Por Ronaldo Faria
Saudade, essa palavra mais
maldade do que mera insanidade do que traz em si. E se estranha nas entranhas
seculares daquilo que gostaríamos ela o fosse, mas é apenas o que foi,
intransigente e quente, carente e gemente, em única e uníssona devassidão.
Na saudade que hoje transborda sem borda infinita, nas águas a
terminarem no jorro da mansidão, a inerente e ausente sensação. Não há muito a
fazer. No desfalecer promíscuo que não nos é dado, uma mistura de Belchior,
Fagner e fado. A foda, só no lembrar.
O acordar na noite, na verdade da madrugada
infausta e fátua, dobrar centímetros íntimos e carnais, penetrar acalantos e
carentes engenhos que dão melaço e loucura. Lamber lábios e pernas, poemas e
versos, penetrações e ilusões que permeiam carentes canções.
Saudade, essa despretensiosa e única palavra do
vocabulário errante que o ser arfante refaz em cada efeméride ciosa, é um
palavreado verborrágico e atávico de quem pensou ser feliz. Hoje, nas entranhas
estranhas de uma Tordesilhas infinda, o fim em ilhas malditas.
Na saudade que vem de cheiros, esmeros mil, o
feitiço borbulha em bolhas amarelas. Um pouco de álcool, porque sem tal
alquimia não se faz a magia. E assim e, portanto, no tanto a pode ser, o desejo
que a saudade insurja limpinha na suja e clarividente manhã.
Na manha promíscua que a saudade nos dá, possamos
enlouquecer e nas luzes de mercúrio nos darmos em dar. Certamente, na nossa
mente que não para de relembrar, a certa incerteza daquilo que foi para sempre
nos invadirá. À vida, clarividente restar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário