo, resgatando, em preto e branco, as performances da turma em suas incursões televisivas das décadas há mais de 60 anos.
Além do precioso registro musical e artístico - há cenas de danças e pequenos performances teatrais, a compilação oferece um vislumbre da chamada era de ouro da televisão americana, na qual o cantor exercia seu magnetismo e versatilidade em programas de variedades ao lado de outras lendas do entretenimento.
A tecnologia mais atual (o DVD é de 2009) permitiu que a qualidade do som e das imagens originais fossem revitalizadas, permitindo que novas gerações apreciem o talento e o carisma de Sinatra em um formato mais acessível.
Frank Sinatra conduz os números com a categoria de sempre - ele que também foi um grande ator - mas alguns números, na coletânea, são apenas de Dean Martin e Bing Crosby, às vezes com a participação também de Mitzi Gaynor. E esses números também primam pela qualidade dos artistas, todos já bem escolados no showbusiness para os quais a nova modalidade não apresentava qualquer problema.
Esses momentos são uma verdadeira aula em entretenimento, com os artistas demonstrando uma camaradagem e sincronia que refletem a atmosfera dos programas de variedades da época. A informalidade e o talento genuíno criam uma experiência envolvente que pode ser assistida hoje tranquilamente, sem qualquer marca negativa do tempo.
Para os fãs de jazz e pop, a compilação oferece um olhar sobre a versatilidade de Sinatra, músicas já consagradas e algumas que iriam ainda se consagrar.
Assim, The Frank Sinatra Show é um testemunho da longevidade do talento de Frank Sinatra. Ele prova que a qualidade de uma performance artística pode transcender a passagem do tempo e os formatos de mídia. Ao reunir esses momentos cruciais da história da televisão, o DVD oferece aos admiradores de longa data uma chance de reviver a magia de "The Voice" e apresenta a novos públicos a essência do que fez dele uma lenda.
Os números, com os devidos artistas, são os seguintes:
- "High Hopes" (S. Cahn e J. Van Heusen) com Frank Sinatra, Bing Crosby, Dean Martin e Mitzi Gaynor
- "Day In Day Out" (R. Bloom e J. Mercer) com Frank Sinatra
- "Together" (L. Brown, B, de Silva e R. Henderson) com Fank Sinatra, Dean Martin e Bing Brosby
- "A Hurricane" (sem autor no DVD) com Mitzi Gaynor
- "Talk to Me" (Kahan e Snider) com Feank Sinatra e Mitzi Gaynor
- "Cheek to Cheek" (Irving Berlin) com Bing Crosby, Dean Martin e Mitzi Gaynor
- "Wrap Your Troubles in Dream" (Saphiro e Bernstein) com Dean Martin
- Meddley 1: com Franlk Sinatra, Dean Martin e Bing Crosby:
- "The Good Old Songs" (Domínio público), "Down The Old Mill Stream" (Domínio público), "The Old Grey Mare" (Domínio público), "That Old Feeling" (Brown e Fain), "Down The Old Ox Road" (Coslow e Johnston), Ol' Rock Chair" (Carmichael), "That Old Devil Moon" (Hubling e Lane), "My Old Flame" (Coslow e Johnston), "Old Man River" (Hammerstein e Kern).
- "High Hopes (S. Cahn e J. Van Heusen) com Frank Sinatra
- "Just One Of Those Things" (Cole Porter) com Frank Sinatra
- "Angel Eyes" (Brent e Dennis), com Frank Sinatra
- "The Lady Is A Tramp" (Hart e Rodgers) com Frank Sinatra
Meddley 2: com Frank Sinatra, Dean Martin e Bing Crosby:
"Start Each Day With A Song" (J. Durante), "Inka Dinka Doo" (J. Durante), "Bill Bailey, Won't You Please Come Home" (J. Durante e J. Barnett).
O DVD pode ser encontrado à venda nos bons sites do ramo. No YouTube há alguns shows completos de Frank Sinatra na televisão e alguns números esparsos deste comentado aqui.
segunda-feira, 3 de novembro de 2025
No luar sem fogo
Por Ronaldo Faria
Na viagem
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