Por Ronaldo Faria
Disco com um som de arranhado a rodar e cantar meu Rio de Janeiro um ano antes de eu nascer. Em 1956, um tocar de três instrumentos a brincarem de música inaudita e infinita, iluminada e pródiga. Nas mesas, copos de vodka, gim ou bacardi. No mar, uma garota de Ipanema ainda se prepara para virar moda mundial. Ao som de Tenderly, mãos tupiniquins dão os acordes da noite. Casais tocam as mãos, os lábios senão. Carros brincam de seguir a orla que desenrola marés e mares e enrola corpos e ares mil. A proximidade de duas bocas as fazem roucas, unem línguas e vão, à mingua, para onde for o odor ou a dor. No meio de tudo, creiam, há amor. No computador que virou vitrola, a música rola a mil e enrola o poeta quase senil. Na Valsa de uma Cidade, pode haver tudo, menos maldade. Certamente muita saudade do que foi, daquilo que seria e do tão pouco que as sereias de biquínis mostram num andar pelas calçadas ao louco que as vê passar.
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