Por Ronaldo Faria
Azáfama da dificuldade de
juntar dois. Horários, sacrários, metamorfoses, doses, entorses, fetos, netos,
métricas vontades, os outros que fazem parte. Coisa estanque, feito tanque de
roupa que nunca lavou um guardanapo de pano sequer. Coisa grandiloquente de
décadas e comédias e tragédias. Idas e vindas, todas findas e infindas. Entre
beijos, corpos entrelaçados, risos, lágrimas, fábulas, fastios e fátuas
poesias. Coisa de Zeca Baleiro a cantar na noite que tem a boca de um dragão. Senão...
José seguia seu mundo até o
fundo no mais profundo e macambúzio espaço do terreiro que juntava a janela do acertamento
ao mundo. E percorria estradas, ria de alforjes vazios que passavam no seu
caminho, transitava às ventanias de tantos lugares. Alhures delimitava a frágil
união entre o início do nada e o fim de tudo. Com um cheiro de rosa vermelha, a
falácia da felicidade se desfaz a cada momento no lamento diuturno do erro do
passado.
Maria vivia seu passeio pela pele na essência da vida: sentença carcomida e falta de fotos, fatos, nomes, paisagens e quase nada. Toques do amor desejado, separações forjadas, tramas achadas, veleidades castradas, presságios em adágios vazios. Sentada no alpendre onde a lua se deixa translúcida para a vida renegar, cata o restante de histórias histriônicas, emoções catatônicas, frases afônicas e cheias de tonicidades e sonoridades quiçá icônicas.
Para José, um Tom Zé sem fãs ou canções, as luzes da noite e os botecos entre mil ticos e tecos, terços, troças, truques, no toque entre toques de graduações e ações, o momento era de cercanias do lamento. No ausente casamento, há muito inexistente, volatiliza a ferida aberta e nunca obstruída. E segue à margem da vida, a temer seus medos, beber seus degredos, glamorizar o que não tem porque seguir a estrada travada em mandrágoras.
Para Maria, tardia canção de um amanhecer sobremaneira fugidio, o caminho não tem volta, mesmo na revolta próspera da prosopopeia do cavalo a fugir pelo descampado que é o coração do amado. Em casa caída e deplorável e cada forjar o afável, sobe a ladeira a vencer volúpias e ventanias altaneiras. No seu mundo paralelo, o parabélum parece ser o translúcido alcaide da ópera sem tenor ou personagem principal. Na viela lateral, o cheiro mortal.
José está sentado no bar.
Ainda tem todos os neurônios a funcionar. Ou, ao menos, parece ter. Vive de
letras impressas e meras trovas, torvelinhas canções. Há também unções e amores,
conquistas de todos os tipos, díspares e multiformes. Disformes à poesia. E
fugidias formas de rolar em tantas camas mil, transitar e orbitar olhos, seios,
pernas, corpos, vaginas. Um oceano múltiplo e tântrico. E línguas a sugar outras
iguais, suores a respingar em tantos poros fatais, performances e quebrantos
bêbados, afagos e fados escorrendo em quartos que se podem ser. Para José, o
momento era tudo e rotundo na intrínseca busca do ter. Na fuga permanente da
ausente e infausta solidão.
José, com seus santos e exus, a caminhar no altar e matas, cabelos negros da amada e chás que acharão seu porvir entre diarreias e alcateias, sobrevive e vive, bebe e bolina, olha a noite que se antecipa à madrugada tragada de ausências e anuências, luzes coloridas nos semáforos ou faróis, postes preocupados com motoristas primatas e atos que só a loucura maior da lucidez dá. Na mesa defronte, a fronte da mulher faz alternar beleza e quase mágica. Na trágica realidade das pessoas que passam na rua e perpassam o momento e a íris estrábica e as trazem para o sempre, o esmero do desespero mutante. Agora, José é apenas frágil e redundante mutante de si mesmo, a esmo.
Maria vivia seu passeio pela pele na essência da vida: sentença carcomida e falta de fotos, fatos, nomes, paisagens e quase nada. Toques do amor desejado, separações forjadas, tramas achadas, veleidades castradas, presságios em adágios vazios. Sentada no alpendre onde a lua se deixa translúcida para a vida renegar, cata o restante de histórias histriônicas, emoções catatônicas, frases afônicas e cheias de tonicidades e sonoridades quiçá icônicas.
Para José, um Tom Zé sem fãs ou canções, as luzes da noite e os botecos entre mil ticos e tecos, terços, troças, truques, no toque entre toques de graduações e ações, o momento era de cercanias do lamento. No ausente casamento, há muito inexistente, volatiliza a ferida aberta e nunca obstruída. E segue à margem da vida, a temer seus medos, beber seus degredos, glamorizar o que não tem porque seguir a estrada travada em mandrágoras.
Para Maria, tardia canção de um amanhecer sobremaneira fugidio, o caminho não tem volta, mesmo na revolta próspera da prosopopeia do cavalo a fugir pelo descampado que é o coração do amado. Em casa caída e deplorável e cada forjar o afável, sobe a ladeira a vencer volúpias e ventanias altaneiras. No seu mundo paralelo, o parabélum parece ser o translúcido alcaide da ópera sem tenor ou personagem principal. Na viela lateral, o cheiro mortal.
Ato 2
José, com seus santos e exus, a caminhar no altar e matas, cabelos negros da amada e chás que acharão seu porvir entre diarreias e alcateias, sobrevive e vive, bebe e bolina, olha a noite que se antecipa à madrugada tragada de ausências e anuências, luzes coloridas nos semáforos ou faróis, postes preocupados com motoristas primatas e atos que só a loucura maior da lucidez dá. Na mesa defronte, a fronte da mulher faz alternar beleza e quase mágica. Na trágica realidade das pessoas que passam na rua e perpassam o momento e a íris estrábica e as trazem para o sempre, o esmero do desespero mutante. Agora, José é apenas frágil e redundante mutante de si mesmo, a esmo.
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