Por Ronaldo Faria
Lembranças anchas feitas em
mil ancas, trovoadas em trovas desvirginadas nas nuvens tantas. De tempos
atrás, onde se discutia se a carta ia atrasar ou chegar. Se a ficha cairia antes
da chamada completar. Se o ônibus, que dormia cedo, só iria passar quando a madrugada
reluzisse de fato. Perdeu o último, o banco da praça era o lugar.
Lembranças tantas em tetas que
invadem até hoje uma boca com gosto de gim e pinga. Mulheres alhures que dobram
seus cabos em boas e raras esperanças, no corpo do poeta que sente dores e revê
em odores lajeiros que afloram em rochas. Nas músicas e madrugadas, poesia
revivida e afinidades que remetem a mil e um tantos lugares.
Lembranças de bares noturnos
onde notívagos taciturnos se largavam para a vida levar entre copos de cerveja,
doses e, quiçá, uma cópula com o amor a se viver. Trejeitos refeitos de toques
emblemáticos, vozes vorazes a digladiar a tênue divisão entre a vida e a morte.
Mas, nalgum lugar obuses mataram a fragrância que a madrugada louca exalava.
Lembranças de um acordar no
escuro e clarear entre dentes e línguas a mais dormente e profunda paixão que a
rotunda de um teatro nunca fez drama ou comédia, na mais comedida e desmedida
incerteza da felicidade. E viajar em reentrâncias, distâncias, nuances e sons
que ficaram, cenas que se eternizaram, volúpias à mostra do que foi e eternizará.
Catanças e dramas
Palavras, poesias atadas
Larvas besuntadas
Futuras dores tragadas
Nelas mesmas, nada
Talvez a chama que arde
Uma amarga saudade...
Nenhum comentário:
Postar um comentário