Por Ronaldo Faria
Canções e unções mil. Num déjà vu a se esvair como luz de esmeril. Numa cadência largada sem sonoridade e cadência que se joga à lua cris. Entre paixões tardias e sombrias a se travestirem de amores vestais e letais. Como a urgência de um beijo entregue em febre à boca dos casais. Feito a demência que ultima a derradeira estrada que não acaba logo depois da curva e se turva de sangue e quase nada.
Canções traduzidas e urdidas
em dedos a correrem as teclas do piano e a harmônica que desliza nos lábios
molhados e desiguais. Entre notas e acordes, o casal acorda das poucas horas
que pode ficar junto. E junta toques, tatos e inertes flertes aos minutos a
passarem dissolutos entre as paredes do quarto. Nas tragédias a percorrerem o
vento frio que dorme lá fora, o inusitado fado que vem e vai, fátuo e findo.
Canções saídas de bocas e instrumentos vadios e vazios, soprados e tocados por esquálidos e degredados poetas desnudos. Praias mil a deflorarem corpos morenos e uterinos no verbo amar. Coisa de lugar qualquer, de homem e mulher. Como lugar que termina logo ali, à beira do mar. Na inércia da vida, a morte se traduz liquefeita num por de sol ao fim. Tardia descoberta do mundo que se joga ao calor e o cheiro de jasmim.
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