segunda-feira, 21 de agosto de 2023

Noel Rosa e Cazuza

 Por Ronaldo Faria


Beijo a pedidos. Não que antes não tivesse tido milhares e outros tantos tivessem depois. Mas a imagem ficou perpetuando o que, no fim, não foi. A mulher que pediu a foto certamente nem mais existirá. Ou não... Se tivesse sido o fato remido se cravado, de que forma teria sido? Quantos bacorinhos? Quantas perdições e traições perpetradas na estrada da vida? Morar no subúrbio? E o dilúvio que sempre traz a verdade de ousadas ossadas escondidas num quintal que tem goiabeiras e vendaval? Noel se perguntaria com que roupa iria ao próximo sonho de lembranças mil? Vil, o poeta se deixa numa mesa rodeada de saudades e copos a relembrar o lugar. “Quem acha vive se perdendo. Por isso agora vou me defendendo.” Como um samba em feitio de oração, vale a fantasia da melodia. Afinal ainda é dia.
 
II
 
Poeta da geração de 1957, até quando? Quantas mais, serviçais que somos de nós mesmos? Temos, em tese, ambos paridos no mesmo calendário, coisas iguais a viver: ano, cidade, zona (depois minha ao sul) e pensar sobre o nunca mais, exagerados. A próxima dose, em overdose de criação, virá como um beija-flor. A beijar bocas do passado e esperar disparos de canhão, ao acaso, viajo em mim mesmo. Como diria Caju, penso amar quem ama só a si e, ensimesmado, sigo brasileiro. Afinal, o tempo não para. Com arranhões mil, vamos a seguir letras, versos, sílabas, notas musicais, coisas mortas, momentos pensados e impensados, passado. Quanto à ideologia, eu sempre ainda quero uma pra viver. Ou, menino na época que saiote era unissex, brinca de que um dia feliz poderei ainda ser.


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