Por Ronaldo Faria
Afinal, haverá algo depois
daqui? Só saberemos após fugirmos daqui. Se fuga há, saber-se-á. Certamente,
pelo que já vi e vivi, não. Só um juntar de cinzas pai e filha, nada mais. Mas,
como diria qualquer ébrio recente, haveremos de nos enganar. Na noite quase
fria que chega, o aconchego trôpego da amante que nunca se dá, a paráfrase do
que não se abstrai jamais.
Nas plêiades da vida (eita
palavra velha), a performance de uma peça que resistirá ainda até a cortina
derradeira baixar. Mais alguns atos performáticos, aplausos de casa cheia,
merda no camarim, bilheteria chinfrim e sem aplausos do depois. Mas, foda-se!
Cada um em seu cada qual, desigual, informal, impreciso e abismal. Apenas um na
noite que enseja o amor.
Na mesa de canto, quieta e
tresloucada, onde dois se fazem um e perfazem o suor que virá no depois do ser nenhum,
só dois, a nuvem de cigarros acesos tem acesso ao ar fresco da quase madrugada
que afaga a cena translúcida à vida. Como qualquer paixão, a insana cena flui
entre um misto de tristeza, perda e tesão. Às próximas horas caberá a derradeira
sofreguidão.
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