Por Ronaldo Faria
Respire fundo e afunde em si
mesmo, a esmo. Ensimesmado, sinta-se abençoado pelos orixás ou deuses em que
possa acreditar. Se não tiver a nenhum deles, não importa. Cerre o ferrolho da
porta e ponteie na viola de sete cordas aquilo que quiser. Certamente, São Gonçalo
irá te dar guarida mais premida e contigo proseará. Da janela logo perto talvez
a louca desde nascida gritará. Não ligue, a lua maior há de trazer um acordeom
que soprará sons e tons num desabrochar de léguas de mato verde ou rio cheio a
transbordar de vidas e peixes. Tanto faz. Deixe fluir o que melhor lhe apraz. No
fim, lá no fundinho ademais, surgirá algo próximo da paz. Na mais loquaz
sublimação.
Se puder, para não perder a razão,
olhe para o chão que te sustenta. Na intenção dessa peleja, um corpo que emerge
também logo arqueja. Sem soberba, aceite que salada tem que ser com azeite. No
universo do verso derradeiro, o importante é ser meeiro de um pedaço de página
qualquer. Como pudesse ter nas mãos um ínfimo espaço de mulher. E entendesse da
geração de outra vida, mesmo que premida. Pense, por fim, mesmo que no fim, a
esmo, de que nada haverá no depois. Deponha no júri de si e sentencie o réu a vestir
um véu que a tudo esconde e nada deixa mostrar. E se, lá no fim, denotar que há
algum lugar a chegar, se achegue e se aninhe. A vida, cansada, agradecerá.
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