Por Ronaldo Faria
Mais um
pequeno tempo e um tempo maior irão cumprir seu caminho circulatório no
universo sem verso ou reverso, escuro e retórico, rotineiro num acordar e
dormir sem ter fim.
Mais algumas horas e começa tudo de
novo, como um ovo sem saber se a galinha estava lá para pari-lo ou se o deixou
entregue ao asfalto quente para, impertinente, fazê-lo nascer.
Mais semanas, meses, minutos, esperas,
comédias e tragédias. Beijos e abraços, tiros e litros devassos e mortais, cores de tevê
a brincarem na íris de quem vê a vida como eterna solidão.
Tempo, quieto ao relento a esperar uma
meia-noite chegar, faça-se passar mais devagar neste planeta. Deixe o amante a
divagar, a morte a voar, a Terra a pensar que és igual e diferente.
Passe um pente nos cabelos da natureza
e escreva missivas de saudade inaudita às músicas que entoam em cada ventania
sobre o mar, em cada cantiga sobeja sob o corpo a arfar.
Tempo
pequeno, pequeno tempo, que no próximo ciclo lunar possas ter gosto de gengibre
e cheirar a jasmim. E por favor: me chame de amigo quando eu descobrir que
mentiu sobre ser sem fim...
Pela madrugada
Numa festa como num conto de fadas
Cor de jade e de marfim, nos invade
Amor sem fim, felicidade é uma coisa assim.”
(Jorge Mautner)
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