Por Ronaldo Faria
“No Dia da Mulher o homem não
tem de colocar a colher.” A frase surgiu tão enfática e prática que José
resolveu levantar da mesa e tocar seu rumo e tomar prumo. Na verdade, havia
razão no que foi dito. Independente de gênero ou do politicamente correto, cabe
às mulheres saber mais sobre elas. Ocupar o lugar de direito. Pouco importa se
sempre tivesse respeitado o não, não tivesse avançado um centímetro além do possível
e fosse amante de mandar flores. Que visse cada mulher como não apenas um
ventre, mas o vento que transforma o planeta, a chuva que cai para apaziguar a
seca da estupidez que o macho traz em si, universo além do corpo para desbravar.
Às bravatas do desejo, entre escorpiões e poesias, fazia trajeto oposto ao
mundo, como anomalia. À revelia, era como ébrio no meio de lúcidos na sua
ilucidez eterna em ternura. Ou seja, confusão em profusão de saber se estava
certo ou errado. Se era gato ou rato. Na rua escura, sai um arroto. Meio
trôpego e torto, ouve alguém cantar “A noite do meu bem”. A poesia de Dolores irá
durar à eternidade. Sem veleidades, voltas, vestígios de amor, ternuras e o que
ainda se pode dar. Na noite, numa clarividência que representa a morte de
tecelãs a tecerem o destino de outras tantas história a fora, nos eventos que percorrem
décadas e lutas, a fuga da labuta que é tentar unir vidas e remidas construções
perenes da sociedade. Na saciedade do tempo, o melhor é torcer para que o pior não prospere.
-- Boa noite, José. Quer ajuda
ou dá pra subir as escadas?
-- Obrigado Dona Valda. Dessa
vez eu prometo me cuidar...
(A ouvir Tom Zé, independente do Dia da Mulher)
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