Por Ronaldo Faria
Sororidade na
sonoridade.
Catalepsia na
calamidade.
Certeza da ressaca
na prosperidade.
Letargia na
letalidade.
Mentiras na etérea
saudade.
Saudades no só
porvir.
Certeza de não se redimir.
Cântaros de
cantares em mim.
Na morte próxima,
mortificar o fim.
Profilaxia da isquemia
vadia.
Fomento do eterno
tormento.
Estar nas facas da
mão do irmão.
Blasfêmia da
volátil e longínqua fêmea.
Falar e calar na
falácia tardia.
Na vadia orgia, a
incerta nostalgia.
Cataclismo tátil e
ofício da cisma.
Nos meandros da alma,
escafandros.
Nenhum, porém, a
descer mais um centímetro.
No milimétrico e tétrico
crer, algum querer.
Nas Tordesilhas,
milhares de ilhas.
Ilhotas banais e
fatais da orgia.
Na ojeriza de
lamúrias, derradeiras fúrias.
Nos augúrios, a
plena e boa ternura.
Fartura de esperanças
certas de que não serão.
Mas frases e
versos por certo ficarão.
Nas úmidas vozes
virão o paladar de ser.
Imbróglio de emoções,
casual casulo de crer.
Brincadeira tardia
de querer viver.
Falta de dentes,
versos e prometer.
Na lúgubre
lágrima, o não poder esconder.
Nos dez minutos da
cerveja gelar, o lugar.
O restante é só
fresta de querer chegar.
Besteira de poeta
ainda pouco lúcido.
Coisa de Lúcifer a
tomar conta do lugar.
Como a geladeira
demente a apitar sem parar.
No praguejar de
tudo, marejar de olhos turvos.
Na torvelinha
vida, a ávida e derradeira cisma.
A saudade do que
foi e teve seu fim.
A parcimônia do
brejeiro cheiro de carmim.
E quando tudo deixar
de contar o tempo que foi, dormir.
Brandir brados e
berros, ressurgir em si.
E saber que pouco
ainda existirá a viajar.
No mesmo lugar, a
naufragar, se autotraçar.
Se exilar nos
medos e ensejos milenares.
Soar como mudo que
só quer poder falar.
Se catar, se
recontar, se traduzir na folia.
E depois, no após
do desmazelo, descobrir-se na azia.
Tardio, o equilíbrio
se fará numa cama vazia.
Glória aos loucos
que acreditam poder sonhar.
(Com Geraldo Azevedo no ouvido)
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