terça-feira, 17 de junho de 2025

O elegante Benny Goodman *

Por Edmilson Siqueira



 
"Stompin’ At The Savoy" é mais do que apenas uma coletânea de faixas dançantes e sofisticadas do “Rei do Swing”, o grande Benny Goodman. Trata-se de um retrato sonoro de uma era em que o jazz, na sua forma mais acessível e popular, encantava multidões em salões de baile e ondas de rádio. Benny Goodman, clarinetista virtuoso e figura central do swing, mostra nesse disco a energia vibrante dos anos 1930 e 1940, enquanto reforça sua relevância musical .
Para compreender "Stompin’ At The Savoy", lançado em 1956, é essencial entender o papel de Benny Goodman no panorama do jazz norte-americano. Nascido em Chicago em 1909, filho de imigrantes judeus, Goodman cresceu em meio à efervescente cena musical da cidade, tocando em bandas desde muito jovem. Ao longo da década de 1930, tornou-se líder de orquestra e pioneiro ao introduzir o swing como uma força cultural nacional nos Estados Unidos. Em 1935, seu concerto no Palomar Ballroom, em Los Angeles, é frequentemente citado como o momento inaugural da era do swing.
Não é pouco um músico ser citado como quem inaugurou uma nova era dentro de um gênero musical. O Savoy Ballroom, citado no título da faixa principal e do disco, era um dos clubes de dança mais lendários do Harlem, em Nova York. Inaugurado em 1926, o Savoy foi um dos poucos clubes racialmente integrados nos Estados Unidos, onde brancos e negros podiam dançar lado a lado. Era um símbolo da vitalidade do jazz como forma de expressão e de resistência cultural.
"Stompin’ At The Savoy", foi lançado pela RCA Victor, e é uma compilação que reúne gravações feitas por Benny Goodman em momentos distintos de sua carreira. A faixa-título, composta por Edgar Sampson, Chick Webb, Benny Goodman e Andy Razaf, tornou-se um clássico absoluto do repertório swing. A versão de Goodman, com sua combinação impecável de arranjo e improvisação, tornou-se uma das interpretações mais celebradas da música.
Ao longo do álbum, destaca-se a elegância da orquestra de Goodman, marcada por seções de metais precisas, riffs vigorosos e solos memoráveis. Mais do que técnica, o disco transmite uma alegria contagiante — a marca registrada do swing.
Um dos destaques do disco é a interação entre Goodman e seus músicos, pianistas, bateristas e trompetistas. A precisão da orquestração, aliada à liberdade dos solos, cria um equilíbrio entre ordem e espontaneidade, fundamental para o sucesso do swing como gênero.
Benny Goodman não era apenas um músico brilhante — ele foi também um dos primeiros líderes de orquestra brancos a integrar músicos negros em sua banda em uma época de forte segregação racial nos Estados Unidos. Artistas como Teddy Wilson (piano), Lionel Hampton (vibrafone) e Charlie Christian (guitarra elétrica) fizeram parte de sua formação, rompendo barreiras e ajudando a elevar o jazz a novos patamares técnicos e artísticos.



Embora "Stompin’ At The Savoy" não seja uma gravação ao vivo no próprio Savoy Ballroom, a música capturada ali remete diretamente à atmosfera do local: um lugar de liberdade, movimento e inovação. A faixa-título em particular, com sua introdução cadenciada e construção rítmica hipnotizante, é um convite para reviver a era dourada do jazz dançante.
O disco que tenho faz parte da coleção "A Jazz Hour With..." e, embora não seja o mais conhecido da vasta discografia de Benny Goodman, serve como excelente introdução para novos ouvintes e como uma espécie de cápsula do tempo para que já o conhece. O disco demonstra por que Goodman foi chamado de “Rei do Swing”, não apenas por seu virtuosismo no clarinete, mas também por sua liderança musical e sensibilidade artística.
"Stompin’ At The Savoy" mostra também a relevância contínua da linguagem do swing. Mesmo em meio ao surgimento do bebop e de outras correntes mais modernas do jazz, o trabalho de Goodman manteve-se atual por sua elegância, clareza melódica e poder rítmico. A música do disco não é apenas um eco do passado — é uma afirmação da vitalidade permanente do jazz como forma de arte viva.
Segundo críticos norte-americanos, o disco é mais do que uma coletânea de músicas antigas. "É um documento histórico e artístico que captura a essência de uma era em que o jazz era a trilha sonora de uma nação em movimento. É uma viagem ao coração do swing, com paradas em salões de dança, palcos lendários e momentos inesquecíveis da história musical americana."
O disco pode ser adquirido nos bons sites do ramo e toda discografia do Benny Goodman pode ser ouvida em sua página oficial: https://www.bennygoodman.com/ .
 
*A pesquisa para este artigo foi auxiliada pela IA do ChatGPT.

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