segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Saudades promíscuas em tesão

 Por Ronaldo Faria


Saudade, essa palavra mais maldade do que mera insanidade do que traz em si. E se estranha nas entranhas seculares daquilo que gostaríamos ela o fosse, mas é apenas o que foi, intransigente e quente, carente e gemente, em única e uníssona devassidão.
Na saudade que hoje transborda sem borda infinita, nas águas a terminarem no jorro da mansidão, a inerente e ausente sensação. Não há muito a fazer. No desfalecer promíscuo que não nos é dado, uma mistura de Belchior, Fagner e fado. A foda, só no lembrar.
O acordar na noite, na verdade da madrugada infausta e fátua, dobrar centímetros íntimos e carnais, penetrar acalantos e carentes engenhos que dão melaço e loucura. Lamber lábios e pernas, poemas e versos, penetrações e ilusões que permeiam carentes canções.
Saudade, essa despretensiosa e única palavra do vocabulário errante que o ser arfante refaz em cada efeméride ciosa, é um palavreado verborrágico e atávico de quem pensou ser feliz. Hoje, nas entranhas estranhas de uma Tordesilhas infinda, o fim em ilhas malditas.
Na saudade que vem de cheiros, esmeros mil, o feitiço borbulha em bolhas amarelas. Um pouco de álcool, porque sem tal alquimia não se faz a magia. E assim e, portanto, no tanto a pode ser, o desejo que a saudade insurja limpinha na suja e clarividente manhã.
Na manha promíscua que a saudade nos dá, possamos enlouquecer e nas luzes de mercúrio nos darmos em dar. Certamente, na nossa mente que não para de relembrar, a certa incerteza daquilo que foi para sempre nos invadirá. À vida, clarividente restar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Com os Paralamas do Sucesso e a porra de uns óculos que não dão pra ver a tela direito

 Por Ronaldo Faria Óculos trocado porque o outro estava embaçado. Na caça da catraca de continuar a viver ou da contradança do crer vai ag...