Por Ronaldo Faria
Senhor desses que a vida mostra que pouco falta, Gumercindo, comerciante anunciante do próprio eufemismo, proseia consigo mesmo, a esmo, a trilhar a trilha que o destino aproximou, feito um louco em desatino. “E se eu tivesse feito diferente? Se a minha única frase não tivesse sido dita como foi? A minha vaca teria dado cria do boi do Alcindo?”. E lá ia ele, rumo ao matadouro que uma mesa com pinga traz, ver o que o tempo, esse carrasco do vento que nunca virá, poderá lhe trazer na tragédia finda que lhe ronda o lugar.
Para Eulália, não havia diferença entre feijão e tremoço. O que descesse à garganta chegaria aonde tinha que estar. Na crença de que a ausência era a presença altaneira, se via brejeira a vestir vestido de chita e flores coloridas a untarem a veste que escondia seu desejar. No lugar, o cheiro de querosene, solene e perene, iluminava a alva áurea que fingia se achegar. No céu, como um escarcéu de nuvens e estelas, morcegos e corujas dividiam o que, para um poeta, seria a certeza de que o criador de tudo esqueceu de trazer a transcendência do breu.