Remexendo a coleção de CDs, encontrei esse Pagode Jazz Sardinha's Club, lançado em 1990. Fazia empo que não ouvia e foi um prazer botar o disquinho pra girar e ser iluminado pelo feixe de laser que, num desses milagres da tecnologia, retira daquela superfície o som que foi gravado num estúdio e bota nas caixas no volume que a gente quiser. Parece coisa simples, mas o que tem de noites em claro de cientistas para conseguir esse feito, não é pouco, não. Entre o início dos estudos e o lançamento do primeiro CD se passaram oito anos.
Mas, tecnologia à parte, vamos falar do disco do Sardinha's. É um grupo carioca que, assumidamente, faz samba-jazz. Como é carioca, nada a estranhar a homenagem à "sardinha", um ótimo tira-gosto que, neste escrevinhador, provoca uma saudade danada de um chope gelado num bar do Leblon.
O disco é o segundo do grupo, que, apesar de ser mais instrumental, trata-se de um “jazz club” e só os que conhecem muito de música se atrevem a chamar o que fazem também de jazz.
O disco apresenta, logo de cara, um samba no melhor estilo gafieira – Chave de Cadeia – e dá bem ideia do que pode o grupo. Savana que vem depois segue o estilo e mantém a qualidade. Na terceira faixa, a presença de Zeca Pagodinho, numa das duas únicas faixas com letra (a outra é um pot-pourri com sambas de roda) é um atestado de que o pessoal está bem acompanhado. O samba que leva o nome do CD tem uma letra que foge até ao estilo de Zeca, mas é o retrato do que o Sardinha’s pretende ser: uma colcha de retalhos de influências, sem preconceito e preocupado apenas em fazer boa música. Samba Castiço, quarta música, é puro samba carioca com ares de regionalidade dados pelo solo de bandolim, mas sem perder o suingue que seu andamento proporciona.
Várias das músicas do disco estão disponíveis no YouTube e o CD ainda está à venda nos bons sites do ramo.