-- Felizardo, você é bacharel
em quê?
-- Comunicação.
-- E pra isso precisa ser formado? Não basta estar antenado?
-- Pode ser, nunca havia pensado nisso.
-- Comunicar até o paraíba (não há aqui, como filho de nordestinos, nenhum demérito) de porta de loja faz.
-- Tem razão. Não tinha pensado nisso. E agora, com a tal de internet, todos são comunicólogos. Ou seja, fiz faculdade nada por nada e me fodi.
-- Carmelo, você é formado em
quê?
-- Filosofia.
-- E isso serve hoje pra quê?
-- Para questionar razão, ideologia e até a fumaça de um beck.
-- Mas para se ficar doidão não basta puxar, segurar o máximo e soltar?
-- Mais ou menos. Ou sim. Tem razão. Doidão é meio filosofia...
-- Luzia, luz da minha vida,
você é o que na vida?
-- Sexóloga e influencer digital e coisa e tal.
-- Mas para se fazer sexo não basta se querer e pra influenciar não ter que algo dizer?
-- Acho que sim.
-- E sexo não é além da tela? É pele com pele na peleja. E influência não é fluência na essência daquilo que se faz?
-- Sei lá. Você quer foder com o meu ganha-pão?
-- Não. Só entender.
-- Gastão, o que você faz da
sua vida?
-- Vivo.
-- Só isso: gasta seu tempo assim?
-- Acho que sim. Vivo num ritmo próprio e abstrato. Me trato e me destrato. Nasço e morro hoje e antes. Sou tragicomédia e teatro. Íntegro no corpo que integro e envelhece em intempérie nos pés que ressurgem descalços em tamancos.
-- E os mil solavancos que a realidade dá, como tratar?
-- Nesses eu nem quero poder pensar. Já que não posso mudá-los, que se fodam em fornalhas benfazejas e sonantes. E queimem rápidas em pães sovados e constantes.
-- Kátia, onde você cata as
suas premeditadas nuances em tantas vidas tântricas?
-- Nunca pensei. Talvez eu tive medo antecipado por todos meus dias. Empedernidos e vívidos em loucuras vividas e sufocantes. No meio de uma mata claustrofóbica feito manta de samba.
-- Eólica que a vida é, já que se perde em ventos nos invólucros dos solilóquios de cada um de nós, não te basta parar na chuva fina e madrigal que cai nos ínfimos grãos de areia que a onda rola de repente?
-- Para, não vou responder. Um livro que divulguei à mulher que passava já valeu a beleza da vida...
-- Concordo, como amante, poeta e investigador da dor que a saudade nos traz. Afinal, sumir de tudo que se tem no mundo que essa tal de internet criou, tem que ser motivo de virar madrugada no lugar que o Tom fez surgir em consolo.
Que terno seria ser apenas um
pouquinho filho da puta, como diria Itamar Assumpção. Ao menos teria em mim a
minha última unção.
-- Comunicação.
-- E pra isso precisa ser formado? Não basta estar antenado?
-- Pode ser, nunca havia pensado nisso.
-- Comunicar até o paraíba (não há aqui, como filho de nordestinos, nenhum demérito) de porta de loja faz.
-- Tem razão. Não tinha pensado nisso. E agora, com a tal de internet, todos são comunicólogos. Ou seja, fiz faculdade nada por nada e me fodi.
II
-- Filosofia.
-- E isso serve hoje pra quê?
-- Para questionar razão, ideologia e até a fumaça de um beck.
-- Mas para se ficar doidão não basta puxar, segurar o máximo e soltar?
-- Mais ou menos. Ou sim. Tem razão. Doidão é meio filosofia...
III
-- Sexóloga e influencer digital e coisa e tal.
-- Mas para se fazer sexo não basta se querer e pra influenciar não ter que algo dizer?
-- Acho que sim.
-- E sexo não é além da tela? É pele com pele na peleja. E influência não é fluência na essência daquilo que se faz?
-- Sei lá. Você quer foder com o meu ganha-pão?
-- Não. Só entender.
IV
-- Vivo.
-- Só isso: gasta seu tempo assim?
-- Acho que sim. Vivo num ritmo próprio e abstrato. Me trato e me destrato. Nasço e morro hoje e antes. Sou tragicomédia e teatro. Íntegro no corpo que integro e envelhece em intempérie nos pés que ressurgem descalços em tamancos.
-- E os mil solavancos que a realidade dá, como tratar?
-- Nesses eu nem quero poder pensar. Já que não posso mudá-los, que se fodam em fornalhas benfazejas e sonantes. E queimem rápidas em pães sovados e constantes.
V
-- Nunca pensei. Talvez eu tive medo antecipado por todos meus dias. Empedernidos e vívidos em loucuras vividas e sufocantes. No meio de uma mata claustrofóbica feito manta de samba.
-- Eólica que a vida é, já que se perde em ventos nos invólucros dos solilóquios de cada um de nós, não te basta parar na chuva fina e madrigal que cai nos ínfimos grãos de areia que a onda rola de repente?
-- Para, não vou responder. Um livro que divulguei à mulher que passava já valeu a beleza da vida...
-- Concordo, como amante, poeta e investigador da dor que a saudade nos traz. Afinal, sumir de tudo que se tem no mundo que essa tal de internet criou, tem que ser motivo de virar madrugada no lugar que o Tom fez surgir em consolo.
VI

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