segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Um Céu de música

 Por Ronaldo Faria

Conheci o Céu da Boca ainda na PUC do Rio. O grupo foi formado em 1979. Na sua composição inicial, Paula MorelenbaumMaucha AdnetMárcia RuizVerônica SabinoRosa LoboPaulo MalaguttiPaulo BrandãoChico AdnetRonald Valle e Dalmo Medeiros. O Malagutti, o Paulinho Pauleira, estudava na minha turma de Comunicação. Entramos em 1978 na PUC. Ele na época estava também, como a quase totalidade do Céu da Boca, na ProArte, no Rio. Depois de dois anos de faculdade, desistiu do Jornalismo e foi se jogar de cabeça na música, onde criou o Arranco de Varsóvia e agora é integrante do MPB4. Enfim, curti o grupo no Teatro Ipanema inicialmente e vi, em 1981, eles lançarem o CD homônimo. Depois, em 1982, lançariam o Baratotal. E daí cada um seguiu seu rumo. Aliás, onde só existia a nata emergente da MPB, todos voaram alto. Tanto que nos anos de 1981 e 1983 o Céu da Boca ganhou o prêmio de Melhor Grupo Vocal, conferido pela Associação de Críticos de São Paulo.

No primeiro disco eles traziam Assis Valente (Uva de Caminhão), Zé Rocha (Bumba Meu Boi da Boa Hora), Alberto Rosenblit/Luiz Fernando Gonçalves (Luciana), Luiz Eça (Melancolia), Aylton Escobar (Sabiá, Coração de Uma Viola), Ernesto Nazareth (Odeon), Armandinho/Moraes Moreira (Davilicença) e Eduardo Dusek (Injuriado), além de composições próprias de Paulinho Pauleira (Clarissa) e Dalmo Medeiros (Trindade, Arado e Araguaia, esta última em parceria com João Fernando Vianna).

Acho que o Céu da Boca foi aquele antagonismo musical e emocional: te faz explodir de emoções e sinergia enquanto existe e te cobre de musicalidade e genialidade quando termina. Afinal, como não amar o trabalho posterior de cada um deles? Falarei em futuros posts ainda sobre alguns dos membros do grupo de quem virei tiete e fã incondicional. Mas este disco – Céu da Boca - é um interminável ouvir de belas canções, interpretações incríveis, sonoridade plena. Para mim, rola sempre quando quero relembrar meus tempos de carioca e, mais do que isso, saber que vi o surgimento de tantos artistas fantásticos num lugar só. Tipo o Asdrúbal Trouxe o Trombone, que aliás tem um disco também incrível do qual falarei.

O Céu da Boca de certa forma contrastou com grupos vocais à época que incluíam ou só homens ou só mulheres. Eles misturaram tudo na dose certa e mostraram que vozes masculinas e femininas se completam e se locupletam na medida exata quando há sonoridade e qualidade implícitas no todo. E esse disco e o Baratotal são a prova máxima disso. Eu se fosse você nunca deixaria de ouvi-lo. O link para ele é o https://www.youtube.com/watch?v=jnVun5qNCe4

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