domingo, 2 de março de 2025

Stacey Kent já era ótima em 1998

Por Edmilson Siqueira


 
Nos dias 1 e 2 de fevereiro do longínquo 1998 foram feitas as gravações de um disco delicioso de ouvir, no Curtis Schwartz Studios, em Ardingly, Inglaterra. Trata-se de "Love Is... The Tender Trap" com a voz suave e delicada de Stacey Kent.
Já comentei discos dela aqui, principalmente por causa de seu amor pela música brasileira. Ela já gravou clássicos da bossa nova e tem disco com músicos brasileiros, principalmente Marcos Valle.  
Mas esse disco, apesar das inúmeras semelhanças entre a bossa nova e o jazz, é só de jazz nas 12 faixas.
Stacey Kent, à época com 33 anos (ela é de março de 1965) estava cantando muito bem e já com a devida experiência para não titubear diante de alguns clássicos do jazz norte-americano. Tanto que Jay Livingston - um compositor e letrista norte-americano, parceiro de Ray Evans mais conhecido pelas canções compostas para filmes com as quais chegou a ganhar 3 Oscars - escreveu no encarte que acompanha o disco: "É muito excitante encontrar uma jovem cantora que tem todas as qualidades das grandes do passado, qualidades às quais acrescenta seu próprio e individual estilo. Eu a ouvi pela primeira vez quando estava jantando no Hotel Landmark em Londres. Ela estava cantando com um grupo instrumental e eu me senti atraído por seu grande som no meio do jantar. E quando ela cantou a minha canção favorita entre todas que escrevi, 'Never Let Me Go', eu me levantei e fui falar com ela. Ela me deu um CD e quando eu o coloquei para tocar em casa sem o barulho dos talheres e das conversas eu percebi que ela era alguma coisa especial. Quando eu coloquei o CD para tocar, minha esposa saiu do quarto após os oito primeiros compassos e disse: 'Quem no mundo é essa cantora?' É isso que Stacey Kent faz: ela agarra você".

 
"The Tender Trap" foi apenas seu segundo disco, que já começava a cimentar uma carreira de sucesso. Nascida em South Orange (New Jersey), Stacey Kent graduou-se em literatura comparada no Sarah Lawrence College em Nova Iorque, e mudou-se para Inglaterra após sua graduação para estudar na Guildhall School of Music and Drama, em Londres. Nesta cidade conheceu o saxofonista Jim Tomlinson, com quem se casou em agosto de 1991. 
Sua qualidade artística lhe rendeu prêmios e grandes vendas: recebeu o prêmio de álbum do ano no BBC Jazz Awards, 2006, o prêmio de melhor vocalista no British Jazz Award (2001) e BBC Jazz Award (2002). Seu álbum "The Boy Next Door" foi disco de ouro na França em setembro de 2006. O álbum "Breakfast On The Morning Tram", conquistou o disco de ouro três meses após seu lançamento na França. E na França ainda, recebeu o título de "Chevalier des Arts et Lettres", condecoração do governo conferida pela ministra da cultura Christine Albanel, em março, 2009. 
No disco, Stacey é acompanhada por Jim Tomlinson (sax tenor), Colin Oxley (violão), David Newton (piano), Dave Green (baixo) e Jeff Hamilton (bateria). E o repertório, magnificamente interpretado, é o seguinte: 
- "The Tender Trap" (Sammy Cahn, Jimmy Van Heusen)
- "I Didn't Know About You" (Duke Ellington, Bob Russell)
- "Comes Love" (Lew Brown, Sam H. Stept, Charles Tobias)
- "In the Still of the Night" (Cole Porter) 
- "Fools Rush In (Where Angels Fear to Tread)" (Rube Bloom, Johnny Mercer) 
- "East of the Sun" (Brooks Bowman) 
- "Zing! Went the Strings of My Heart" (James F. Hanley) 
- "They Say It's Wonderful" (Irving Berlin) 
- "Don't Be That Way" (Benny Goodman, Mitchell Parish, Edgar Sampson) 
- "They All Laughed" (George Gershwin, Ira Gershwin)
- "In the Wee Small Hours of the Morning" (Bob Hilliard, David Mann) 
- "It's a Wonderful World" (Harold Adamson, Jan Savitt, Johnny Watson)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Com os Paralamas do Sucesso e a porra de uns óculos que não dão pra ver a tela direito

 Por Ronaldo Faria Óculos trocado porque o outro estava embaçado. Na caça da catraca de continuar a viver ou da contradança do crer vai ag...