Por Ronaldo Faria
Elucubrações mil num céu que há muito deixou de ser azul ou anil. No
perpétuo pensar, o novo luar. Um lumiar que a noite faz pernoite. No aconchego
final, a luta entre a embriaguez e o mal. A certeza de que a incerteza far-se-á
frugal quando o tempo se for. E ele sempre se vai e se esvai. Brinca de
eternidade quem crê que a crença poderá permear a vida da morte à sorte de cada
um.
Marcelo Maldonado Peixoto, o D2. Quem saberá o nome real? Saber-se-á. Será que vale saber E foda-se aquilo que não é rima! Na cisma da cidade que une beleza e escória, a história vitrifica a retórica que chega nos sons milenares que o coração brinca de florear para Poliana ficar de boa. Mas nem tudo que entoa é a realidade que o gueto traz em verborragia. Afinal, ele não traz à cor negra ou preta as ruelas das favelas, as coisas comuns de comunidades. Na correção da insônia que a isonomia da vida faz destrato no trato que a madrugada traz, seja chegada a malandragem que a zona norte dá.
O beijo da mulher que se
aninha sobremaneira no abraço que parece o sargaço que cola no barco esquecido
no porto destruído para nunca vir a ser. No cerzir que junta saudades e nunca
existir, a loucura da benfazeja chegança num rolê. E vamos no sapatinho que o
ardil do próximo minuto faz a troca da grana e do pó na esquina que se eterniza
na sina que ninguém fará parar. Loas aos incrédulos que creem nas cédulas a
remissão final. Rima surgida na mijada largada num banheiro aberto em duas
opções.
Nos pesadelos que surgem
loucos e tresloucados no submundo que é estar vivo, os versos vazam em sons que
os ouvidos ainda ouvem. Nos olhos que já não sabem mesmo que veículos chegam de
um lugar perto, o acerto do certo que, tão presto, nem parece estar no verso
que, transverso, vira rima para uma conexão entre o morro e o asfalto. No desabafo
que ainda bem nas letras enviadas não têm cheiro, surge o esmero que a vida
arrestada não traz sobremaneira na rima do apito que ainda soa fatal.
Tivesse sobrevivido à sogra filha da ... que queria a filha casada com herdeiro de uma fábrica de guarda-chuvas, teria vivido uma vida de maior sorte? Nas esquinas sangradas das zonas sul e norte, no subúrbio banal de algo sempre animal, o menino se jogou no jogral. Vale o que for. Na época do telefone que pedia sinal para ser real, das cartas cravavam o tempo das emoções, a incerta certeza que poucos sabem o que ser. No dedilhar do agora, incrédulo e crédulo, o mundo que não disseram antes que um dia viria.
(Para o Marcelo D2)
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