Por Edmilson Siqueira
terça-feira, 11 de março de 2025
Um quarteto que é uma referência do jazz
segunda-feira, 10 de março de 2025
Com o Tim Bernardes
Por Ronaldo Faria
No alvitre que o absurdo dá, passos desnaturados e destratados pelo ademais. Sem mais, ou menos, no ameno tempo que lá fora faz, versejemos os toscos e limítrofes momentos entre a felicidade e o compasso que mede nada a lugar nenhum. Na trena de milímetros, a trama do drama viciado em querer trepar na cama, a dois. No casuísmo que a vida fantasia, cores de amanhecer e anoitecer, todas misturadas e malfadadas na inóspita revelia. A se revelar, a certeza de que o silêncio reverbera na gérbera que cresce no quintal calcinado de dor.
sábado, 8 de março de 2025
Bastião
Por Ronaldo Faria
Na lonjura que os olhos dão a cada um de nós, nós de marinheiro para que se desatem dores que impedem flores de brotar na terra esturricada que o sol faz desabrochar.
Bastião, diminutivo de Sebastião, homem trôpego e troncho, trumbicado e andrajo, leva a boiada magra na estrada. A ele, a elegia de seguir a poeira da derradeira folia.
No estupor da finitude, entre a latitude e a longitudinal realidade, parelhas de bois em seus carros de madeira que rangem sons de saudade dão o tom voraz da imensidão.
Bastião, plausível a quem crer que a fé não falhará, pisa firme nos pedregulhos pontiagudos que separam o sertão do mar. No suor que desce, a prece ecoa a toa à chuva que cai.
Na devassa e cândida razão daqueles que se deitam para juntar corpos em cópulas e gozos, o infiel fel que a abelha não traz nas pernas para entregar o mel da sua única vez.
Bastião, plenipotenciário do anuário há muito já escrito e descrito, se desmancha na canja que Eufrásio dá no violão de catorze cordas, se é que tal instrumento possa existir.
Na madrugada devassada e transformada em fim de dor, o brilho que perpassa a luz da lua e bate no vidro sujo mostra, brilhante, que o ausente pode estar presente a sumir.
quinta-feira, 6 de março de 2025
O poeta profeta
Por Ronaldo Faria
terça-feira, 4 de março de 2025
Anjos em queda
Por Ronaldo Faria
-- Com certeza. Eles são os anjos que, ao cobiçarem um poder que está acima daquilo que podem ter se entregam às trevas e ao pecado. Por isso mesmo são expulsos do Paraíso.
-- E o que acontece com eles?
-- Sei lá. Estou longe de ser um anjo. E nem nasci para sê-lo. Vivo em total desmazelo. Não me cabe profetizar sobre anjos. Talvez, quem sabe, falar de demônios. Esses atônitos seres que vivem aos prazeres carnais e fatais.
João e José, debruçados sobre a vida e a mesa de um bar, falavam de Antenor, amigo querido que deu adeus à vida há centenas e centelhas de dias antes.
-- Você acha que o Antenor foi pro céu?
-- O que é o céu?
-- Não sei dizer direito. Mas acho que deve ser algo bom. Desses lugares que vale a pena estar. Como aqui. Eu enxergo o céu como uma grande e fraterna mesa de bar. Onde pecadores, querubins, santos e nós possamos nos reunir e contar todas as mazelas e quimeras vividas. E entre um gole e outro nos entregamos à derradeira luxúria, sem tristezas ou lamúria.
-- Até que seria bom se fosse assim.
-- Mas deve ser. Ou esperemos que o seja. Afinal, há que se pensar o melhor para, quando encontrarmos a foice do fim, sabermos que nem tudo foi tão ruim.
-- Bem pensado.
-- Mas esqueçamos da morte e pensemos na vida. Amanhã, tal que foi hoje, será outro dia. Aves acordarão logo cedo para cantar ou piar, gente estará nas conduções lotadas para enfrentar duras horas de trabalho, mais bebês explodirão ao primeiro suspiro e outros tantos seres se perderão ao derradeiro respiro. Enfim, a roda da vida a seguir o rumo no seu prumo, desde que o mundo é mundo.
-- É verdade. Um brinde, portanto, à vida!
-- Um brinde!
-- Que o próximo minuto seja o início contínuo de tantos outros muitos e os vários outros tantos muitos.
Numa casa próxima soa Tocata e Fuga em Ré Menor, BWV 565. Johan Sebastian Bach, do alto da eternidade, além de onde podemos crer ou imaginar, rege o órgão missal e um cravo. Logo mais o sol virá aplaudir a música das nuvens e, a se espreguiçar, verá que bonança chegará.
domingo, 2 de março de 2025
Stacey Kent já era ótima em 1998
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025
Rapidinha
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025
Surgiu em Fagner...
Por Ronaldo Faria
-- Caralho, Jerônimo, que baita frase fodida!
-- Você achou? Saiu assim, de repente, sem dó. Dessas frases que emergem e surgem sem a gente saber e sequer possam existir.
-- Mas saiu bem. A velhice traz e traduz um monte de coisas que antes seriam só um credo e a inexistente cruz.
-- Acho que vou parar. Está difícil sair algo agora pra fora...
-- Sério? Acho que os seus neurônios estão vivendo em homônimos pensamentos que vez ou outra se vestem de roupa de poesia e voltam depois, no dia seguinte, em azia.
-- Concordo. Nem lembro mais do nome da única musa que guardo na edição da Playboy.
-- Aí fodeu geral. Será que ela ainda mora no Brasil ou correu pra Lisboa?
-- Sei lá. Nem mel consumo mais. As abelhas hoje morrem em nome do agro, que é pop.
-- Que bosta! A Terra está a descobrir seu fim entregue a uns seres que esqueceram ser ela o único lar.
-- Verdade. É muita maldade descobrir que milhões de anos sucumbirão à meia dúzia de seres que têm trilhões de moedas e deixaram tudo desmilinguir e faltar.
-- Vamos beber, pois. Se o próximo dia vai ser bosta, que o rebosteio seja total. De meia boca basta a boca que nem meia presença de beijo e lábio se faz.
-- É verdade. Como dizia o poeta, o cabra pode ser valente, mas na lembrança de um beijo chorar.
-- Choremos, pois. À luz dos pedintes de amor e paixão, nos façamos inócuos tatus que descobrem que na cidade grande em concreto existe um buraco no metrô.
-- Nas asas das brancas pombas que voam no sertão, o derradeiro coração que bate saudoso de antemão. E que possamos um dia voltar à ilusão que permeia poesia e mansidão.
terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Tony Bennett e Lady Gaga, um show
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025
Saudades promíscuas em tesão
Por Ronaldo Faria
Saudade, essa palavra mais
maldade do que mera insanidade do que traz em si. E se estranha nas entranhas
seculares daquilo que gostaríamos ela o fosse, mas é apenas o que foi,
intransigente e quente, carente e gemente, em única e uníssona devassidão.
Na saudade que hoje transborda sem borda infinita, nas águas a
terminarem no jorro da mansidão, a inerente e ausente sensação. Não há muito a
fazer. No desfalecer promíscuo que não nos é dado, uma mistura de Belchior,
Fagner e fado. A foda, só no lembrar.
O acordar na noite, na verdade da madrugada
infausta e fátua, dobrar centímetros íntimos e carnais, penetrar acalantos e
carentes engenhos que dão melaço e loucura. Lamber lábios e pernas, poemas e
versos, penetrações e ilusões que permeiam carentes canções.
Saudade, essa despretensiosa e única palavra do
vocabulário errante que o ser arfante refaz em cada efeméride ciosa, é um
palavreado verborrágico e atávico de quem pensou ser feliz. Hoje, nas entranhas
estranhas de uma Tordesilhas infinda, o fim em ilhas malditas.
Na saudade que vem de cheiros, esmeros mil, o
feitiço borbulha em bolhas amarelas. Um pouco de álcool, porque sem tal
alquimia não se faz a magia. E assim e, portanto, no tanto a pode ser, o desejo
que a saudade insurja limpinha na suja e clarividente manhã.
Na manha promíscua que a saudade nos dá, possamos
enlouquecer e nas luzes de mercúrio nos darmos em dar. Certamente, na nossa
mente que não para de relembrar, a certa incerteza daquilo que foi para sempre
nos invadirá. À vida, clarividente restar...
sábado, 22 de fevereiro de 2025
Amanhã será um bode na sala
Por Ronaldo Faria
quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025
Qualquer dia a gente se vê
Por Ronaldo Faria
Com a lata d’água a derramar gotas que escorrem do metal e percorrem o asfalto frio do anoitecer geral, segue a voz de Elza Soares a soar em vendaval. Na casa de madame, outra preta veste um avental para saber-se tal e qual. No morro, envelopado e mágico entre pontos cardeais e mortais, voláteis e letais, corpos se entregam ao zinco que já não existe e insistem em viver na xepa da feira. Logo mais, canta, haverá Carnaval. No palco, a deusa em ébano e cores apresenta a plateia geral. Noutro lugar, gozo tardio, fastio escondido em olhares de neto e dias mortos por serem sempre iguais no igual. No desigual calendário que o mais sedentário amor traduz em flow, torpor.
Quisera, à primazia da fera que habita cada um de nós, que a quimera prevalecesse diante da inércia acidental ou ocidental. Na subida do morro, o barulho de atabaques que entoam louvores aos santos que descem dos céus para viver o sonho de verter mil pesadelos febris.
Quisera, agora no odor da arruda, ao menos encontrar o cursor que teima em invadir a segunda tela. Na feira das emoções tardias, barracas oferecem dúzias de saudades, pencas de esperanças, quilos de esperas entre danças e contradanças que nunca voltarão a existir.
Quisera, grandiloquente e temente da poesia seguinte, que o batuque envolvente e quente daqueles que se embriagam a ver o rebolado da passista como única verdade. Mas o tempo é extemporâneo e final. Em cacos de vidro e goles de baba, bebe-se a frágil maresia corporal.
terça-feira, 18 de fevereiro de 2025
Zonzo nas vozes femininas
Por Ronaldo Faria
-- Não será essa droga de bílis de boi que está interferindo nessa letargia?
-- Sei lá. Pode ser. Também, diga-se de passagem, ela não serve pra nada...
Papo de boteco incerto e desconhecido, entre Antonio e Sebastião, vira quase sessão de análise ou sermão de padre que sonha com o pileque depois de dar a hóstia às carolas de altar.
-- E quando foi que você se descobriu esse zero às esquerdas?
-- Acho que quando decidi viver e não ter a vergonha de saber que não é certo sempre achar que se é feliz. Algo como a tal de Poliana da literatura a viver entre mesas de bar.
-- É, tem um pouco de razão. Como diria o poeta maior, a felicidade termina, a dor procrastina. Mas vem.
-- E quando chega é indômita e famélica, com toda a fome de prostrar corpos e copos.
-- Com certeza. Bebamos, pois!
Com a chegada nada pragmática do outono, a noite se assanha e se aporta mais cedo. E traz bêbados, trôpegos desejos, ensejos performáticos e atávicos. Trágicos, talvez. Mas, por sorte, chega um por vez. Os bêbados sentam e depois tropeçam ao sair. Os desejos se desfazem a cada passo ou saudade tardia. Os ensejos, esses ficam à espera de algum dia derrearem de vez. A tragédia é o arrolar de toda a trama. Agora, já noite, amoitada num canto de céu qualquer, a vida converge em negritude e luzes acesas de postes e faróis. Num mar distante, homens jogam ao mar da espera os seus anzóis na busca de novos sóis. Estes morrerão sós. Antonio e Sebastião, porém, semearão letras e trovas às trovoadas que chegam nos raios e corcovas de camelos da ilusão.
-- Zonzo, estou zonzo. Ando zonzo, a zonzear por aí, a descaminhar. A flutuar sem saber onde pisar. Com a bússola quebrada e o GPS sem sinal. Norte ou sul? Tanto faz. A zonzeira é que faz a rota, sob as rodas do tempo e sobre o vento. Sol ou negror lunar, o rumo é só de rumar pra nenhum lugar. A se largar... Ao lagar da vida, faço as pazes com a morte.
Nas caixas de som, a voz de mulheres que, alhures, rodam o mundo sabe-se lá para onde. Nalgum monte se amontoarão de orgia primaz.
domingo, 16 de fevereiro de 2025
Rádios do mundo
Por Edmilson Siqueira
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
Para dar um fim neste final de “bebedeira” ou bobeira
Por Ronaldo Faria
Nessa hora já foi. Já Elvis. No som, Angela RoRo. Na efeméride do fim até o começo, o tropeço. Na volátil maneira, a suculenta asneira.
Agora rola Gal que fala da palavra errada. No signo nenhum, o tal papo de otário. No lavradio do alfabeto, lugar para Paula e Bebeto.
No feto da afetuosa mandrágora que se desenha prenha, o rolar de esperas. Quimeras também fazem parte da alquimia fria e fugidia.
Zé Rodrix veio dizer que precisa de uma casa no campo. Nos trâmites do destino, somente um pássaro a acreditar que ao longe poderá ainda voar.
Lennon e McCartney revivem o mundo na voz de Milton Nascimento. O novo possível lamento far-se-á tormento no unguento do tempo fugaz.
Aos poucos a pérola negra de Luiz Melodia toma a trama de amar. No pulsar do coração em sopros, tropeçamos aqui e ainda mais acolá.
Na solidão da solicitude que a loucura dá, o girassol tem a cor dos cabelos da amada. Só para escrever o que nunca penso fiz, heterogênea viagem.
Como mestre-sala dos mares que não vejo há tempos, glória ao cantar passado que diz que não erramos em sermos autênticos e beneméritos.
Agora chega Jorge Mautner, mestre de um maracatu atômico e clarividente, temente em escrever no quadro negro que pode haver o mínimo de apego.
Pausa para repetir Mautner. Que o seu violino se volatize para a eternidade diante da maldade intrínseca e seca no ultimar do pseudopoeta eletrônico.
No amanhã, decerto, terei sofrido por ainda não ter comprado a imagem de Iansã. Quem sabe o futuro financeiro me seja altaneiro. Se não o for, a mãe há de entender.
Afinal, tudo é divino e maravilhoso. Não o fosse, Belchior não teria mentido pra nós. E há coisa melhor que beijar os lábios da amada no escuro do cinema sem ninguém nos ver?
Como nossos pais, padecidos, desaparecidos ou vivos, não há o que falar ao grande amor. Afinal, viver é melhor do que sonhar, ou é isso que Elis nos marcou à vida.
Num chão de giz, riscado sobre o asfalto molhado e negro, um pano de guardar confetes é a única verdade que a saudade nos dá e traduz a loucura emergencial.
Às tantas pretas e pretinhas que beijei na testa, minhas desculpas se elas eram brancas ou branquinhas. No meu tempo de carinho e baianos não há cor para delimitar.
E se os alquimistas realmente chegarem, como pregou Jorge Ben Jor, que a sua presença nos traga anuência na ausência que o mundo hoje faz questão de postar e proliferar.
Por fim, no bicho que o bicho de sete cabeças me fez chegar até aqui, no novo dia de nova estação, um bom dia à revelia dos pesadelos que a partir de agora surgirão.
Com os Paralamas do Sucesso e a porra de uns óculos que não dão pra ver a tela direito
Por Ronaldo Faria Óculos trocado porque o outro estava embaçado. Na caça da catraca de continuar a viver ou da contradança do crer vai ag...

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