Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
O poeta manda a mulher esquecer
seus cotovelos, que devem estar prostrados (creio) sobre a mesa. Na luminária
que brinca de sombrear retinas, rotundos e redondos homens a desejam, mas têm
medo de decifrar seus medos diante dos seios que sobressaem do vestido
vermelho, revestido de tafetá. Era para ser uma noite a mais, dessas que
bronzeiam o sol de tanto luar e torneiam corpos despojados e despejados nas
camas traquitanas e infinitas. Nos sonhos hediondos e irrisórios não há lugar
para tardes vazias ou poesias. Talvez um navio perdido no mar que seca a cada
paixão. Senão, a mágica farsa de sobrevoar o deserto de cada ilusão. Antropofagia
diária rumo à morte que fica mais perto a cada minuto diminuto no cuco que há
muito deixou de cantar ou contar novas e priscas eras. Na mesa, um manjar
quieto e quente a derreter vira sobremesa nenhuma. No espanto de quem se
esconde em cada canto ou pranto, a noite fria se esparrama na fórmica da
cozinha. Na gélida saudade forjada em feridas, a certeza incerta de que muito
há que chegar para depois se perder. Sob a volúpia da bebida mais barata para
sobreviver no mês que se fará seguinte na sequência entre a fuga e a demência,
o poeta perpetua sua presença, furtiva de si e amiga maior. Em tom de dó, mas
sem dó daquilo que se foi, o cantor traça o andor sobrevivente e vivente da
própria desgraça pouca. Rouca, a voz interior vocifera. Feito rima, a sentença brinca
de ser eterna. Mas falta a perna que se alisa e se aperta quando quilômetros
correm rumo ao prazer.
-- Senhor que inexiste, esteja
em riste na porta do paraíso para conter o encontro do homem e da filha/cadela
antes de, juntos, se unirem em cinzas. Conto com esse mistério etéreo para que
a treta que hoje existe frutifique.
Por Ronaldo Faria
Desatino entre os amantes deixa
o contrabaixo solitário a tocar. Nas mesas ao redor, na rotativa retórica da
vida, um astrolábio ou uma bússola teriam enlouquecido no frenesi sem cessar. Talvez
o revés que há na contradição do amor e da dor, uma gargalhada hilária que
sobrevive plúmbea na efêmera felicidade que, já dizia o poeta, é uma pluma. Senão,
a rotina hedionda que faz dois corpos viverem ao longe, entre cópulas
postergadas e copos vazios. Na ânsia demasiada da fala que cala, o sorver de trôpegos
beijos, benfazejos, quiçá. O tocar de peles, no alisar da penugem que se agarra
entre o limiar e o prazer. A discrepante nostalgia tardia que existe quando o
sonho de juntar é somente um inseto a brincar na semente que brota. E ele sabe,
no seu voar desandado e desvairado, irá morrer antes mesmo da flor brotar. O
fruto, este perecerá sem o gosto que a língua molhada traz e refaz a cada
beijo. Mas, no desatino cretino que traz o choro para regar de lágrimas a
despedida nunca finda, o poema se renova e dá sombra àquele que, na ilusão
derradeira e fagueira, ainda crê que viver requer ser feliz. Na esquina
escondida pela luz queimada do poste, uma prostituta acena de volta...
III
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Descobri agora (em 11/10/2023) que o Carnaval já passou. Logo, minha dica ficou velha, mas vale para os próximos dias loucos e de músicas mil. Se não quiserem quebrar copos de estimação, bebam direto da lata. Eu aprendi hoje, tarde. Mas nunca parece tarde para se aprender se eu ainda estiver por aqui....
Por Ronaldo Faria
Com espaços mil para cair, a mariposa resolveu se matar
num copo de mexeriquinha. É muita sacanagem...
https://www.youtube.com/watch?v=mxGe-bH3ldw
Por Ronaldo Faria
Frases ditas e desditas, reconsideradas e caladas, em gritos passadas, embriagadas ou aflitas, tanto faz. Quem tem algo a dizer? Segundos são o melhor momento de devanear? No insano porvir do que nunca irá vir, a incerteza de ter feito o certo, se certo há no milagre da vida. E como nunca nada irá se ajeitar, que o tempo de cada um sobreviva ao seu etéreo e cansado lugar. Daqui, trôpego e louco, passo da eternidade ao lugar nunca agora... E que esse espaço seja logo ali, no nunca inexistente alvorecer.
Por Ronaldo Faria
Se ninguém vai ler, para que escrever? Saberemos lá...
Saber-se-á.
(No som da Cambada Mineira)
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria
Por Ronaldo Faria - Você só pode estar de sacanagem querendo que eu vá ao enterro da Jacinta. Sinto muito, mas eu é que não vou! - Mas, C...