sexta-feira, 20 de junho de 2025

Na presença da perfídia de Cazuza

 Por Ronaldo Faria


 
Cesário, que está longe de lembrar que veio ao mundo de cesárea, limpa a boca do último gole de cerveja. Na mesa ainda resta um pedaço de bolo de cereja. Aniversário em boteco dá nisso: uma carnificina entre quem quer comer doce e quem vai pra se embriagar. Na Avenida Atlântica, um ponto qualquer entre o continente americano e a Atlântida, ele segue imberbe e prosaico. Se algum artista o visse, teria feito um mosaico. Senão, no mundaréu de emoções que despejam dos andares dos apartamentos, um grilhão irá correr corredores a penar seus penares passados e presentes, mesmo que estejam ausentes.
-- Cansei de prever o futuro soturno ou não. Taciturno ou não. De antemão só prevejo agora a certeza de que não há o que se antever.
Cesário, no calvário do mundo, consternado e prostrado entre a China e a Palestina, caminha nas suas agruras pelas pedras portuguesas que cobrem o chão. Mas sabe, agora, que não precisará fazer contas efêmeras e detratoras feito tratores a romper sangrias de um coração maluco, mameluco quiçá. A luta, no perjúrio de tanto ter feito e pensado entre loucuras, amores e ascos, viraram sacos de lixo no luxo de quem pode comer feijão e arroz. Aliás, é hora de parar de escrever. É momento de beber até o cu fazer bico, chorar de alegria/alívio, achar que vale a pena ainda viver.

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