quinta-feira, 29 de agosto de 2024

Lembranças... ao som do passado.

 Por Ronaldo Faria


Lembranças anchas feitas em mil ancas, trovoadas em trovas desvirginadas nas nuvens tantas. De tempos atrás, onde se discutia se a carta ia atrasar ou chegar. Se a ficha cairia antes da chamada completar. Se o ônibus, que dormia cedo, só iria passar quando a madrugada reluzisse de fato. Perdeu o último, o banco da praça era o lugar.
Lembranças tantas em tetas que invadem até hoje uma boca com gosto de gim e pinga. Mulheres alhures que dobram seus cabos em boas e raras esperanças, no corpo do poeta que sente dores e revê em odores lajeiros que afloram em rochas. Nas músicas e madrugadas, poesia revivida e afinidades que remetem a mil e um tantos lugares.
Lembranças de bares noturnos onde notívagos taciturnos se largavam para a vida levar entre copos de cerveja, doses e, quiçá, uma cópula com o amor a se viver. Trejeitos refeitos de toques emblemáticos, vozes vorazes a digladiar a tênue divisão entre a vida e a morte. Mas, nalgum lugar obuses mataram a fragrância que a madrugada louca exalava.
Lembranças de um acordar no escuro e clarear entre dentes e línguas a mais dormente e profunda paixão que a rotunda de um teatro nunca fez drama ou comédia, na mais comedida e desmedida incerteza da felicidade. E viajar em reentrâncias, distâncias, nuances e sons que ficaram, cenas que se eternizaram, volúpias à mostra do que foi e eternizará.
 
Lembranças, tantas
Catanças e dramas
Palavras, poesias atadas
Larvas besuntadas
Futuras dores tragadas
Nelas mesmas, nada
Talvez a chama que arde
Uma amarga saudade...

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