Por Ronaldo Faria
Eduardo Gudin, o que nos
separa nesta noite quase madrugada que se enquadra entre a vida e o céu? Uma
mulher, um samba, um violão, um São Paulo de esquinas e sinas, um bordel? Olhos
marejados e malfadados de tanto passado e falsa mansidão, cá estamos a criar na
ilusão? Entre vozes femininas, verdades e anginas, cantorias e ilusórias
meninas. Poesias trancadas em porões mil, coisas que se foram e não voltam que
nem pingo de cantil, cândidas verdades num corpo quase senil. Quem sabe um
samba redescoberto na certeza incerta da mansidão em ardil.
Grande poeta, em falsete e modéstia, ouça-me nessa brincadeira imodesta. Nem sei mais se aqui estou, mas
suas trovas e rimas, notas e fonemas, tremas e mínimas a brincarem num papel em
branco, estão a aqui, a creditar e crer que algo virá. A ir e vir entre caminhos e descaminhos
paulistanos, insanos e tamanhos. Um cantinho aqui, uma cantina ali, um
pedacinho milimétrico e tétrico dos filhotes em si. Se não pude mais dar é
porque não tive mais no balacobaco e aí. Mas, acredite, Eduardo Gudin, se errei
é porque tentei acertar. Um dia acerto minha sorte grande, mesmo que em além-mar.
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