quinta-feira, 12 de junho de 2025

Frasinhas bestinhas e abestadas

 Por Ronaldo Faria


 
Sororidade na sonoridade.
Catalepsia na calamidade.
Certeza da ressaca na prosperidade.
Letargia na letalidade.
Mentiras na etérea saudade.
Saudades no só porvir.
Certeza de não se redimir.
Cântaros de cantares em mim.
Na morte próxima, mortificar o fim.
Profilaxia da isquemia vadia.
Fomento do eterno tormento.
Estar nas facas da mão do irmão.
Blasfêmia da volátil e longínqua fêmea.
Falar e calar na falácia tardia.
Na vadia orgia, a incerta nostalgia.
Cataclismo tátil e ofício da cisma.
Nos meandros da alma, escafandros.
Nenhum, porém, a descer mais um centímetro.
No milimétrico e tétrico crer, algum querer.
Nas Tordesilhas, milhares de ilhas.
Ilhotas banais e fatais da orgia.
Na ojeriza de lamúrias, derradeiras fúrias.
Nos augúrios, a plena e boa ternura.
Fartura de esperanças certas de que não serão.
Mas frases e versos por certo ficarão.
Nas úmidas vozes virão o paladar de ser.
Imbróglio de emoções, casual casulo de crer.
Brincadeira tardia de querer viver.
Falta de dentes, versos e prometer.
Na lúgubre lágrima, o não poder esconder.
Nos dez minutos da cerveja gelar, o lugar.
O restante é só fresta de querer chegar.
Besteira de poeta ainda pouco lúcido.
Coisa de Lúcifer a tomar conta do lugar.
Como a geladeira demente a apitar sem parar.
No praguejar de tudo, marejar de olhos turvos.
Na torvelinha vida, a ávida e derradeira cisma.
A saudade do que foi e teve seu fim.
A parcimônia do brejeiro cheiro de carmim.
E quando tudo deixar de contar o tempo que foi, dormir.
Brandir brados e berros, ressurgir em si.
E saber que pouco ainda existirá a viajar.
No mesmo lugar, a naufragar, se autotraçar.
Se exilar nos medos e ensejos milenares.
Soar como mudo que só quer poder falar.
Se catar, se recontar, se traduzir na folia.
E depois, no após do desmazelo, descobrir-se na azia.
Tardio, o equilíbrio se fará numa cama vazia.
Glória aos loucos que acreditam poder sonhar.

(Com Geraldo Azevedo no ouvido)

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