Por Ronaldo Faria
Brejeira, a mulher se despe de
rancheira veste e se joga na cama a sorrir com um desejo incomum, desses que o
mundo torce para servir de semente e se espalhar em cada amor desgarrado, em
cada espelhar frente à fronte que se une em línguas transversas a invadirem céus
da boca e do mundo. À volta, ínguas que doem a cada movimento torpe que
entorpece os amantes em prece para que nada acabe antes do fim previsto na
parafernália que invade a genitália. No absurdo do surdo que ouve além dos
sons, a sonífera amante voa entre colchas e lençóis, na perfídia a brincar de
inseto que infesta o salão de festa para estragar as lembranças do amanhã.
Altaneira, a amante infante e arfante
sobe e desce entre músculos e ósculos. Beija, boceja, se basta por ser alguém
que subjuga a fera do outro, rompe minúsculas entranhas e se faz, entrevada,
parte do tronco, cabeça e membros. Faz-se inteira, interagindo em cada
sensação, na próxima ação, na procrastinação quando tudo for somente passado, passeio
entre praias e paisagens, pesadelos e miragens. Deitado no arfar do beijo que o
tédio faz se perder derradeiro e formal, o homem nada se parece. Apenas,
solitário, faz um prece com um ser normal. No universo que se perfaz de verso, o
bêbado canta o lirismo que apenas emite o surrado jogral.
(Pro Zeca Baleiro)
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