Hoje (ontem para os muitos
sonolentos sedentos de cama) foi dia de São João? Bem provavelmente foi. Portanto,
uma cerveja de rapadura após tantas transgênicas nada melhor. Em flor, a frágil
e frígida dor parece sumir. Talvez um destempero que só o melhor tempero faz
surgir num urgir de pouca lucidez e tanta ignóbil rigidez de emoções. Quem sabe
um forró de pé de serra, mesmo sabendo que a serra foi serrilhada do mapa.
Talvez uma sanfona em desarmonia com a vida, a tocar um baião de saudades mil.
Uma certa incerteza cândida e fragilizada como a flor no cabelo da morena que
se banha no rio seco que no passado levou o avô que só queria um carneiro para
comemorar seu amor de décadas atrás.
Hoje, na oração que junta
coração e canção de ver alguém que nunca foi humanamente ninguém, vou cantar o
futuro que o tempo não tempera com pimenta e nem lamenta ter deixado partir.
Talvez um cavalo desembestado a correr nos pastos cheios de fuligem de um fogo
que veio para fazer a vida renascer. Senão, um senão entre o que existe e
aquilo que nunca existirá. Talvez um roçado verde e cheio de comer para o gado,
um cemitério vazio de anjinhos carregados feito fardo que pesa mais do que a
vida possa prever. No antever de algo que volatiliza como fosse apenas um pelo
a mais naquilo que pode se lamber. No sorver do futuro, o útero de uma vida que
ainda acreditamos poder viver e acreditar.
Somos seres eólicos e alcoólicos. Tragicômicos e icônicos, restos de
esperanças e vestimentas que trajamos para não andarmos nus como rei de fábula
nenhuma. Daqui, apenas espero juntar saudade e algo a ser para um momento onde
sanfona e folia estejam além da saudade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário